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Preço baixo e mudanças na fabricação devem diminuir produtores

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Uma das mudanças é o controle sistemático de mastites das vacas - Foto: Susana Küster

Normas das instruções normativas 76 e 77, de 30 de novembro de 2018, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, devem vigorar no começo de novembro. Elas podem contribuir para diminuir o número de produtores de leite, ao mesmo tempo que possibilitam a venda para o mercado externo e aumentam o valor para o consumidor. 

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) solicitou ao Governo Federal a prorrogação do prazo de duas exigências das normativas, mas o pedido não foi acatado. As duas novas regras que o órgão pediu adiamento para vigorar eram a temperatura da chegada do leite, em no máximo de 7°C no local de venda e a contagem de células bacterianas no produto.

Para o presidente da  Associação dos Produtores de Leite (Aproleite), Paulo André de Andrade, a maioria dos produtores vão parar as atividades por conta das novas exigências. “Não tem valor para investir nas mudanças, já que se ganha R$ 1,15 por litro, sendo que tinha que ser no mínimo R$ 1,50.”

Números apresentados na Câmara Setorial do Leite, em maio deste ano, mostraram que 12 grandes empresas do setor possuem mais de 70% das amostras acima de 900 mil na contagem de célula somática do leite.

Sendo, que o governo quer um limite máximo de 300 mil. “Desde o manejo do animal até o leite chegar na empresa é um longo caminho. Muitos não têm resfriador, trabalham com galão e o governo quer que o resfriamento seja feito com tanque de expansão.”

Hoje, ele calcula que há em média de 15 a 20 produtores em Lages, Correia Pinto, São José do Cerrito, Palmeira e Bocaina do Sul. Entretanto, acredita que este número vai reduzir por contas das mudanças e também devido à dificuldade em se obter lucro com a atividade.

Algumas alterações

As instruções normativas trazem regras técnicas para identidade e qualidade do leite cru, pasteurizado e pasteurizado tipo A. Além disso, trazem novas regras sobre a organização da propriedade, instalações, equipamentos, formação e qualificação dos produtores rurais. Também ditam normas para o controle sistemático de mastites e exigem análise de resíduos de medicamentos em amostras mensais.

Modificações devem abrir mercado externo

O vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, diz que por um lado as instruções são positivas porque abrem o mercado para a exportação, fazendo com que os produtores que se adequaram tenham chance de vender, já que a demanda interna diminuiu.

Ele analisa que o preço baixo pago ao produtor é o principal fator na diminuição de pessoas na atividade, que aumentou a produção nos últimos dois anos através das tecnologias implantadas.

“A demanda diminuiu devido à crise econômica. Somos auto suficientes, se não vendermos, a produção começa a pressionar os preços para baixo e os mercados internacionais não se abriram como se esperava.”

Barbieri acredita que as novas mudanças vão impactar, principalmente, a Serra Catarinense e o Planalto Norte, devido ao fato de as condições geográficas afastarem mais as regiões dos compradores. “A China já habilitou, através do Ministério da Agricultura, 24 estabelecimentos, dos quais dois são de Santa Catarina.”

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