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Sobreposição de imagens remontam memórias de Lages

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Fotos: Reprodução/ Divulgação

Já parou para pensar como a rua onde você mora era décadas atrás? Os imóveis continuam iguais? As árvores e plantas são as mesmas? Já pensou no que mudou no entorno da Catedral, uma construção icônica de Lages que está prestes a completar um século de existência?

Talvez boa parte dos leitores não lembrem (ou nem mesmo saibam) como a Rua Marechal Deodoro era antes de ser transformada em calçadão, tampouco como era a fachada do Teatro Tamoio – que hoje abriga uma igreja -, nem saibam como aconteceu a construção das margens do Rio Carahá.

Pensando em reavivar a memória histórica da cidade, um grupo de estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Unifacvest desenvolveu um trabalho de sobreposição de imagens, que mescla fotos do passado e do presente com intuito de mostrar as mudanças e particularidades de cada local.

“As pessoas lembram do passado e do lugar onde viviam, mas não costumam lembrar, nem pensar como era a arquitetura de onde moravam ou de uma praça perto de casa, por exemplo”, comenta a acadêmica Zuleide Bampi, ressaltando que as memórias, geralmente, estão mais associadas às vivências de cada indivíduo do que aos espaços que os cercam.

Nas sobreposições feitas pelos estudantes, é possível ver, além da mudança da estrutura física da cidade, as diferenças no comportamento da população, por meio de suas roupas. Nas fotos mais antigas, mulheres aparecem de vestidos e homens, em sua maioria, de calça social e camisa, um tipo de vestimenta que não é padrão na atualidade.

O trabalho, que leva o nome de “Lages: passado e presente em fotos”, foi realizado em 2017, mas voltou a pauta da turma neste semestre, quando a professora da disciplina de Patrimônio, Lilian Louise Fabre Santos, propôs que os acadêmicos levassem o conhecimento adquirido em sala de aula para fora do ambiente acadêmico.

“Esse trabalho ficou restrito ao ambiente acadêmico, e quando falamos para outros estudantes de arquitetura, estamos trocando experiência com um pessoal que conhece a história da cidade e trabalha em cima deste tema. A gente achou tão interessante este tema, que gostaríamos de romper o círculo acadêmico e levar esse trabalho para o conhecimento de mais pessoas”, comenta João Kleber Amaral, outro acadêmico envolvido no projeto.

Para ele, o resgate possibilitado com a utilização de imagens é importante para mostrar que os locais que já receberam fatos históricos relevantes, como a Rua Correia Pinto – que era trajeto das tradicionais corridas de carro, e o entorno da Catedral, que sempre recebeu celebrações públicas (sejam elas políticas, culturais, artísticas ou religiosas), continuam com características de outras décadas.

“É interessante mostrar que os fatos importantes da história da nossa cidade, ocorreram exatamente nos mesmos ambientes que a gente está acostumado a passar todos os dias, mas não fazemos essa ligação instantânea. O objetivo é mostrar que a história da cidade aconteceu e acontece nos mesmos espaços que a gente vive no nosso dia a dia”, completa.

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População auxiliará na segunda etapa do projeto

Bárbara Back, terceira acadêmica a integrar o projeto, explica que, inicialmente, foi feito um levantamento de imagens antigas, com o intuito de identificar quais poderiam ser utilizadas. Nesta primeira etapa, a equipe optou por usar imagens de pontos icônicos da região central de Lages, para facilitar o reconhecimento. “Depois que escolhemos, pegamos essas imagens e refizemos as fotos nos mesmos locais e ângulos, para mostrar como está atualmente”.

Agora, o projeto entra em uma segunda etapa, que é levar as imagens para fora da sala de aula. O primeiro passo será uma exposição dentro da própria universidade, depois, talvez, esta exposição possa ser levada para outros locais.

Como a primeira etapa do projeto contemplou basicamente a área central, na segunda parte os acadêmicos planejam remontar a história dos bairros de Lages. Para isso, contam com a ajuda da população.

Quem tiver fotos que mostrem a fachada de imóveis, ruas e outros espaços públicos, pode contatar os acadêmicos pelo e-mail lagesemimagens@gmail.com, informando telefone para contato e, se possível, enviar uma cópia da foto original (que pode ser feita com celular mesmo).

Conscientização

De acordo com a professora da disciplina de Patrimônio, Lilian Louise Fabre Santos, a proposta do trabalho desenvolvida com a sétima fase, turma da qual Zuleide, João e Bárbara fazem parte, foi de promover ações de educação patrimonial.

“Não adianta a gente debater só dentro da universidade, discutindo sobre gestão pública do patrimônio, sobre a importância de tombamentos e tudo mais, sem conscientizar e mobilizar a população”, comenta.

Segundo ela, o desafio para cada equipe desta turma foi desenvolver ações fora da universidade, com foco em fazer as pessoas refletirem sobre a memória de Lages e como a cidade está se transformando.

Além do projeto “Lages: passado e presente em fotos”, outros acadêmicos da mesma turma fizeram vídeos para divulgação em redes sociais, promoveram palestras de conscientização em escolas públicas e uma das equipes fez um trabalho específico sobre o imóvel do Colégio Industrial de Lages.

Professora Lilian com os alunos Zuleide, João e Bárbara – Foto: Núbia Garcia

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