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Lageano conquista Prêmio Catarinense de Cinema
É do cineasta Armin Daniel Reichert o Prêmio Catarinense de Cinema 2019. O roteiro, A Vingança é um Beijo de Fogo no Sereno, será rodado em Lages, a partir de 2020 e tem prazo de conclusão previsto para 18 meses. O filme é um curta-metragem de ficção. Foi escrito há mais de cinco anos; talvez, esperando o melhor momento de vir a público. A escolha do roteiro contou com a insistência de Lucas, filho do cineasta. “Estava engavetado faz tempo e por incentivo do meu filho, que sempre falou que era o seu roteiro favorito, acabei escolhendo”, conta. Ele fala do incentivo em tom de agradecimento porque, segundo ele, foi essencial em um momento que estava em dúvida entre qual projeto inscrever.
Essa é a primeira vez que o prêmio vem para Lages. Isso já marca a importância da divisão regional dessas premiações que, historicamente, se concentraram nas cidades com polos universitários de cinema. Armin comenta que o prêmio, além de um reconhecimento pelo esforço dos realizadores locais, em tentar manter uma cena de produção longe da capital e dos centros universitários de cinema, é também um estímulo para a região serrana buscar formação, aperfeiçoar projetos e conquistar seu espaço. “Não queremos competir, nem tentar ser melhor que ninguém, apenas buscamos o direito de fazer cinema como em qualquer lugar do Brasil, um direito que é de todos e não apenas de quem fez um curso específico, ou mora em um grande centro”, analisa.
Do que trata o filme
A história mostra a trajetória de Jaime, um pacato funcionário público, de 40 anos, que após a trágica morte da irmã retorna para a sua cidade natal, Lages. O que era para ser um simples reencontro familiar se transforma em uma trágica caçada ao assassino da sua irmã.
Armin explica que o filme tem como objetivo causar reflexão sobre ambientes tóxicos e suas consequências, também os excessos na liberdade individual, o machismo estrutural no meio familiar e a violência como provação em um meio social. “A obra pretende passar uma mensagem expressa de que violência gera violência”, reflete. Também é um filme sobre família e seus conflitos, situações onde todos são vítimas e, ao mesmo tempo, algozes. A obra será inscrita em festivais, canais de TV e, posteriormente, plataformas virtuais; pode também se tornar uma ferramenta para estudo de questões psicológicas, sociais e jurídicas.
Gravações começam no próximo ano
O filme será gravado em Lages, onde profissionais de outras cidades, experientes com esse tipo de produção financiada por editais, trabalharão junto com os profissionais locais que formam o Coletivo Audiovisual Lageano (CAL), pois, segundo Armin, a ideia é proporcionar uma troca de experiências. “É muito importante salientar que muitos profissionais de vários setores produtivos ganham com uma produção desse porte, o cinema não emprega apenas profissionais desse setor, mas diversos prestadores de serviços são beneficiados, como a rede hoteleira, gráficas, indústrias de alimentação e têxtil, o comércio, profissionais autônomos, como motoristas, cozinheiras, eletricistas, entre outros, criando uma cadeia produtiva e sustentável economicamente.”
Prêmio Catarinense de Cinema
Este ano, o prêmio teve um valor recorde distribuído a projetos em 26 categorias, R$ 19,2 milhões. Os recursos são oriundos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura, e do Governo Federal, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual e Agência Nacional do Cinema (Ancine). Esse é o principal fomento do audiovisual catarinense.
Além do valor recorde e das inscrições digitais, o Edital Prêmio Catarinense de Cinema 2019 também trará outras novidades: novas modalidades para games, festivais, capacitação, comercialização e outras categorias estruturantes do setor, como a divisão de algumas categorias por mesorregiões onde pelo menos um projeto de cada região é contemplado estando em conformidade com as normas do edital. O projeto de Armin foi classificado na modalidade de produção na categoria curta-metragem dentro da mesorregião serrana.