Eleições
Partidos não poderão coligar para eleger vereadores
Nas eleições municipais deste ano, passa a vigorar uma nova regulamentação sobre a candidatura de vereadores: por causa de uma Emenda Constitucional aprovada em 2017, os partidos não podem mais coligar para a disputa proporcional. Na prática, não muda nada para os eleitores, mas os partidos, que antes podiam fazer alianças para se fortalecer, agora precisam desenvolver estratégias e se adequar à legislação vigente.
Esta alteração diz respeito apenas para as candidaturas proporcionais, ou seja, as alianças continuam permitidas nas disputas do Executivo (prefeitura, no caso das eleições municipais). Segundo a lei eleitoral, os partidos podem apresentar candidatos a vereadores com limite de até 150% do total de cadeiras da câmara municipal. No caso de Lages, cada sigla poderá ter até 24 candidatos.
O chefe de cartório da 21ª Zona Eleitoral de Lages, Gilmar Duarte, afirma que, por causa da nova regra, os partidos terão que se organizar de forma diferente para montar suas chapas e precisarão repensar as estratégias de campanha.
“É preciso ter uma estratégia sólida para montar as chapas e fazer com que a soma de todos os candidatos alcance o número mínimo de votos. Hoje, em Lages, se levarmos em conta os parâmetros da última eleição [municipal], os partidos precisarão ter um desempenho mínimo de seis mil votos para eleger pelo menos um representante”, explica.
Duarte acredita que esta nova determinação tem como foco fortalecer os partidos. “Aqueles que não conseguirem um desempenho mínimo, tendem a ser extintos, porque o objetivo é, realmente, fortalecer os partidos e manter apenas aqueles que tenham um desempenho razoável. Aqueles que não tiverem, a tendência é que acabem”, comenta.
Quando as coligações eram permitidas, era comum que grandes partidos se aliassem aos menores, com o objetivo de fazer mais votos para a coligação e, assim, eleger os nomes mais fortes de cada sigla.
“Como agora foi proibido, os partidos maiores vão perder o interesse nos menores e, como os maiores são os que têm mais estrutura, mais recursos, e os menores menos recursos e menos estrutura, a tendência é que sejam extintos se não tiverem desempenho eleitoral satisfatório, porque vão ter menos recurso e não vão gerar mais interesse dos partidos grandes.”
O Correio Lageano ouviu os representantes dos principais partidos da cidade, de acordo com o atual cenário político, para que comentassem a mudança. Além dos citados abaixo, a reportagem também contatou, por ligação telefônica e mensagem no WhatsApp, o presidente local do Partido Social Liberal (PSL), Alberi Chiodeli; e o presidente local do Partido Social Democrático (PSD), João Alberto Duarte. Até o fechamento da edição eles não haviam retornado as ligações, tampouco respondido as mensagens.
Cidadania
A lageana Carmen Zanotto é deputada federal pelo Cidadania e, estadualmente, preside o partido. Segundo ela, a sigla tem trabalhado intensamente em todos os municípios para garantir as nominatas de vereadores. Carmen ressaltou que há dificuldade em fechar as nominatas, especialmente pela obrigatoriedade mínima de 30% de mulheres concorrendo. Contudo, ela não falou sobre o que o partido fará para se adequar à nova legislação.
‘Os partidos que não tiverem nominatas suficientes, vão ter dificuldades nas eleições para vereadores. O Cidadania, por exemplo, não estará na disputa para vereadores em todos os municípios de Santa Catarina. Essa, para nós, é uma realidade, especialmente, pela dificuldade de encontrar nomes para disputar a eleição para vereadores com a garantia de 30%, no mínimo, de mulheres.”
Partido Liberal (PL)
O partido do deputado estadual Marcius Machado, único representante da Serra Catarinense na Alesc, está, em Lages, sob a presidência de Jean Davis Corbellini. Segundo ele, o objetivo da sigla é lançar 24 candidatos (número máximo permitido) para tentar fazer a maior votação possível e eleger seus candidatos.
“A gente já está com a nominata quase pronta, temos evoluído bastante com relação a isso. O partido está sentindo alguma dificuldade, assim como os outros partidos também, em ter o número de mulheres suficientes para participar de uma eleição. Como presidente, eu não quero botar qualquer pessoa. A gente quer cumprir essas exigências e gostaríamos muito de colocar mulheres que realmente vão fazer a campanha, uma campanha limpa e justa, não só representando os homens”, comenta, destacando que das oito vagas disponibilizadas para mulheres, seis já estão praticamente fechadas.
Para ele, a impossibilidade de fazer coligações não vai abalar o planejamento do partido. ‘Vejo como ponto positivo, porque não dependeremos mais dos outros partidos. Pelo histórico do PL, a gente já vem participando de eleições, praticamente, sozinhos”, completa.
Partido dos Trabalhadores (PT)
De acordo com a presidenta do PT em Lages, Maria Aparecida da Fonseca, o partido está se organizando desde o ano passado, a partir de seu quadro de militantes, para lançar chapa completa de vereadores e vereadoras. “Nossa meta é lançar 24 candidatos, e trabalhamos para conseguir 12 mulheres e 12 homens. Estamos, inclusive, com projeto de formação para os possíveis candidatos e candidatas. Importante destacar que pretendemos apresentar nosso time de candidatos, inclusive à majoritária, no aniversário do partido, em 10 de fevereiro.”
Movimento Democrático Brasileiro (MDB)
A presidenta local do MDB, Maria de Fatima Daboit Costa Ogliari, afirma que a sigla está analisando as possibilidades para o próximo pleito e ainda não tem uma definição. “Já fomos procurados por outros partidos, mas todas as nossas respostas neste momento é para aguardar pelo menos um pouco. Nesse momento, estamos ainda estudando e vendo com a equipe da executiva quais são as possibilidades. Não tem nada definido neste momento.”
Progressistas (PP)
O presidente do PP em Lages, Sandro Anacleto, afirma que a mudança não terá impacto para o partido. “Historicamente, a gente já não coliga na proporcional. Tanto é que, na eleição de 2016, fomos com chapa pura na proporcional.
O partido já teve algumas experiências de fazer coligação, mas essa experiência não foi interessante, porque você coliga na proporcional e quem faz mais votos se elege. E, de repente, o candidato do outro partido é eleito em face dos teus candidatos. Essa mudança não vai ter impacto importante na nossa situação aqui no diretório de Lages.”