Geral

Ranzolin: vou concorrer à prefeitura

Published

em

Lages, 12 e 13/06/2010, Correio Lageano

 


Sem partido desde que o DEM desembarcou do governo do PMDB, o presidente da SC-Gás, Ivan Ranzolin, disse semana passada que buscará abrigo num partido para disputar a prefeitura de Lages em 2010.

 


Declarando-se decepcionado com as “negociatas” políticas no Estado, Ivan deu uma pista e afirmou que ingressará num partido que tenha candidato a governador. Ao visitar a casa do Correio Lageano, na Festa Nacional do Pinhão, Ranzolin reafirmou com todas as letras, que o gasoduto não chegará a Lages sem uma demanda de consumo que justifique o investimento de R$ 250 milhões.

 

E como medida paliativa está buscando um caminho alternativo que será transportar o gás em caminhões até uma estação em Correia Pinto e fazer chegar a Lages numa rede de distribuição para as empresas. No campo ideológico, Ranzolin radicaliza ao dizer que o Brasil não tem mais partidos políticos, mas grupos com interesses que sobrepõem os desejos públicos.

 

E por isso, ninguém retrocede um passo em relação às eleições estaduais deste ano. Nesta entrevista, ele conta como está a SC-Gás, seus planos e o que pensa sobre a política, agora que está fora de qualquer agremiação partidária.

 

Correio Lageano: Na abertura da Festa do Pinhão, o governador falou de um grande esforço para levar o gás até Rio do Sul e quem sabe chegar a Lages. Essa retórica não muda?

 


Ivan Ranzolin: Para chegar em Lages, Correia Pinto e Otacílio Costa, o gasoduto tem de passar por Rio do Sul. São 230 quilômetros a um custo de R$ 250 milhões. A SC-Gás é uma empresa de economia mista e sem estudos e perspectivas de retorno não investe. É bom lembrar que ela só usa recursos próprios. Este ano, ela destinou R$ 63 milhões de lucro do ano passado para os acionistas. Em 2007 o lucro foi de R$ 77 milhões e 2008, apenas R$ 37 milhões devido ao desastre em Blumenau, que rompeu uma rede. Este ano a previsão é de lucro próximo dos R$ 70 milhões. A vinda do gás tem de ser por etapas. A SC-Gás é uma empresa monopólio do governo e levei ao governador o pedido para que ao invés de distribuir o lucro aos acionistas, que invista na rede até Rio do Sul. Em um ano poderemos trazer até Otacílio Costa.

 

CL: E quanto a Correia Pinto e Lages?


Ranzolin: Temos um projeto sendo executado e vamos trazer o gás de Paulínia até uma estação em Correia Pinto. E esse gás liquefeito virá até Lages por tubulação. A SC-Gás abrirá mão de 30% de seu lucro e o gás chegará aqui ao custo que é praticado nos dois postos de combustíveis que já operam neste sistema. A empresa não terá lucro, mas propiciará o desenvolvimento da região.

 

CL: Há um prazo para que a SC-Gás comece a ter o retorno desse tipo de investimento?


Ranzolin: Sim, é cinco anos. A SC-Gás não é como uma secretaria de governo. Ela tem de ter retorno financeiro. Como a Klabin iria comprar 140 mil metros cúbicos de gás por dia e desistiu dessa compra, nós temos de buscar outros mercados. De Indaial até Lages temos de pulverizar esses 140 mil metros de gás. Por isso, estamos de olho na ZF. Ela vai ancorar o gás e consumirá 12 mil metros cúbicos por dia. Quando ela aumentar a demanda de consumo vai permitir trazer de Rio do Sul para Lages.

 

CL: Mas para quando isso?


Ranzolin: Em Correia Pinto já temos o comodato do terreno para implantar a estação. Para chegar em Lages temos de vender de 15 a 20 mil metros cúbicos por dia. E daí, está nas mãos dos empresários locais.

 

CL: Já houve algum aceno do empresariado de Lages?


Ranzolin: Há pouco mais de um ano fiz uma reunião na Acil, onde havia ao menos 40 empresários. Eu indaguei quem tinha interesse em comprar gás. Nenhum se manifestou. Tem de saber que, se não comprar, não vem o gás. A SC-Gás não vai enterrar tubos para não vender gás.

 

CL: O empresariado de Lages está recusando o gás?


