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Ideb não representa sozinho a qualidade da educação
Apesar dos investimentos, considerados altos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), na educação municipal de Lages, os resultados foram considerados muito aquém pelo tribunal, o qual apontou que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município, em 2017, foi de 5,4, e a média nacional, foi 6.
Este parecer foi apresentado à prefeitura e não agradou os gestores, pois, apesar desse número ser o último divulgado pelo órgão, está desatualizado.
A Secretaria de Estado da Educação informou que números mais recentes serão revelados no segundo semestre deste ano e a expectativa é que o índice chegue a 6, devido aos investimentos que têm sido executados.
Entre os investimentos feitos pelo município, de acordo com a Secretaria da Educação, aproximadamente, 90% vão para a folha de pagamento dos professores, que têm salário inicial de R$ 2,5 mil para uma carga horária de 40 horas. Além disso, ainda segundo a secretaria, há um grande trabalho fora da sala de aula, em média mais 20 horas, segundo a secretária municipal, Ivana Michaltchuk.
Para chegar a este índice do Ideb, leva-se em conta o aprendizado através do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), a quantidade de reprovações e a evasão escolar. A secretária afirma que é prematuro fazer uma análise simplista, levando-se em conta somente o Ideb.
“O contexto educacional é bem mais do que esses fatores avaliados pelo Ideb. Só para se ter uma ideia, nós oferecemos café da manhã, lanche e almoço, mesmo tendo 50% menos recursos federais, mantemos o mesmo trabalho. Na escola que conhecemos em Sobral, no Ceará, era só almoço.”
Como forma de melhorar o ensino, além do bom investimento nos salários, a secretária afirma que há formação continuada e que, apesar de não ser obrigatório, a maioria dos profissionais optam em se qualificar. “No ano passado, demos mais de mil horas de cursos.”
Há também projetos educacionais, como o de Educação Fiscal, por meio do qual o aluno aprende a ter um olhar cidadão sobre sua vida. O projeto acontece em parceria com a Receita Federal. Há, também, o projeto Jovens Empreendedores, que ensina sobre o empreendedorismo e sua importância.
Profissionalização
A secretária explica que outra maneira de melhorar o índice do Ideb foi adequar os alunos que repetiram de ano e estavam com distorção entre idade e série.
Foram feitas classes especiais com professores capacitados e a cada um ano de estudo nesse modelo, adiantava-se mais uma série. Essa forma de estudo, conhecida como correção de fluxo, é garantida por lei. Também foram incluídos estudantes no projeto Pontes para o Amanhã. Nele, foi possível terminarem os estudos, na Educação de Jovens e Adultos (EJA), ao mesmo tempo em que fizeram curso profissionalizante no Senai.
Adversidades
Um dos problemas enfrentados pela secretaria é o número alto de atestados médicos dos professores e o corte de verbas do Governo Federal.
“Sabemos da dificuldade de trabalhar com pessoas e, infelizmente, essa realidade é nacional. Inclusive, temos professores que são readequados para fora de sala de aula, devido aos atestados médicos que determinam isso.”
Outra situação que piora a qualidade de ensino é falta de acompanhamento dos responsáveis pelos alunos. Segundo a secretária, muitos pais não sabem se os filhos estão efetivamente indo para a escola e participando das atividades.