Economia e Negócios
Guerra comercial entre China e EUA pode trazer oportunidades a brasileiros
A guerra entre Estados Unidos e China, que tem dificultado a comercialização de alguns produtos entre os dois países, pois impõe barreiras comerciais, pode ser positiva para os brasileiros. É que com a restrição, abre-se mercado para os produtos brasileiros entrarem nas maiores potências produtora mundiais, possibilitando o crescimento da competitividade.
Basta o empresário identificar as demandas. Por outro lado, a briga pode ser negativa por causa do acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), assinado por mais de 150 países, inclusive o Brasil, cujas regras foram desprezadas tanto pelos chineses como pelos americanos, estremecendo uma relação comercial amistosa desde a década de 1990.
Em Santa Catarina, segundo a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação da Indústria de Santa Catarina (Fiesc), Maria Teresa Bustamante, a briga mostra pontos positivos e negativos.
Ela vê oportunidade de negócios para diferentes setores do Estado, mas considera, do ponto de vista de relações internacionais, os impactos negativos. Para ela, essa guerra comercial provoca o surgimento do protecionismos entre os países, o combate ao multilateralismo e, principalmente, a falta de apoio da continuidade da OMC.
“O Brasil defende que deve ter mercado aberto, buscar o multilateralismo, ou seja, a participação de vários acordos comerciais entre os países para que haja produtos e serviços sendo vendidos entre eles. O Brasil defende a cadeia de valor global agregada. Quer proteger a indústria local e os empregos, mas sem deixar de abrir mercado para terceiros”, explica.
Produtos catarinenses de diferente setores são exportados para dezenas de países, mensalmente. Dados de exportação da Fiesc, do primeiro semestre deste ano, apontam os destinos dos nossos produtos. A Argentina é a maior cliente e compra 23,8% do que é fabricado em seis meses.
Os Estados Unidos aparecem em segundo com uma fatia de 20,8% e a Alemanha importa 14,9%. Equador, México, Peru, Paraguai, Reino Unido, Países Baixos (Holanda), Bolívia, Portugal, Bangladesh, Uruguai, África do Sul e China entre outros completam a lista de clientes .
Serra Catarinense
O vice-presidente regional da Fiesc para assuntos da Serra Catarinense, Israel Marcon, acredita que essa discussão de taxação não deve impactar negativamente os negócios da Serra Catarinense. “Se olhar pela lógica dos EUA, que é um grande cliente nosso, fechar as portas para produtos chineses significa que produtos de outros lugares se tornam mais competitivos se falarmos da madeira, por exemplo”, disse ele.
Porém, observa que a questão do protecionismo preocupa o mercado catarinense. Essa estratégia prega um conjunto de medidas a serem tomadas no sentido de favorecer as atividades econômicas internas. Reduz e dificulta ao máximo, a importação de produtos e a concorrência estrangeira.
Setor de equipamentos agrícolas
Instalada há 39 anos em Lages, a J. De Souza Equipamentos Florestais, exporta 20% do que produz, mensalmente. Entrou no mercado internacional há 10 anos e exporta equipamentos e componentes da área florestal. Seu maior cliente são os chilenos, que compram 10% do que é exportado; os outros 10%, segundo o supervisor de vendas, Vinícius Oliveira, tem como destino Paraguai, Uruguai, Angola e Estados Unidos. “Exportamos entre 10 a 30 equipamentos por mês”, afirma o supervisor ao explicar que, “o nosso setor ainda está em fase de crescimento”.
Efeitos no Brasil
Lia Valls, pesquisadora da área de economia aplicada da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV), destacou que o país está numa situação delicada, já que EUA e China são os dois maiores mercados de exportação do país. “É complicado para o Brasil tender para algum, porque é importante preservar as relações diplomáticas.”
O governo norte-americano poderia, por exemplo, cobrar ações de retaliação contra a China, já que ofereceu isenção da taxa sobre o aço brasileiro. A especialista disse que é difícil estimar o impacto da contenda no PIB mundial, mas, diante da importância dos dois países, o efeito tende a ser grande. “China e EUA são os maiores exportadores e importadores mundiais. Se houver estagnação no fluxo comercial de ambos, o PIB mundial, com certeza, sofrerá um grande impacto”, avaliou Lia Valls.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, ressaltou que a economia chinesa teve papel muito importante para a economia mundial nas últimas duas décadas.
“O país inundou o mercado internacional com produtos mais baratos, e essa é a principal queixa do seu maior adversário econômico atualmente. Então, se começarem a ser barrados nos países desenvolvidos, os produtos chineses podem ser direcionados para outros, como o Brasil”, explicou. “Quem sofreria com isso, seria a indústria nacional. Os produtos mais baratos podem ajudar na inflação, mas reduzir o emprego na indústria nacional”, afirmou.
Município – Exportação – Participação
Lages – $ 86.996.876 – 49,3%
Otacílio Costa – $ 47.207.377 – 26,7%
Correia Pinto – $ 24.091.980 – 13,6%
Capão Alto – $ 8.342.357 – 4,7%
São Joaquim – $ 5.004.013 – 2,8%
Palmeira – $ 3.035.669 – 1,7%
Bom Retiro – $ 888.264 – 0,5%
Ponte Alta – $ 544.795 – 0,3%
Campo Belo do Sul – $ 432.274 – 0,2%
Total geral – $ 176.543.605 – 100,%
Produtos – Exportação – Participação
Papel Kraft, não revestidos – $ 62.089.699 – 35,2%
Outras preparações e conservas de carnes e miudezas – $ 31.095.750 – 17,6%
Recipientes de papel – $ 22.467.979 – 12,7%
Madeira serrada – $ 16.145.160 – 9,1%
Madeira densificada – $ 10.944.565 – 6,2%
Madeira compensada – $ 9.225.900 – 5,2%
Maçãs – $ 5.603.246 – 3,2%
Obras de carpintaria para construções – $ 3.284.157 – 1,9
Álcoois cíclicos – $ 2.324.293 – 1,3%
Madeira em forma – $ 2.293.361 – 1,3%
Máquinas para colheita – $ 2.273.247 – 1,3%
Outros móveis – $ 1.711.802 – 1,0%
Rolhas de papel – $ 1.536.458 – 0,9%
Suco de frutas – $ 1.123.084 – 0,6%
Máquinas para trabalhar madeira – $ 733.377 – 0,4%
Outros produtos – $ 176.543.605 – 100,0%