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Sem espaço no meio rural, abelhas invadem as cidades
Enxames de abelhas estão se instalando nas cidades. O curioso é que a enxameação (reprodução) normalmente acontece na primavera. Essa seria a época adequada para a migração. Especialista explica que outros fatores estão motivando a mudança de comportamento da espécie.
O engenheiro agrônomo, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Saulo Luiz Poffo, salienta que as abelhas estão procurando lugares urbanos para se alojarem, porque formaram novas famílias e não encontram espaço no meio natural (nas matas).
A falta de árvores, cupinzeiros, lavouras e até os reflorestamentos obrigam as abelhas a mudarem de colmeias. Segundo Poffo, este é um dos fatores que explica a alteração de comportamento da espécie. Outra situação, é quando a colmeia é prejudicada, ameaçada ou até atacada por alguém ou animal silvestre. “É comum se mudarem quando se sentem ameaçadas”, explica, dizendo que a reação depende das condições da colmeia. “Uma colmeia de abelha, no seu auge (primavera) comporta uma população de mais de 80 mil abelhas apis-mellifera.”
A orientação, segundo o especialista, é não mexer com o enxame. A situação se agrava, se as abelhas se instalam em ambientes públicos (Unidades de Saúde e escolas, por exemplo), pois nessas condições, os Bombeiros precisam ser chamados para retirar o enxame. “Eles [Bombeiros] têm contato de apicultores que podem cobrar ou não para fazer a retirada das abelhas ”, explica Poffo. Nesses casos, a população pode chegar de 10 mil a 30 mil unidades.
Mudança
Segundo a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas, a mudança de local é natural para as abelhas. Quando há privação de alimento, uso de agrotóxicos, calor ou estresse, elas abandonam a colmeia para procurar outro local onde o grupo e, principalmente, a rainha, pode sobreviver.
Locais preferidos
Paredes duplas, beiral das casas, chaminés, tambores, pneus, pias de cozinha e bobinas de madeira entre outros
Quase quatro décadas produzindo mel
José Alceu Perão é apicultor há 36 anos. Na sua propriedade, que fica há 25 quilômetros do Centro de Lages, existem mais 500 colmeias. Ele já fez várias retiradas de abelhas invasoras. “Fizemos a remoção em locais de fácil acesso”, explica Perão. Durante as mais de três décadas, nas quais lida com abelhas, já viu muitos lugares estranhos, que serviram de abrigo para colmeias nas cidades. O mais inusitado foi num foguete, brinquedo de parquinho infantil.
Ferroada pode matar
O engenheiro agrônomo, alerta para o risco à saúde se um pessoa for ferroada. Se a pessoa tiver alergia, uma ferroada da abelha é capaz de matar. Qualquer pessoa que tomar mais de 30 ferroadas precisa buscar atendimento médico.
Vital para a humanidade
As abelhas têm contribuição importante para a agricultura. Além de produzir mel, cera e própolis também fazem a polinização das flores (cruzamento) para reprodução e produção das espécies. Muitos fruticultores têm apiários em suas propriedades ou até alugam colmeias para polinização. Especialistas dizem que se as abelhas desaparecessem, o planeta teria muita dificuldade em produzir alimentos.