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Hamas rejeita entrada de ajuda humanitária a Gaza das mãos de israelenses
Gaza, 10/06/2010, (EFE)
O movimento radical islâmico Hamas se nega a receber a ajuda humanitária retida no ataque militar israelense à frota que a levaria para a Faixa de Gaza e quer que a carga seja devolvida às organizações que a doaram, em vez de entrar no território palestino por Israel.
O movimento islamita, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, culpa Israel de ser o principal obstáculo para que a ajuda humanitária que viajava nos navios interceptados em águas internacionais chegue aos palestinos, acusações que os israelenses negam taxativamente.
"Israel não quer que nenhuma ajuda chegue a Gaza e continua enganando a opinião pública do mundo e dizendo que enviou a ajuda à faixa", disse nesta quinta-feira o porta-voz do Governo islamita do Hamas Fawzi Barhum.
O porta-voz assegurou que seu grupo não rejeita receber a ajuda, mas é o Estado judeu que "se nega a devolvê-la às organizações internacionais que a recolheram em diferentes países".
Barhum insistiu em que os produtos a bordo dos navios têm que chegar a Gaza "através das ONGs, e não das forças de ocupação, para garantir que cheguem às famílias pobres".
Por sua parte, Guy Inbar, porta-voz do organismo militar israelense encarregado da Administração dos territórios palestinos ocupados, disse que "oito caminhões com ajuda humanitária da frota foram descarregados no cruzamento de Kerem Shalom (na fronteira com Gaza), onde esperam que o Hamas aceite a ajuda".
O porta-voz israelense informou, em comunicado, que até o momento "foram carregados mais de 60 caminhões com roupas, cobertores, mochilas, colchões, cadeiras de bebes, armários e equipamentos médicos como cadeiras de rodas, equipamento de primeiros socorros, camas e remédios".
Ele assegurou que seu país "seguirá cooperando com diferentes atores da comunidade internacional e com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), para coordenar a transferência da assistência à população de Gaza", sem contar com o Hamas como interlocutor.
As acusações mútuas sobre como a ajuda deveria entrar na Faixa de Gaza se produzem em meio às pressões internacionais para que Israel coloque um fim ao bloqueio imposto ao território palestino há cerca de quatro anos.
Em 2006, três milícias palestinas, entre elas o braço armado do Hamas, capturaram o soldado israelense Gilad Shalit. Desde então, o bloqueio foi determinado e reforçado um ano depois da tomada do Hamas do território.
O ataque na semana passada à frota, que deixou nove ativistas turcos mortos, e sua péssima repercussão internacional forçaram Israel ontem a autorizar a entrada de alguns produtos antes proibido em Gaza.
Já o Egito, que também mantinha fechada sua fronteira com Gaza, abriu na semana passada, indefinidamente, a única passagem que compartilha com o território palestino, para facilitar a entrada de ajuda humanitária.
Segundo fontes ligadas ao Hamas, o secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Amre Moussa, deve visitar Gaza na semana que vem, para onde enviou hoje um emissário para preparar sua estadia.
Esta será a primeira ocasião em que Moussa visita Gaza depois da tomada do poder pelo Hamas, depois de expulsar as forças do Fatah, ligadas ao presidente da ANP, Mahmoud Abbas.
Tanto o Hamas quanto a ANP deram as boas-vindas à decisão de Moussa de visitar Gaza e expressaram sua confiança em que sirva para pôr fim ao bloqueio israelense e propicie um acordo de reconciliação palestina, mediada pelo Egito há muito tempo.
Foto: (EFE)