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Há dois anos Deise luta pelos seus direitos
Em seu pescoço está um escapulário do Sagrado Coração de Jesus, no quarto uma capelinha de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, em seu coração muita fé e amor. Ela é conhecida pela sua resiliência, a forma como encara os problemas de seu cotidiano e leva a vida.
Com um sorriso no rosto, Miriam Margarete Ribeiro dos Santos, de 55 anos, abriu as portas de sua casa, no Bairro Santa Helena, para falar sobre a situação da sua filha Deise Mara Ribeiro dos Santos.
Faz dois anos que Deise sofreu um grave acidente de trânsito no Bairro São Cristóvão. Por ser um dia de sol, Deise tinha ido de moto ao trabalho. Dia 18 de janeiro de 2017, era por volta da 12 horas e a jovem havia acabado de sair do trabalho para ir em casa almoçar.
Aquele foi o instante que mudou sua vida por inteiro. Um caminhão a atropelou e a arrastou por aproximadamente 10 metros. Ela foi encaminhada em estado grave, pelo Corpo de Bombeiros, à emergência do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres.
Por estar encostada do trabalho, por motivos de doença, Miriam estava em casa e recebeu uma ligação do celular da filha, porém, ao atender percebeu que não era Deise do outro lado da linha. “Foi um policial que me avisou do acidente.”
Miriam saiu às pressas de casa, com a filha de Deise, Ana Luiza de 10 anos, para o hospital. Chegando lá, viu toda a equipe com quem a filha trabalhava e logo pensou no pior. Uma médica falou do estado grave de Deise e pediu para que Miriam rezasse. E foi o que ela fez. Miriam é mãe de seis filhos, Deise é uma das mais velhas. “A médica disse para mim que minha filha tinha 72 horas de vida. Mas eu sabia que ela iria sobreviver.”
Deise ficou por dois meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e mais 20 dias no quarto do hospital. Mesmo assim, foi para casa em coma. Acordou no Hospital Tereza Ramos, no quinto mês do coma.
O acidente deixou Deise tetraplégica e cega. Miriam e a filha moraram no HTR por oito meses, lugar onde precisou de muita paciência e força. Afinal, Deise retornou do coma diferente, muito agitada e gritando, na maioria das vezes.
Deise fez cirurgia na cabeça e na perna. A mãe fala que se tivesse condições financeiras, faria mais exames na filha para saber o motivo de algumas reclamações dela. A mulher de cabelos lisos, super vaidosa, coordenadora do setor de produção em um centro automotivo, Deise teve seu destino totalmente mudado.
Hoje, ela depende totalmente da mãe. Não movimenta nenhum dos membros. Consegue falar e lembra de todos da família. Mas teve a audição aguçada, segundo a mãe, qualquer som exagerado faz com que Deise se irrite. Os cabelos dela não são mais os pintados de loiro, mas são muito bem cuidados pela mãe, que zela pela higiene, medicamentos e alimentação.
Durante dois anos, mãe e filha sobrevivem da ajuda da empresa em que Deise trabalhava, do acerto do último emprego de Miriam e do seguro da moto que a seguradora do caminhão pagou. Com parte do dinheiro, Miriam comprou um guincho para conseguir levantar a filha e colocá-la sentada.
Mas agora, somente com o dinheiro do encosto pelo Instituto Nacional do Seguro Social, a mãe não sabe como irá fazer, afinal, ainda tem dívidas de dois anos, pois precisou de dinheiro emprestado para conseguir comprar comida e pagar as contas.
O aluguel custa R$ 500, de remédios e produtos de higiene gasta em média R$ 1.000. E ainda precisa de ajuda para comprar comida. A alimentação de Deise é por meio de sonda. Miriam diz que consegue fraldas mensalmente, mas que precisa comprar mais dois pacotes porque a doação não dá conta.
Além disso, para poder dar banho em Deise embaixo do chuveiro é necessário uma cadeira para tetraplégicos, já que com a cadeira de rodas comum, sua filha corre o risco de cair. Miram quer saber se a filha realmente ficará para sempre cega ou é algo momentâneo e, para isso, pede ajuda para um especialista.
O pedido de indenização do DPVAT por invalidez permanente foi negado, e, agora, Miriam lutará mais uma vez para ter essa garantia conquistada. Além disso, para conseguir que a filha se aposente, é necessário que Deise faça alguns exames, porém, está no aguardo de um eletroencefalograma desde março de 2018, exame que, segundo a Secretaria de Saúde, é feito por uma clínica em Florianópolis, já que em Lages não há um prestador deste tipo de serviço.
Segundo o secretário de Assistência Social e Habitação, Samuel Ramos, a família tem uma visita agendada para o dia 20 de fevereiro e reforça que Deise e a mãe receberão todo o auxílio necessário e lembra que o Cras está à disposição para qualquer necessidade. Foi verificado, por meio de sistema da Secretaria, que elas buscam por alguns direitos na justiça.
Quem quiser ajudar a família pode entrar em contato pelo telefone: (49) 99956-1322. Elas precisam de fraldas, alimentos, auxílio com medicamento e também com fisioterapia.