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Morte de acadêmica foi causada por doença meningocócica

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Foto: Bega Godóy

A morte da acadêmica de Medicina Veterinária, Nicole Canhada, foi causada por doença meningocócica (sangue) e não por meningite que é inflamação da meninges. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC) confirmou o caso na manhã desta segunda-feira (8). O corpo foi sepultado em Canoas e a caloura estava em Lages desde fevereiro.

Durante a coletiva, na tarde de segunda-feira (8), na Secretaria Regional de Saúde, que reuniu representantes da Dive/SC, Vigilância Epidemiológica do Município, direção do Centro Agroveterinário e da Secretaria Regional de Saúde, orientações foram repassadas, principalmente porque a notícia da morte foi disseminada e causou apavoramento e correria às Unidades de Saúde, Pronto Atendimento e clínicas em busca de informação e ou vacina.

A responsável técnica pela meningite da Dive/SC, Gisele Barreto garantiu que o caso é raro, e somente quem teve contato íntimo prolongado com a acadêmica precisa tomar medicação. A Vigilância Epidemiológica do Município tem até 10 dias para localizar esse grupo e tomar as providências. Mesmo após identificar quem teve esse tipo de contato com a estudante de 18 anos, entrevistas serão realizadas para apontar se a pessoa atende ou não os critérios para receber o tratamento.

Doenças são diferentes

Outra informação que se espalhou é que a moça teve meningite, o que não procede. Meningite é um processo inflamatório das meninges (membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal). Nicole desenvolveu a doença meningocócica pelo sangue. Doença rara que atinge uma pessoa a cada 100 mil habitantes. Para se ter um ideia, ano passado foram identificados 89 casos em Santa Catarina e 16 óbitos. Neste ano são 8 casos e essa foi a primeira morte no Estado. Para desenvolver a doença é preciso estar suscetível, ou seja, com a imunidade baixa, por exemplo.

Vacinação

A imunização é recomendada antes de um ano de vida, faixa etária com maior incidência, segundo estudo realizado pelo Ministério da Saúde, medida adotada no Brasil é eficaz. A morte confirmada menos de 12 horas após o primeiro atendimento no Pronto Atendimento, levou à investigação dos órgãos competentes.

Como foi o atendimento

“A paciente foi atendida na quinta-feira. Deu entrada com febre e dor de ouvido. Foi medicada e pela ausência de febre foi para casa.  Na madrugada de sexta-feira teve outros sintomas: vômito, diarréia, falta de ar e apresentou manchas vermelhas por todo o corpo. O Samu foi acionado e ela foi conduzida ao Pronto Atendimento, teve duas paradas cardiorrespiratórias e evoluiu para o óbito às 10h da manhã. Uma doença difícil de identificar, pouco comum no dia a dia dos  médicos”, explica, a  diretora de atenção básica da Secretaria de Saúde, Francine Formiga, ao lembrar que amostra de sangue da acadêmica foi enviada ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-SC) que identificou como agente causador a bactéria Neisseria meningitidis, confirmando o caso.

O diretor geral do CAV, Clóvis Gewehr disse que por conta da dimensão que o assunto tomou fará palestras, hoje, no Centro de Convivência, para acalmar os ânimos e tirar as dúvidas.

Nota divulgada pela Dive

Segundo a nota publicada no site da Dive/SC, a doença meningocóccica (meningococcemia/meningite meningocóccica) grave, de evolução rápida, cujo prognóstico depende do diagnóstico precoce e da instituição rápida do tratamento. Ela tem distribuição universal e faz parte da lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória. As meningites de origem infecciosa são as mais importantes do ponto de vista de saúde pública considerando a magnitude da sua ocorrência e o potencial de produzir surtos.

A transmissão se dá por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe, contato íntimo (residente da mesma casa, pessoas que compartilham o mesmo dormitório ou alojamento ou contato direto com as secreções respiratórias do paciente. O meningococo não sobrevive no meio exterior e a transmissão é de pessoa a pessoa. Geralmente o transmissor do meningococo é um portador sadio, que convive com o caso índice.

Quimioprofilaxia

As medidas de controle têm por objetivo prevenir casos secundários, a quimioprofilaxia que visa erradicar os agentes causadores de doenças invasivas da oronasofaringe dos portadores sadios que, via de regra, estão entre os contatos íntimos do caso índice, além de prevenir casos secundários. Porém, a quimioprofilaxia não impede a doença no casos em que já está em incubação. Os casos secundários são raros e, geralmente, ocorrem nas primeiras 24h após a notificação do caso suspeito, considerando 10 dias antes do início dos sintomas. A quimioprofilaxia está indicada para os contatos domiciliares do doente, incluindo os domicílios coletivos como internatos, quartéis e creches e, nesse caso, limita-se a pessoas que compartilhem o dormitório com o doente.

O antibiótico de escolha para a quimioprofilaxia é a rifampicina, que deve ser administrada em dose adequada e, simultaneamente e exclusivamente, a todos os contatos íntimos. A recomendação para uso preferencial e/ou restrito da rifampicina, além do tratamento da tuberculose no país, visa evitar a seleção de cepas resistentes de meningococos.

 

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