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Mauro Mariani (MDB), candidato ao Governo de Santa Catarina

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Foto: Gislaine Couto

Correio Lageano: O senhor fala em descentralização do governo do Estado. Este plano será colocado em prática com o manutenção das Agências de Desenvolvimento Regional?

Mauro Mariani: Tem que entender o momento em que Santa Catarina vivia quando a criação das então Secretarias de Desenvolvimento Regional pelo Luís Henrique da Silveira há 16 anos. Quando chegamos no governo, encontramos um Estado com 54% sem nenhum acesso pavimentado, milhares de catarinenses sem luz elétrica que viviam na escuridão. Os moradores de Canoinhas tinham que sair do município e viajar 500 km para fazer tratamento de câncer em Florianópolis. Essa era SC daquele momento. O LHS com o intuito de corrigir essas diferenças regionais, trouxe a tese e implantou a descentralização administrativa. Ela foi muito efetiva e deu muito resultado, não há como negar. Tanto é que, dos 54 municípios, nós no governo LHS inauguramos 50 e outros 4 deixamos em obra, que no seu primeiro ano de mandato o Raimundo inaugurou.

Santa Catarina foi o primeiro estado na América Latina que ainda tem todos os municípios ligados por asfalto, isto é só um exemplo. Os tratamentos de saúde se espalharam pelo estado, é uma interiorização da saúde pública. Claro que precisamos avançar mais, mas houve, efetivamente, uma interiorização da saúde. Então, vários avanços aconteceram. De lá para cá, passou o tempo, o mundo mudou, a sociedade mudou. Naquele tempo, não sei nem se existia Orkut, hoje estamos de Facetime, Whatsapp, o mundo se modernizou. É um outro momento da sociedade, então talvez a presença física neste momento não seja mais necessária.

Então, eu defendo a tese da descentralização, até porque sou formado em gestão pública e sei que o recurso quanto mais próximo do seu destino, melhor e maior o seu efeito, então não tem como combater a descentralização. Agora, a forma que temos que discutir e estamos dispostos. Eu imagino que não sejam necessárias nem 36, que já não são mais e nem 21. Eu imagino algo em torno de 6 ou 7 secretarias fortes, a exemplo da secretaria de Chapecó, uma secretaria aqui em Lages, para toda a Serra. Mas uma secretaria com possibilidade de decisão, resolução, com orçamento, com condições de fazer a licitação das escolas, para fazer tapa buraco, roçada de rodovias, que nem isso fazemos. E mais, não adianta se dizer que vai fechar SDR, porque é o grande problema de SC. Isso é bobagem, isso é discurso de quem não conhece a gestão pública.

Nós temos as regionais da Epagri, Cidasc, saúde, educação, que não tem como fechar, seria um retrocesso do ponto administrativo fechar. Como é que vamos fechar a regional da Cidasc, que tem um candidato dizendo que vai fechar, num estado com uma economia do agronegócio muito forte. É um absurdo. Então, dentro deste aspecto, vamos reavaliar a descentralização, reduzir drasticamente o número das regionais e aquelas que persistirem, terão orçamento e peso político para resolver as questões.

Como o senhor encara o desafio de trazer renovação, sendo que seu partido está há 16 anos no governo? (8 anos LHS e 8 anos de Pinho Moreira)

Eu combati esta coligação. Eu não estou há 16 anos. A minha última participação no governo foi em 2010, quando LHS entregou, eu fui contra a coligação com PSD na eleição e reeleição. Inclusive, levei as últimas consequências, disputei a convenção para ser candidato lá na época. Então, não me coloque nesse balaio, “tô” fora. Não fiz parte deste governo, sempre fui um crítico, até pelos resultados que acabaram aparecendo agora no final. Nos últimos anos quem foi governo de SC foi PSD. Raimundo Colombo, este foi o governador. Quem tinha a caneta, quem mandava no governo. Você deve ter notado que o próprio Pinho Moreira, muitas vezes reclamou que não tinha participação, que não era ouvido, poder de decisão. Nós somos a renovação e inclusive interna. Quem conhece minha trajetória sabe que fiz uma disputa interna no MDB, essa candidatura é herança de uma luta, trabalho, convencimento, de disputa inclusive interna no partido, tanto eu quanto o Napoleão Bernardi. Nós temos uma trajetória escrita por nós mesmo.

