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Há mais de dois mil exames para serem feitos
Há mais de dois mil exames de ressonância na fila de espera do Sistema de Regulação Ambulatorial (Sisreg) de pessoas em Lages. A realização do exame pode demorar uma semana ou mais de dois anos. Tudo depende da gravidade do quadro clínico e se o médico especificou bem a situação do paciente no pedido do exame.
Se o caso for muito urgente, não há nem espera, porém o estado de saúde da pessoa deve ser descrito corretamente no pedido do exame. Se o médico escrever somente urgente na requisição, a junta de especialistas de médicos reguladores não avalia dessa forma e o paciente vai para o final da fila de espera.
Essa situação acontece em mais de 90% dos casos, segundo explica a secretária municipal de Saúde, Odila Waldrich. “Apesar de todos os médicos estarem capacitados, isso ocorre muito. Essa questão aumenta a espera do paciente, que precisa se consultar novamente com o especialista para conseguir o detalhamento correto do quadro clínico no Sisreg. Nós encaminhamos novamente para o médico, pedimos o favor dele encaixar na agenda e acelerar o atendimento da consulta.”
O aparelho de ressonância usado pelo município, era o que estava em funcionamento no Hospital Tereza Ramos (HTR) e atendia também a demanda dos pacientes internados no hospital, além dos que fazem tratamento contra o câncer. Porém, este equipamento estragou e foi consertado várias vezes, segundo a secretária Odila, só neste ano, no mínimo, foi 10 vezes para o conserto.
Um pedido de informação do deputado Marcius Machado (PL), feito em outubro, revelou que a vida útil do equipamento termina em dezembro deste ano. Na época, a Secretaria de Estado da Saúde negou a informação e alegou que os pacientes estavam sendo atendidos por meio de contrato mantido com empresas credenciadas (clínicas), situação que continua igual.
Foi divulgado também que quando a nova ala do HTR for inaugurada, haverá um aparelho de ressonância. O dado foi confirmado nesta sexta-feira pela assessoria, mas sem informar prazos.
A secretária Odila Waldrich espera que o processo licitatório para a compra do equipamento, que será usado no hospital, não se arraste por muito tempo, pois isso pode acontecer se uma empresa que perder o certame entrar com recurso.
Paciente não pode mais esperar pelo exame
Há dois anos esperando para fazer exame de ressonância, Gabriela Branco da Silva, 20 anos, não pode mais esperar. Sua família fez uma vaquinha e juntou cerca de R$ 2 mil para ela fazer a ressonância da coluna inteira.
Desde 2014, ela foi diagnosticada com escoliose, lordose, fibromialgia, bico de papagaio e hérnia de disco. “Foi preciso fazer o exame para ver como está minha situação, se tinha piorado. Tomo os medicamentos e é preciso trocar direto, pois não dá efeito por muito tempo.”
O resultado do exame mostrou que o estado de saúde dela piorou. Apareceram mais hérnias de disco, mais uma lordose na cervical e desgaste nas cartilagens. Agora ela espera janeiro chegar para conseguir entrar na fila do Sisreg e aguardar pela consulta do ortopedista. “Fui no posto de saúde e me disseram que há falta de médico, além disso, os que têm, estão de férias. Pediram para voltar na primeira ou segunda semana de janeiro.”
A indicação clínica para controle de suas dores é, além de tomar os medicamentos, fazer pilates ou natação. Mas nenhum desses tratamentos é coberto pelo SUS. Hidroterapia também foi sugerida pelo médico, porém a jovem conta que é muito difícil conseguir uma clínica credenciada pelo SUS.
Ela fez fisioterapia por algum tempo, mas conta que não resolveu seu caso, porque as dores continuaram. O último médico que ela foi, sugeriu que Gabriela caminhe duas horas por dia. “Eu caminho quando não estou com muita dor.”