Geral
Passarela, na BR-282, já é realidade para a comunidade de Índios
Quando os funcionários da Zanco, empresa responsável pela instalação das passarelas para pedestres, na BR-282, começaram os trabalhos, os moradores do Distrito de Índios quase não acreditaram. Eles até viram que na semana passada os pilares foram posicionados, mas a desconfiança permaneceu. Afinal, foram anos de espera e muitos casos de atropelamentos no trecho.
A notícia de que havia movimentação de trabalhadores se espalhou rapidinho e logo já havia adultos e crianças observando a montagem da estrutura no Km 206,5. Um banco de uns três metros, com uma sombra gostosa, foi pouco para abrigar o pessoal.
Uns se ajeitaram no chão, pois não queriam perder nenhum detalhe. Terá cobertura? Quando será liberada? Vai aguentar? Perguntavam a todo momento. Assim que a instalação foi tomando corpo, os olhares de aprovação foram surgindo e o de preocupação desaparecendo.
Seu Romário Ribeiro Liz, de 57 anos, era um dos observadores e estava super animado. Ele mora na região há mais de 50 anos e enquanto “fiscalizava” os trabalhos, entre um gole de uma bebida laranja e uma olhada na obra, lembrou de um amigo que foi atropelado.
“Foi bem ali embaixo”, apontava. “Ele desceu de um caminhão, não olhou para os lados e outro caminhão que vinha descendo, arrastou ele. Foi bem feia a coisa”, contou. E para alívio de quem estava por perto e não conhecia a história, seu Romário disse que apesar de o amigo ter se quebrado todo, sobreviveu. “Peleou mais se recuperou”, reafirmou.
A garota de 11 anos, Mariana Soares acompanhava a instalação e estava curiosa para saber quando poderia usar a passarela e sentir a sensação de passar pelo alto e, principalmente, em segurança. Ela estuda do outro lado da pista, onde cursa o sexto ano, e sempre teve medo de atravessar a BR.
Se para Mariana a expectativa é boa, imagine para os seus vizinhos, que agora vão economizar tempo com a nova opção de travessia. São cerca de 20 famílias que moram dos dois lados da pista. A BR os separa de diversos serviços como a escola, os Correios, a igreja, o salão de festas e a Unidade de Saúde. Agora, ao menos, essa distância foi encurtada. O grupo só estranhou o valor de cada passarela: R$ 1 milhão. “Sério?”, indagou desconfiado, seu Romário.
A medida que a Passarela recebia os ajustes, no sábado (23), ia impressionando pela grandeza e ninguém disfarçava a admiração. São 49,20m de comprimento, 2,20m de largura e 2,60m de altura. Projetada para cadeirantes, ferro que não enferruja, e grades protetivas. Sim, vai ter cobertura de aluzinco.
Porém, a liberação vai demorar um pouquinho. Seu Agenor José Zanco, um dos sócios da empresa responsável pela obra, garantiu que em um mês a passagem será permitida. “Precisa de ajustes e de rampas”, enfatizou.
Ele não acredita que esse tempo para a conclusão da obra será respeitado pela comunidade. Sua experiência diz que, ansiedade e curiosidade são mais fortes nessas condições. Mas garante seu produto. Quando fala em manutenção, é bem otimista.
“Daqui uns 10 anos pode precisar de reparos. Usamos material resistente ao tempo”, diz o empresário. Ele não soube adiantar quando as outras quatro passarelas previstas para o trecho serão implantadas. “Basta o Dnit nos avisar”, salientou.
Quando foi feito o projeto de construção dos viadutos e das marginais ao longo da BR-282, no trecho urbano de Lages, ninguém previu a construção das passarelas, e desde então, são pelo menos três anos de espera.
No perímetro urbano
As passarelas são reivindicações antigas da comunidades dos bairros cortados pela rodovia federal, desde a construção das marginais, pois é perigoso atravessar a pé pelo local. Além de se tratar de uma rodovia federal, a BR-282 divide os bairros Santa Maria e Gethal.
Outros moradores, ao longo de 26 quilômetros da BR, irão experimentar o gostinho de ter um pedido atendido, sobretudo, porque a via possui intenso fluxo de veículos. Neste ano, para se ter uma ideia, houve duas mortes por atropelamento no trecho dos bairros Santa Maria e Gethal.
Locais das passarelas
- Distrito de Índios (Km 206,5)
- Bairro Bates (Km 216,0)
- Rua Campos Salles (Km 217,4)
- Bairro Frei Rogério/Passo Fundo (Km 218,8)
- Bairros São Francisco/São Paulo (Km 220,9)