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Secretária diz que supostos crimes precisam ser provados
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pronto Atendimento, feita pela Câmara de Vereadores de Lages apontou supostos crimes como peculato; homicídio culposo, decorrente de negligência médica que teria levado o paciente a morte; desvio de medicamentos; transgressão; ausência de médicos nos plantões, entre outros.
O relatório final pede a exoneração de funcionários da Secretaria Municipal de Saúde, entre eles, está a secretária de Saúde, Odila Waldrich. Confiante, a secretária diz que as acusações são muito graves e que os supostos crimes precisam ser provados.
A secretária afirma que é o prefeito que vai avaliar se alguém será exonerado. Porém, através de nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Lages informa que o prefeito Antonio Ceron aguarda o recebimento oficial dos relatórios para tomar as medidas que considerar necessárias.
Odila frisa que está com a consciência tranquila, pois sabe que não cometeu ato ilícito. Conta que em janeiro, ela e sua equipe descobriram o desvio de medicamentos e na época foi registrado um boletim de ocorrência na delegacia.
Além disso, abriu uma sindicância interna para apurar o ocorrido e responsabilizar os autores. “Minha equipe é técnica e competente. O que temos que fazer agora é esperar a investigação do Ministério Público, que é o órgão capaz de investigar”.
Sobre os casos de homicídio culposo (que não há intenção de matar), em que alguns médicos são acusados pela CPI, a secretária destaca que esses crimes precisam ser provados. “São acusações graves, que necessitam de provas. Os médicos já buscaram seus advogados e nós também”.
Ela lembra que ao longo dos anos, o número de mortes no pronto atendimento diminuiu. Em 2013, o número de atendimentos foi de 96,6 mil e de mortes foi 105; em 2014, foram atendidas 95,5 mil pessoas e 121 morreram; em 2015, 99,8 mil pessoas passaram por consulta e 111 morreram; em 2016, 101 mil pessoas foram atendidas e 137 morreram; em 2017, 102 mil pessoas foram atendidas e 136 morreram, e, no ano passado, 104 mil pessoas foram atendidas e 120 morreram.
CPI aponta mais de 20 suspeitos
Investigação dos vereadores levou 180 dias e apontou mais de 20 pessoas como suspeitas de ter cometido algum tipo de crime. A CPI surgiu devido a reportagens veiculadas na imprensa local, que segundo os vereadores apontavam problemas de mortes no Pronto Atendimento Tito Bianchini, demora no atendimento, diagnósticos errados e demora para internar pacientes em situações graves, em função da falta de leitos nos hospitais. No relatório de quase 60 páginas fornecido pela Câmara de Vereadores à reportagem do CL. Trecho do documento aponta que supostas irregularidades não são recentes:
Muito embora a CPI tenha sido criada este ano, a situação problemática não é recente. Dados extraídos do sítio da Câmara de Vereadores na internet revelam algumas dezenas de matérias provenientes da Câmara de Vereadores de Lages, no sentido de obter melhorias nos hospitais e no Pronto Atendimento Tito Bianchini. Algumas delas remontam há quase duas décadas. Desta feita, destacamos apenas algumas matérias que foram encaminhadas a estas unidades de saúde, originárias da Câmara Municipal, no legítimo exercício de seu mister fiscalizatório.
Ao longo de seis meses, os vereadores ouviram depoimentos de várias pessoas e apontaram os supostos crimes. Um dos mais graves acusa médicos de negligência. Em várias consultas eles (médicos) não teriam feito um diagnóstico correto e o paciente morreu. Apesar da relevância dos temas levantados o relatório deixa claro que:
A CPI não condena, apenas colhe informações sobre o objeto investigado, para posteriormente, apresentar dados concretos ao Ministério Público, para o oferecimento de denúncia formal ou instauração de processo de responsabilidade civil, sendo também um importante instrumento de apoio na instrução de tais procedimentos caso já existam quando da conclusão dos trabalhos.