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Personagem da tragédia de Brumadinho ministra palestra em Lages
Em janeiro de 2019, o Brasil viveu uma das maiores tragédias da história. Uma barragem da Vale, em Brumadinho, Minas Gerais, rompeu-se e soterrou 270 pessoas (11 ainda continuam desaparecidas).
Durante as buscas e resgates, o trabalho do Corpo de Bombeiros chamou a atenção e, na ocasião dos fatos, o tenente Pedro Aihara ganhou notoriedade ao aparecer dando entrevistas e informando a população sobre a tragédia, como porta-voz dos bombeiros.
O militar esteve, ontem, em Lages, para ministrar uma palestra na Associação Empresarial de Lages (Acil), destinada a empresários lageanos, sobre comunicação. Durante o evento, propôs uma reflexão sobre como a comunicação pode angariar times, destacando valores como empatia, de como colocar o outro no centro das atenções.
Para ele, os empresários “têm pontos de contatos e trabalham sempre pensando no outro, então, a gente precisa estabelecer vínculos interessantes. Espero que os colegas de Lages consigam levar isso para suas empresas e seus clientes. Estou muito feliz por estar em Lages, fui muito bem recebido”, disse.
Graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em Ciências Militares, com ênfase em gestão e prevenção de catástrofes, pelo CBMMG, Pedro tem 27 anos. Ele é especialista em gestão de projetos pela Universidade de São Paulo (USP) e em prevenção de desastres pela Universidade de Yamaguchi (Japão).
Ao final da palestra, ele distribuiu abraços, posou para fotos ao lado de integrantes da plateia e concedeu entrevista à imprensa. Sereno, o militar chamou a atenção pela clareza e objetividade na comunicação. Questionado sobre seu perfil, ele disse acreditar muito no amor e no poder de transformação social por meio do esforço de cada brasileiro.
Correio Lageano_ Além da tragédia de Brumadinho, várias pessoas morreram neste início de ano em Minas Gerais por causa das enchentes. Como tem sido para os bombeiros administrar tudo isso?
Pedro Aihara_ Nosso trabalho demanda uma apresentação para os mais diferentes cenários. Naturalmente, a proteção do cidadão sempre é colocada como principal foco no nosso trabalho. Então, mesmo que essas operações demandem sacrifício de nossa tropa, a gente entende que é necessário para garantir a segurança dessas pessoas.
O que mudou em você após ajudar a resgatar quase 300 corpos na tragédia de Brumadinho?
Em primeiro lugar, ficou muito claro para mim o valor de um trabalho em equipe e com propósito. A gente só consegue alcançar um patamar de localização dessas vítimas, quando as pessoas entendem a importância de doação e comprometimento com aquelas famílias das vítimas.
O que ficou muito marcado na minha vida foi o potencial de uma equipe envolvida, de pessoas com trabalho com amor e comprometimento.
Quantas pessoas faltam ser resgatadas em Brumadinho?
Ainda restam 11 pessoas que estão desaparecidas, mas o trabalho de resgate não para. Desde 25 de janeiro até hoje, o trabalho não foi interrompido nenhum dia sequer e a nossa intenção é conseguir resgatar 100% das vítimas.
O senhor ganhou notoriedade nacional após a tragédia e tem viajado por todo o Brasil. O que tem levado de mensagem às pessoas?
Em primeiro lugar, é uma mensagem de empatia, de cuidado com o próximo. Acho que a gente só conseguiu mudar o contexto social brasileiro que estamos vivendo se conseguirmos colocar o outro no centro da atenção. Precisamos começar a pensar um pouco no coletivo e menos em nós próprios. Acho que isso é uma chave para a evolução social em todos os aspectos.
O que trouxe de mensagem para os empresários de Lages?
Vim mostrar que, mesmo fazendo parte de estrutura tão diferente, a gente consegue ver que a atividade empresarial tem muitos pontos de contatos e trabalha sempre pensando no outro, então, a gente deve estabelecer vínculos interessantes. Espero que os colegas de Lages consigam levar isso para suas empresas e seus clientes.
Foto: Pedro_Pedro Aihara_bombeiro que trabalho em Brumadinho (8)_Adecir Moras.JPG
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