Então a renovação seria o MDB estar com o poder de decisão?

Não diria trazer o MDB, mas trazer o Mauro Mariani e o Napoleão Bernardi é renovação, inegavelmente. Ou não é renovação? Obviamente que é. Nós somos a renovação, a minha luta é de renovação, inclusive dentro do partido. Eu lutei, enfrentei, a cúpula partidária em Brasília e aqui. Em Brasília votei contra o Michel Temer, pedi para que aquela cúpula renunciasse, porque estavam atrapalhando o MDB de SC. Aqui travei lutas homéricas sempre, liderei uma ala do partido contrária a essa coligação e que ia dar exatamente no que deu. Então eu tenho a minha própria trajetória e se isso não é renovação, então me desculpe. Obviamente que a chapa Mauro e Napoleão é a mais pura renovação da política catarinense, quem conhece e acompanha a política de SC, sabe disso.

O fato de ser do mesmo partido do presidente Michel Temer é positivo ou negativo?

Positivo porque eu combati, votei contra o Temer. Não é porque sou do mesmo partido que me submeto aos desígnios daquele partido. Aliás, não tenho medo. Uma palavra que não existe na minha trajetória é medo. Quando todo mundo correu atrás da cerca, eu fui em frente e votei contra o Temer, fui lá na reunião da executiva, olhei no olho de Romero Jucá, Renan Calheiros e disse: Olha, vocês têm que renunciar ao partido, vocês fazem mal ao partido. Essa é minha posição. Eu não tenho nada a ver com isso. O MDB nosso é outro. O MDB é um partido construído em 52 anos de história, de luta, trajetória. Não tenho nenhuma passagem na minha vida pública que me envergonha, ao contrário, tenho muito orgulho da história que construí.

A sua coligação apoiará o candidato Alckmin do PSDB ou o candidato Henrique Meirelles MDB?

A nossa coligação temos PSDB, PR E PPS que apoiam o Alckmin e o MDB tem o candidato próprio. O que tem que levar em conta e eu tenho dito, o Alckmin e o Meirelles disputam o mesmo espectro de eleitores, caminham na mesma banda, na mesma faixa. E não tem espaço para os dois, um vai ter que descolar do outro. É natural isso. Eu penso que, majoritariamente, as lideranças apoiam o Geraldo Alckmin e no decorrer da campanha, um deles tenha viabilidade e esse que terá mais viabilidade, eu tenho a impressão que os votos irão naturalmente migrar para o que mais viabilidade.

Por que o senhor acha que deve ser eleito?

Virar a página na política catarinense, para dar oportunidade para uma nova geração de políticos, de gente que construiu sua própria história, de gente que já provou que tem capacidade na área administra, por onde passou e nós temos claramente isso. Gente que, além de ser renovação, traz consigo experiência, trabalho de uma nova política, de fazer enfrentamento dos velhos problemas de maneira diferente em SC. O Napoleão e o Mauro trazem claramente essa opção, de renovação com experiência, de quem já teve oportunidade de mostrar serviço e mostrou. Porque na política tem aqueles que falam e aqueles que fazem e nós já tivemos a oportunidade de demonstrar, é só procurar o meu passado, por onde passei, se fiz ou não fiz, se sou daqueles que só falam ou dos que fazem e o Napoleão da mesma forma. Então é isso, se tenho convicção que o eleitor está muito mais atento ao cenário político, ele vai pesquisar mais, entender melhor e acredito que somos uma boa opção.

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