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Revitalização do Mercado Público já começou

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Foto: Camila Paes

Há mais de cinco dias, a equipe técnica que revitalizará o Mercado Público de Lages, já está no canteiro de obras. Um dos primeiros trabalhos realizados foi a limpeza do espaço, interditado desde 2009, por risco de desabamento do teto. A previsão é de que o prédio será entregue em um ano e a obra custará R$ 6 milhões.

A empresa Terra Engenharia foi a vencedora da licitação, com R$ 3 milhões abaixo do valor do orçamento inicial (teto) de R$ 9 milhões.

O secretário de Planejamento e Obras, Claiton Bortoluzzi, explica que este foi o valor em que a empresa apresentou na licitação e não devem ser solicitados aditivos. Se isso ocorrer, serão por serviços não previstos na proposta.

O projeto foi definido em um concurso nacional, realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

O trabalho foi realizado por quatro arquitetos e o maior aspecto que levou à vitória para o quarteto, foi a logística e a mobilidade criada no entorno do Mercado Público, integrando outros espaços urbanos. Além da revitalização da estrutura já existente, o espaço será aumentado e o entorno da estrutura também passará por reformas.

O presidente do IAB Núcleo Lages, Augusto Fornari Souza, ressalta que o mercado é uma edificação histórica e um ponto de comercialização e de encontro durante muito tempo.

Ele acrescenta que Lages tem uma carência muito grande de espaços de integração e que atualmente, o Tanque (Parque Jonas Ramos) é um dos únicos ambientes que oferece a integração, mas que está pequeno para o tamanho da cidade. “Além disso, será um espaço para a prestação de serviços, praça de alimentação e integração das ruas, um espaço que a cidade necessita”, explica o arquiteto.

Fornari ressalta que, junto com a revitalização do Centro, o Mercado Público criará um complemento e uma ligação, que poderá ser explorado politicamente e tornará forte o Centro como um todo. Sobre a utilização do espaço, ele acrescenta que isso será definido juntamente com a forma em que a prefeitura escolherá os comerciantes para utilizar o local.

“Reabrindo o Mercado Público, serão atraídas mais pessoas e a venda de produtos regionais. Mesmo fechado, o espaço atrai pessoas. Por isso, na minha opinião, o pequeno produtor deve ocupar algumas áreas, se não todas”, concluí o arquiteto.

 

Prédio é Patrimônio cultural

A arquiteta, professora universitária e mestre em preservação do patrimônio cultural, Lilian Fabre, diz acreditar que a restauração desse importante exemplar arquitetônico do estilo Art déco de Lages, pode mudar o olhar dos lageanos sobre o patrimônio cultural, fazendo com que percebam o potencial que há no nosso centro histórico e que edificações antigas podem ser adaptadas às demandas de uso atuais, por meio de um bom projeto arquitetônico.

Ela acrescenta que a retomada do equipamento do Mercado Público é de extrema importância para a preservação da cultura e memória da nossa cidade, que já nasceu com esse caráter de troca de mercadorias desde os tempos dos tropeiros.

“É um espaço urbano muito especial, que consegue reunir várias referências locais, seja através da gastronomia, do artesanato, da música, e de outras manifestações culturais que queremos manter vivas”.

A professora espera que a execução dessa obra atenda as expectativas e que passe a funcionar como um espaço público de qualidade que reascenda na comunidade o espírito de pertencimento e valorização da nossa identidade cultural.

 

Banco de Alimentos será transferido

 

Atualmente o Banco de Alimentos Municipal está localizado na estrutura do Mercado Público. Para não interferir na obra, será transferido para o Centro de Educação André Luiz, no Bairro Conta Dinheiro.

Para isso, como será preciso uma logística para a transferência, já que se trata de câmaras frias, será realizada uma licitação, com valor entre R$ 300 a R$ 400 mil.

Há cerca de dois meses, o IAB questionou ao Ministério Público e a Prefeitura de Lages, sobre as alterações feitas pela prefeitura no projeto de revitalização.

A retirada do subsolo, onde estariam as vagas de estacionamento e entradas de serviços, foi um dos pontos que levantou o questionamento.

Na época, o secretário de Infraestrutura, Claiton Bortoluzzi, explicou que as alterações foram necessárias para viabilizar a execução da obra, como a previsão de uma cobertura para a praça de alimentação e a retirada do estacionamento do subsolo do prédio.

Por questões de direitos autorais, os autores do projetos foram chamados para auxiliar nas alterações.

 

Histórico

Construído na década de 1940, o Mercado Público é tombado pelo patrimônio histórico municipal. Sua construção substituiu o Mercado Velho, que ocupava o espaço da praça Vidal Ramos Sênior, ao lado do Terminal Urbano de Ônibus. Imagens antigas mostram tropeiros com mulas de carga.

Na época, as mercadorias eram vendidas ou trocadas. Com o passar das décadas, sem a devida manutenção o prédio foi deteriorando.

Em 2009 foi interditado pela Defesa Civil. O teto ameaçava desabar. Em 2011 a Prefeitura de Lages recuperou a cobertura e em 2012 iniciou uma reforma. O processo parou porque o Ministério Público apontou irregularidades.