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Programa Lixo Orgânico Zero beneficia meio ambiente e economia
O Programa Lixo Orgânico Zero, que começou há cerca de 15 anos como um projeto de extensão do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Lages, está cada vez mais amplo.
Em 2016, o programa, foi finalista do prêmio “Engie Innovation Trophies”, realizado em Paris, na França. E, em 2017, conquistou o 1º lugar, concorrendo com 320 projetos de todo o Brasil, em um edital do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) do Ministério do Meio Ambiente, que garante recursos do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal. O banco reserva 2% do seu lucro líquido para custear projetos socioambientais.
O edital é específico para ações voltadas para a compostagem de resíduos orgânicos. A Udesc de Lages atua como executora do projeto e a prefeitura é a proponente, e além disso, contribuiu com R$ 33 mil.
“A natureza é o nosso bem maior. Preservar é um compromisso estendido a todo cidadão, desde criança, para que seja um adulto comprometido com o meio ambiente. O Poder Público contribui para ensinar, mas o costume deve ser comum e coletivo”, analisa o prefeito Antonio Ceron.
A premiação nacional do programa foi de R$ 952 mil, divididos em três parcelas. A primeira, de R$ 477 mil rendeu sete bicicletas elétricas, três triciclos elétricos, uma caminhoneta Fiat Strada Hard Working, e um triturador de resíduos de podas, que está instalado no Horto Municipal, que fica no Bairro Várzea.
Além de equipamentos para os 25 bolsistas do CAV e cerca de 10 voluntários, que atuam no programa. As bicicletas, os triciclos e carro foram entregues ontem em um evento no CAV, onde também foi assinado o termo de cessão de uso dos equipamentos.
Como funciona
O lixo orgânico das escolas estaduais e municipais que participam do programa é utilizado na compostagem feita nas instituições. Os estudantes e acadêmicos que atuam no trabalho levam a compostagem para suas casas.
Para se ter uma ideia do avanço do programa, ele começou com duas escolas, o Sesc e o Centro de Educação Infantil Municipal Valéria Goss. Hoje, cerca de 50 escolas estaduais e municipais fazem compostagem através do programa, abrangendo cerca de 35 a 40 mil alunos, e recentemente, o 1º Batalhão Ferroviário de Lages também participa.
Com o carro, bicicletas elétricas e triciclos elétricos conquistados, o objetivo é atingir até o fim deste ano 109 escolas e instituições. Na carroceria da pick-up serão levados materiais para a compostagem de resíduos orgânicos domésticos das escolas, como serragens, gramas e folhas picadas. As bicicletas elétricas e triciclos elétricos serão para os estudantes irem para as escolas mais distantes.
O professor Germano Güttler, do Departamento de Agronomia, que é um dos coordenadores do programa, afirma que o objetivo agora é ampliar a abrangência cada vez mais. “Se todos tiverem mais consciência ambiental, gastaremos cada vez menos dinheiro com o lixo orgânico. Hoje, o município deve gastar por ano, cerca de R$ 4 milhões a 5 milhões, entre coletar, depositar e tratar o xurume no aterro sanitário”. Xurume é o material orgânico que entra no processo de putrefação e libera um líquido mal cheiroso, ácido e tóxico.
De acordo com ele, uma área de um a dois metros quadrados é suficiente para que cada família possa compostar os resíduos orgânicos. O sistema pode ser usado em jardins, quintais e, até mesmo, em terraços e varandas de apartamentos e condomínios.
A diretora municipal de Meio Ambiente e também coordenadora do programa, Silvia Oliveira, ressalta que é preciso mais consciência ambiental. “Nosso papel não se limita a somente jogar o lixo na lixeira, retirar a sacola para fora e deixar que o caminhão leve. O lixo deve ser separado dentro de casa, os resíduos orgânicos (cascas de frutas e de legumes) e restos de hortaliças podem ser devolvidos para a terra, que vai produzir novos alimentos”.