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No Dia das Mulheres, luta por direitos e debate sobre igualdade e respeito
A forma de celebrar o Dia Internacional das Mulheres em todo o mundo vem se transformando gradativamente ao longo dos últimos anos. As antigas mensagens e cartões de parabenização estão dando lugar a movimentações de luta por direitos e campanhas de conscientização. Na pauta de reivindicações está, especialmente, a batalha pela redução da endêmica e crescente violência contra as mulheres, que coloca o Brasil no topo do ranking na América Latina.
A cada 8 de março, a consciência coletiva da população sobre a importância da data vem aumentando e trazendo a tona assuntos que já foram considerados tabu, como estupro, relacionamentos abusivos e a dimensão da necessidade de autonomia feminina.
Neste sentido, um dos mais reconhecidos movimentos em todo o mundo é o 8M, que ganhou projeção justamente por causa das atividades em alusão a luta por direitos das mulheres realizadas no dia 8 de março.
Neste dia, greves, protestos, paralisações, paradas e assembleias, com maior ou menor peso simbólico, acontecem em inúmeras cidades ao redor do mundo. Lages não fica de fora e, anualmente, tem integrado o calendário de reivindicações.
Em 2019, como 8 de março será em uma sexta-feira, as atividades do 8M vão se concentrar no sábado (9), entre as 9 horas e as 14 horas, data em que há maior movimentação do comércio local, o que, de acordo com a organização do movimento, facilita a divulgação das reivindicações.
Esta atividade acontecerá no Calçadão da Praça João Costa, em Lages, e leva o nome de Mural Vivo. Envolverá rodas de conversa e de chimarrão, apresentações de teatro, música, painéis e túnel do tempo dos direitos, dentre outras atividades.
De acordo com a presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Erli Camargo, neste ano mais de 40 entidades estão envolvidas na organização das atividades alusivas ao 8 de março. “É um número muito significativo e emblemático, pois no ano passado tivemos 21 entidades e em 2017 foram apenas 13”, compara.
Além do Mural Vivo, atividades alusivas estão sendo realizadas desde o dia 26 de fevereiro. Nesta sexta-feira (8), a partir das 14 horas, o salão da Igreja da Palmeira recebe o Cine Fórum, que apresentará o filme “A memória que me contam”, seguido de debate mediado pela historiadora Suzane Faita.
A programação tem sequência na terça-feira (12), com a realização de um seminário na Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), e na quarta-feira (13), com uma mesa redonda no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), que contará com a participação de Salete Sommariva e Alexandre Takashima. No dia 14, também no IFSC, acontece mais um Cine Fórum, com apresentação do filme “As Sufragistas”. Para encerrar as ações, entre os dias 19 e 21 de março o Ônibus Lilás fará atividades em Lages.
A programação vem sendo organizada desde outubro do ano passado, e envolveu entidades e organizações como Fórum de Mulheres do Mercosul, o Movimento Nacional de Direitos Humanos em Santa Catarina, a Marcha Mundial das Mulheres e o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, em parceria com a Secretaria Municipal de Políticas Para a Mulher, dentre outros.
“Organizar atividades como estas é importante para que a gente possa dizer que seguimos firmes na luta, fazendo o que é dever de toda mulher consciente e feminista, que busca igualdade de gênero, superação do machismo e superação do patriarcado. Todas as formas de violência são combatidas na luta do 8M”, completa Erli.
Estudantes de São Joaquim fazem ação contra a violência à mulher
Movimentos de conscientização no 8 de março são elaborados por diversas entidades, em vários níveis, em todo o país. Em São Joaquim, por exemplo, alunos da Escola de Educação Básica São José, no Bairro Três Pedrinhas, irão para as ruas fazer a devolutiva de um trabalho interdisciplinar realizado na escola, que teve como tema a violência contra as mulheres.
Assustados com os números no estado, os estudantes decidiram levar este trabalho para fora da sala de aula e promoverão uma campanha de conscientização junto à população. A escola já é conhecida por promover campanhas como esta, na qual os estudantes saem em caminhada até o Centro da cidade e lá visitam estabelecimentos comerciais, promovendo a conscientização sobre diversos temas.
Como desta vez o assunto é violência contra as mulheres, as alunas, devidamente autorizadas por seus pais e responsáveis, estarão com maquiagens que imitam hematomas causados por agressões. Além disso, todos os estudantes que participarem, meninas e meninos, carregarão nas mãos pequenos cartazes com frases de impacto sobre o tema.
“Fale agora ou cale-se para sempre”, “Não se esconda, não se cale, não se omita, ligue 180”, “A vida começa quando a violência acaba”, “Lute como uma garota” e “Lugar de mulher é onde ela quiser” são algumas das frases que estamparão os cartazes.
“Temos mais de 700 alunos na escola e já escutamos muitos relatos de brigas entre os pais, e brigas com namorados. O foco do trabalho que desenvolvemos foi na violência verbal e física, tentamos fazer os alunos entenderem que a violência verbal, algum dia, pode se transformar em violência física. É comum pensarmos que isso não acontece perto da gente, quando, infelizmente, é mais comum do que pensamos”, comenta a diretora geral da escola, Singra Couto Strickert. Segundo ela, a adesão tanto de meninas quanto de meninos ao projeto foi imediata.