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Morre a primeira engenheira civil de Santa Catarina
A lageana Conradine Taggesell morreu, na noite de quarta-feira (22), de parada cardiorrespiratória, em Curitiba, cidade em que morava. Em 2017, no lançamento do acervo digital do Correio Lageano, foi homenageada, e esteve no evento realizado no Centro Cultural Vidal Ramos.
Ela foi a primeira engenheira civil de Santa Catarina. Em 1952 fez vestibular e passou na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná. Seu nome está em um memorial, no prédio antigo da Federal, da Praça Santos de Andrade, junto de outros engenheiros. No ano de 1957 a sua formatura foi destaque na capa do CL.
Quando foi entrevistada pelo jornal, em 2012, demonstrava muita energia, confiança e espiritualidade. Na época falou sobre a infância, lembranças do pai, morte dos filhos e carreira profissional. E, também, sobre a morte. “Para mim a morte é apenas um instantâneo do processo da vida”.
Filha de alemão, sofreu todas as agruras de ser descendente ariana em plena 2ª Guerra Mundial, quando o Brasil declarou guerra contra a Alemanha Nazista de Adolf Hitler, em 1942. Lembrou do pai e da prisão durante o período.
“A perseguição aos imigrantes alemães, particularmente em Santa Catarina, foi cruel e arbitrária e a pessoa dele não escapou à regra, pelo contrário, foi bastante visado por ser referência entre seus patrícios. Esteve no presídio da Trindade e, após 14 longos meses de detenção, foi absolvido por falta de provas”.
Conradine sempre esteve à frente do seu tempo, lembra que quando jovem não tinha a menor inclinação para os serviços domésticos, o que na época era pouco comum. “O que eu gostava mesmo era de estudar. O banco da escola era o meu lugar mágico”.
Além da engenharia, cantou música erudita, ópera, regeu e foi solista de coral, e declamava poesia. Ainda foi campeã de salto em altura. “No decurso de minha vida, gostei de muitas coisas, de esportes, de música, mas minha prioridade era o curso que eu escolhera e posteriormente o trabalho profissional”.
Ao se referir ao preconceito sofrido pelas mulheres disse que “atravessamos séculos de cultura machista; além de outros tipos de preconceito”.
Veja matéria completa publicada em 2012:
Engenheira lageana: ‘O banco da escola era o meu lugar mágico’