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Lages recicla menos de 5% do lixo
Os lageanos produzem cerca de 140 toneladas de lixo por dia, deste total, 50% poderiam ser aproveitados, mas apenas 3,3 toneladas, o que corresponde a menos de 5%, vão para a reciclagem. A cidade, aliás, é a única da região que ainda não tem o Plano Municipal de Resíduos Sólidos, que inclui tratamento e reciclagem do lixo, conforme determina a Lei Federal 12.305, de 2 de agosto de 2010.
A questão envolvendo o lixo em Lages foi tema de audiência pública, na última quarta-feira, na Câmara de Vereadores do município. Segundo o vereador Moisés Savian (PT), um dos proponentes do evento, a sessão teve como objetivo debater o assunto e apontar soluções quanto à gestão dos resíduos sólidos e rejeitos produzidos na cidade.
Para Savian, a questão do lixo é um desafio não só do poder público, mas também de toda a sociedade, que deve ter consciência na hora de descartar os resíduos. Neste sentido, o morador deve contribuir fazendo a seleção correta. O lixo orgânico, por exemplo, poderia muito bem ser usado em jardins e hortas.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Euclides Mecabo, o Tchá Tchá, afirmou que a prefeitura está trabalhando para criar o plano municipal de resíduos sólidos. O Governo do Estado e o Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) seriam parceiros no projeto. Dentre outras vantagens, principalmente do ponto de vista ambiental, o plano permitirá que o município possa buscar recursos financeiros nas esferas estadual e federal para investir na gestão do lixo.
“Encaminhamos ao Governo do Estado pedido de recursos para implantar o projeto, que custa em torno de R$ 300 mil, mas até agora não recebemos retorno. Se não houver uma resposta, vamos procurar outra solução e implantar o plano até o ano que vem”, assegurou.
Enquanto não cria o plano, o município, segundo o secretário, executa algumas ações no sentido de dar a destinação correta de pneus, vidros e lixo eletrônico, entre outros resíduos. Atualmente, o município gasta cerca de R$ 9 milhões por ano com a coleta, transporte e destinação final de todo o lixo da cidade.
Município reconhece que é preciso melhorar
Tchá Tchá reconhece que o município precisa melhorar a gestão do lixo. Além de criar o plano municipal de resíduos sólidos, necessita, por exemplo, aumentar o apoio à Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis de Lages (Cooperlages), que faz a coleta e o processamento de parte dos resíduos sólidos da cidade (existem ainda os catadores autônomos que contribuem com a coleta).
Atualmente, a prefeitura repassa à entidade R$ 44 mil por mês, além disso, cede três caminhões para a coleta. Contudo, as condições de trabalho dos cooperados são limitadas. Atualmente, a cooperativa faz a coleta em apenas 35 bairros da cidade. 38 famílias trabalham no processo.
Após chegar à cooperativa, o lixo passa por uma esteira, sendo separado de acordo com o tipo de material. Apenas 30% do que chega lá, porém, é reaproveitado. Isso acontece porque a população ainda tem o hábito de separar mal os materiais, misturando resíduos sólidos ao seco. O material reciclado é vendido para empresas e o dinheiro repassado aos cooperados.
Aterro tem vida útil até 2026
Todo o lixo gerado em Lages é levado para o aterro municipal, que fica às margens da BR-282, na localidade de Índios. O local recebe, em média, 4 mil toneladas de resíduos por mês, com tratamento de chorume, dentre outros serviços. Recebe material de Lages, empresas privadas e de outros 11 municípios da Serra.
De acordo com o gerente do aterro, Bruno Bittar, o local tem vida útil até 2026, contudo, tem espaço para operar por pelos menos mais oito anos. “Este prazo é definido com base em estudos sobre o volume de material recebido e o crescimento populacional da região”, disse.
O aterro recebe todo o tipo de material, alguns poderiam muito bem ser reaproveitados e vendidos, como garrafa pet, sacolas plásticas, latinhas de alumínio, dentre outros. Isso significa que muito dinheiro está sendo enterrado. Savian estima que, pelo volume de coleta em Lages, cerca de 900 famílias poderiam estar trabalhando com reciclado na cidade.
Áurea Pucci
19/10/2018 at 17:23
O maior problema é a falta da regularidade na coleta. Moro no Bairro Copacabana, entre a rua São Joaquim e av. Carah e o caminhão não passa. Preocupante, se considerarmos que a maior parte do lixo doméstico é reciclável .
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