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Mais da metade dos brasileiros estão acima do peso
A prevalência da obesidade volta a crescer no Brasil, é o que aponta a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, do Ministério da Saúde. Sobre esse índice, houve aumento de 67,8% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018. O Brasil nos últimos três anos apresentava taxa estáveis da doença. Desde 2015, a prevalência de obesidade se manteve em 18,9%.
O endocrinologista Carlos Fernando Coruja Agustini concorda com os números e explica que o crescimento da obesidade também pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão. As doenças crônicas não transmissíveis pioram a condição de vida e podem matar.
Coruja atribui esse crescimento a falta de atividades físicas, estresse e ao comer mal (alimento ultraprocessado, alto teor de gordura e rico em açúcar). Para ele, as muitas ofertas de alimentos no mercado contribuem para as estatísticas. E a situação se agrava pelo fato de que, balancear o cardápio é uma tarefa difícil principalmente pela correria do dia a dia. Os alimentos estão a mão e na prateleira. Em casa armazenados na geladeira garantem durabilidade e por consequência reduzem as idas ao supermercado na busca por alimentos frescos e saudáveis. “Um copo de suco de laranja é altamente calórico. Você tem que comer a fruta. Tomando suco não dá trabalho para o organismo de metabolizá-lo”, alerta.
Além disso, dependendo do ambiente, a obesidade ganha aliados sobretudo porque pode-se considerar a predisposição para desenvolver a doença.. “Há pais que estão acima do peso e querem que o filho faça dieta”, argumenta. O médico alerta, “cuidar da alimentação é fundamental para evitar doenças causadas por falta de nutrientes e combater a obesidade”.
Embora Priscilla Rossi não esteja incluída na população que está acima do peso ela faz atividades físicas há 10 anos. A ortodentista frequenta a academia três vezes por semana. “Optei por um personal porque as atividades são monitoradas e o profissional estimula e disciplina os exercícios e o resultado são visíveis”, explica Priscilla que é aluna da personal trainer, Isabel Broering.
No seu estúdio, Isabel tem percebido que cresceu o número de pessoas preocupadas com a saúde buscando atividades físicas. Ela também notou que as razões estéticas atingem 5% entre os cerca de 50 alunos matriculados. “As pessoas estão mudando os hábitos e cuidam da saúde”, garante.
Por outro lado, a mesma pesquisa mostra a mudança nos hábitos alimentares da população. Os brasileiros estão consumindo menos ingredientes considerados básicos e tradicionais. O consumo regular de feijão diminuiu 67,5%, em 2012, para 61,3%, em 2016.
Apenas um entre três adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana. Esse quadro mostra a transição alimentar no Brasil, que antes era a desnutrição e agora está entre os países que apresentam altas prevalências de obesidade. Contudo, a outra importante mudança segundo o estudo é a redução de 53,4% do consumo regular de refrigerante e suco artificial entre os adultos. A diminuição foi identificada, entre 2007 a 2018, em todas as faixas etárias e em ambos os sexos
Índice de Massa Corporal é confiável, diz médico
Coruja explica que para avaliar a obesidade e o excesso de peso, pode-se basear pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que é um parâmetro mundial confiável. Divide-se o peso pela altura elevada ao quadrado. Só não pode ser aplicado em criança e idosos (ao envelhecermos perdemos massa muscular). Por meio do indicador, é possível classificar um indivíduo em relação ao seu próprio peso, bem como saber de complicações metabólicas e outros riscos para a saúde.
O mesmo levantamento realizado em 2018, também apontou que o crescimento da obesidade foi maior entre os adultos de 25 a 34 anos e 35 a 44 anos, com 84,2% e 81,1%, respectivamente. Apesar de o excesso de peso ser mais comum entre os homens, em 2018, as mulheres apresentaram obesidade ligeiramente maior, com 20,7%, em relação aos homens,18,7%.
Na contramão do aumento dos percentuais de obesidade e excesso de peso, o consumo regular de frutas e hortaliças cresceu 15,5% entre 2008 e 2018, passando de 20% para 23,1%. A prática de atividade física no tempo livre também aumentou 25,7% (2009 a 2018), assim como o consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas caiu 53,4% (de 2007 a 2018), entre os adultos das capitais. Também ao informar que receberam o diagnóstico médico de diabetes (40%), entre 2006 e 2018, os entrevistados demonstraram ter maior conhecimento sobre sua saúde, o que os motivaram a buscar os serviços de saúde, na Atenção Primária, receber o diagnóstico e iniciar o tratamento.
Atividade ao ar livre
O estudo revelou que a prática de alguma atividade física no tempo livre, pelo menos 150 minutos na semana, aumentou 25,7% (de 2009 a 2018) no Brasil, saindo de 30,3%, em 2009, para 38,1% em 2018. Os dados apontam que a prática de alguma atividade física no tempo livre é maior entre os homens, 45,4% do que entre as mulheres 31,8%. Quando verificado a incidência por faixa etária, o aumento é mais expressivo na população de 35 a 44 anos, com crescimento de 40,6% nos últimos dez anos. Em relação à inatividade física entre os brasileiros, a pesquisa apontou queda de 13,8%, em relação a 2009. O percentual de inatividade entre as mulheres foi 14,2% e entre os homens de 13%.