Ranzolin: Pode ser feito todo esforço do mundo para projetar abertura de mercado de trabalho em Lages e de nada vai adiantar, sem a matéria-prima do gás. No momento que anunciar que aqui tem gás, as empresas vêm. Só em Joinville há um parque industrial em que todas as empresas consomem o gás. Quem vai projetar Lages é o gás. Em Rio do Sul tem três empresas italianas que irão se instalar por causa do gás.

 

 

CL: Se depender do empresariado, então não há prazo para o gás?


Ranzolin: Tendo mercado vem logo. Em Araranguá o gás chegou em oito meses. Em Pomerode demorou três meses. Em Lages creio que em dois anos chega. Mas não tem como não passar por Rio do Sul.

 

CL: No campo político, o senhor está sem partido. Qual deve ser o rumo de Ranzolin?


Ranzolin: Olha, eu sempre fui do PP e sai do partido por circunstâncias desagradáveis do envolvimento de líderes com o mensalão. Fui para o Democrata, mas o partido tomou uma decisão de sair do governo antes do tempo e não concordei. Tomaram uma decisão de cúpula e saíram. Fiquei no governo por questão de lealdade. Entreguei minha carta de exoneração ao ex-governador Luiz Henrique, que não aceitou, rasgou a carta. E depois o Pavan me convidou para permanecer no governo. Continuo sem partido e estou analisando o quadro estadual.

 

 

CL: Mas analisando o quê?


Ranzolin: Quero dizer que tenho uma grande decepção. Todos fazem acordo com todos. É um negócio impressionante. Não tem lado. Tenho de ver o quadro estadual como se definirá. Não quero entrar num partido que não tenha candidato a governador. Quero trabalhar para um candidato ao governo, seja para ganhar ou perder. O PP, por exemplo, é um partido que ajudei a fundar. Também não tenho problema com nenhum partido e recebi muitos convites. Mas quero observar que pretendo disputar a eleição de prefeito em Lages em 2012.

 

CL: Mas não é cedo falar desse assunto, se o senhor ainda não tem nem partido?


Ranzolin: É complicado nesse momento falar muito em prefeitura. Antes tem uma eleição estadual e depois, se antecipar esse debate desprestigia quem está no governo municipal. Pelo respeito que tenho ao Renato Nunes só vou conversar sobre eleição municipal ano que vem.

 

CL: Que desejo o faz perseguir esse objetivo?


Ranzolin: É meu sonho ser prefeito de Lages. Quero ser candidato e estou acompanhando a evolução dos fatos políticos nesse momento. É intempestiva a discussão de candidatura de prefeito nesse momento.

 

CL: O que justificaria o seu retorno ao cenário político municipal?


Ranzolin: Na eleição passada não tive a oportunidade, porque não me concederam a legenda. Não basta ter apenas partido. Tem de ter entrosamento, propostas e verificar as possibilidades. A questão política tem de ser discutida no momento certo e esse momento será 2011.

 

CL: O Ranzolin saiu decepcionado do Democrata?


Ranzolin: Já estou com a pele grossa. O Democrata não me decepcionou. A decepção é de todos os partidos. O Brasil não tem mais partidos políticos. Tem grupos que têm interesses maiores que os interesses públicos. Por isso que ninguém abre mão, hoje, de concorrer ao governo do Estado. E aquele que não concorrer ficará desmoralizado perante seu partido ou perante seu grupo.

 

CL: Historicamente o Ranzolin foi do PP. Está nessa direção seu futuro ingresso político?


Ranzolin: No Brasil não existe mais partidos de esquerda ou direita. Tem partidos fisiológicos, e ideologia não há mais. O PT que era um partido que pregava a ética, perdeu, e todos são iguais. A pregação existe, mas a ação é completamente diferente. O grupo que tenho maior afinidade é o que sempre me apoiou, que disputei nove eleições. Tive desentrosamento com o Democrata, mas é um partido nobre. O PP é outro partido bem intencionado.

 

CL: Como o Ranzolin pretende construir a disputa de 2012?


Ranzolin: Nunca tive grupo de empresários ou empreiteiros carreando recursos para minhas campanhas. Fui eleito com amigos e pelo povo. Em nove eleições não tive nenhum inimigo. A minha vida política se resume numa única palavra: lealdade.

 

Foto: Onéris Lopes

clique para comentar

Deixe uma resposta