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Intervenção é ameaça ao PMDB
Lages, 24/06/2010, Correio Lageano
Indignação, revolta e indefinição. O PMDB catarinense nunca imaginou que pudesse ser engolido por ele mesmo, sendo o maior partido do Brasil. A ameaça de intervenção federal deixou o partido acéfalo no Estado e na convenção, daqui a dois dias, ninguém sabe o que pode acontecer.
“Hoje, vivo a maior frustração política. O que está fazendo Michel Temer é um ato de ditador. Me sinto envergonhado. E pior de tudo é que o PMDB está cedendo a uma situação imposta pelo PT”. O desabafo é do deputado Elizeu Mattos, líder do governo no Assembleia Legislativa, que participou ontem de reunião de emergência da bancada.
Os deputados entraram para a reunião com objetivo de encontrar uma saída à crise política e saíram mais confusos. “Não sabemos de mais nada. Menos ainda, do que pode acontecer”, declarou Elizeu Mattos.
A imposição do PMDB nacional de intervenção e exigência de que o partido tem de concorrer com chapa pura em Santa Catarina, pode levar os deputados à uma “candidatura solo” nas eleições de outubro. Elizeu Mattos revelou que vai cuidar é da sua reeleição, caso seja mantida a imposição. Visivelmente desgastado e sem autonomia própria, o PMDB catarinense vai promover mais uma reunião, hoje, às 9h30min, na sede do diretório estadual. Desta vez, com os deputados da bancada federal.
Ontem, Elizeu Mattos passou grande parte da tarde na casa do ex-governador Luiz Henrique. Estudam a possibilidade de impetrar ação judicial que garanta, na convenção estadual, a oficialização da tríplice aliança e rejeição de eventual intervenção.
O presidente estadual do partido, Eduardo Pinho Moreira, já informou os colegas de legenda que, com chapa pura, não disputa as eleições. Também não aceita coligar-se com o PT. O receio dos peemedebistas é que uma eventual intervenção torne inelegíveis os candidatos a deputados.
Por outro lado, o primeiro vice-presidente do PMDB em Santa Catarina, deputado João Matos, afirmou que a Executiva Nacional e o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, aceitaram acordo para evitar, por ora, um processo de intervenção no diretório catarinense. Segundo o deputado catarinense, até o fim da semana, políticos de Santa Catarina tentarão costurar um acordo para uma chapa pura na corrida pelo governo.
Após a desistência de Eduardo Pinho Moreira de disputar o governo do estado (situação que motivou o risco de intervenção) os peemedebistas trabalham com os nomes do deputado estadual Edison Andrino, cuja pré-candidatura já foi inscrita no partido. “Pedimos a suspensão da intervenção porque estamos trabalhando e vamos confirmar uma chapa do PMDB”, disse João Matos.
Apesar da evolução no impasse catarinense, o parlamentar não descarta um “confronto judicial” caso a Executiva do PMDB se oponha a uma eventual vitória, na convenção estadual marcada para sábado (26), da proposta de se aliar ao DEM e consequentemente ao projeto de eleição do senador Raimundo Colombo (DEM) ao governo estadual.
Durante o dia, o presidente Michel Temer chegou a fazer um apelo para que a convenção estadual do PMDB em Florianópolis fosse transferida para o próximo dia 30, a fim de ter mais tempo para demover os dissidentes de apoiar o DEM.
Foto: Divulgação