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Queda na safra da maçã já é perceptível

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Foto: Arquivo CL/Camila Paes

Com uma semana para terminar a colheita da maçã tipo Gala, produtores já se preparam para a venda de uma safra da fruta menor que a do ano passado. Para a Fuji, que começa a ser colhida nos próximos dias também, a expectativa também é de queda.

De acordo com a Associação dos Produtores de Maçã e Pêra da Região de São Joaquim (Amap), a expectativa é que a diminuição seja de 30% a 40% em relação a 2017. Neste ano, a fruta está menor, o que prejudica no peso final da colheita dos produtores.

O engenheiro agrônomo do site Climaterra, Ronaldo Coutinho, ressalta que as condições climáticas do último ano foram significativas para os resultados atuais. Ele explica que, as horas de frio, que são medidas a partir de temperaturas abaixo dos 7,2 ºC, foram poucas na maioria da região. Isso foi prejudicial, porque as frutas precisam de 500 a 600 horas de frio para a sua formação. Normalmente, a região de São Joaquim registra 900 horas de frio de meados de abril até setembro.

No ano passado, de acordo com Coutinho, houveram muitas variações, que partiram de 400 a 1.000 horas por localidade.
Ele ressalta que o último inverno foi fraco e o começo da primeira, em setembro, foi muito quente, o que antecipou a florada dos frutos. Além disso, as geadas tardias em outubro e a estiagem prejudicaram a produção.

Entretanto, Coutinho ressalta que a fruta neste ano não perdeu sua qualidade, já que as condições climáticas também dificultaram a proliferação de pragas. “O problema da fruta é a venda, já que o consumidor se atrai pelo tamanho da maçã”, completa.

O presidente da Amap, Rogério Pereira, explica que a queda da produção não é problema exclusivo de São Joaquim, mas que se estende também ao Rio Grande do Sul. A esperança, segundo ele, é que o ajuste de preço da fruta compense a queda na quantidade da safra. Assim, o produtor não será tão prejudicado.

Prejuízos para a economia do município

A produção de maçãs é a principal atividade econômica de São Joaquim. Movimenta cerca de R$ 300 milhões por ano em vários setores e responde por centenas de postos de trabalho. Diante desta situação, o secretário de agricultura de São Joaquim, Volnei Júnior, confirma que a previsão é de uma safra menor em relação a de 2017.

Entretanto, os dados ainda estão sendo analisados e é difícil mensurar a porcentagem dessa queda. Assim como o presidente da Amap, Volnei acrescenta que, para que o reflexo nas famílias produtoras e na economia da região não seja tão grande, é preciso que essa queda seja compensada no preço final da fruta.

Como grande parte dos moradores da região trabalha com a fruticultura, com o impacto da diminuição da safra, diversos setores econômicos também podem sair prejudicados.

Durante a safra da maçã, muitos trabalhadores de diversas regiões do Brasil, chegam a Serra Catarinense em busca de ofertas de emprego. Com a diminuição da safra, as opções de trabalho podem não ser suficientes para o tamanho da procura.

Mas o secretário acrescenta que, com o trabalho realizado pelas associações de produtores, essas pessoas estão sendo identificadas e podem receber os encaminhamentos necessários para encontrar novos postos de trabalho ou retornar para seus locais de origem.

Análises diferentes

O engenheiro agrônomo da Cooperserra, Marcio Beckhauser, avalia que para os produtores da cooperativa, a safra de 2018 não terá tanta diferença quanto a do ano passado. Com 93 produtores associados e 4,5 hectares plantados, Marcio revela que é difícil fazer uma comparação com o ano passado, já que em 2017 foi registrada uma safra histórica para a região.

A maçã tipo Gala, segundo ele, terá uma safra igual a do ano passado. Já para a Fuji, a cooperativa espera uma queda, mas pequena.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), é esperado volume 20% a 30% inferior a 2017, devido às geadas e granizos registrados nas regiões produtoras durante o período de frutificação.

Além disso, outro fator que pode limitar a produtividade é a presença de pedúnculos mais curtos, que dificultam a boa fixação, ocasionando quedas das maçãs das árvores e fazendo com que as frutas tenham calibres menores.