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Greve afeta supermercados em Lages

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No Myatã da Rua São Joaquim, não há leite de pacote - Foto: Patrícia Vieira

Atualização 15h10

A greve dos caminhoneiros, que entra nesta quinta-feira (24) no quarto dia, começou a causar falta de produtos nos supermercados de Lages. Os hortifrutigranjeiros são os principais prejudicados com o movimento.

Segundo o vice-presidente regional da Associação Catarinense Supermercados (Acats) Jackson Martendal, as paralisações  causam desabastecimento em especial nos itens de frutas, legumes e verduras, que são perecíveis e de abastecimento diário.

Leite de pacote e alguns cortes de carnes também estão em falta. Os caminhões com os alimentos, em sua maioria, estão presos nos bloqueios das rodovias, ou até mesmo nem saíram do local de origem.

No supermercado Myatã da Rua São Joaquim, no Bairro Copacabana, por exemplo, o leite de pacote está em falta, segundo o gerente Angelo Tadeu da Silva.

A Acats ressalta que carnes e produtos industrializados, que levam proteínas no processo de fabricação, também estão com as entregas comprometidas pelos atrasos no reabastecimento. Mesmo com a escassez em alguns produtos, o cenário em Lages está sob controle. “Não é motivo para pânico. A população não precisa provocar uma correria aos supermercados”, afirma Martendal.

Situação no Brasil

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), informaram hoje que 129 unidades produtivas de carnes bovina, suína e de aves já estão paralisadas. A previsão das entidades é que, até a sexta-feira (25), mais de 90% da produção de proteína animal seja interrompida caso a situação não se normalize, somando mais de 208 fábricas de diversos portes.

“A Abiec e a Abpa reiteram que o movimento é um direito da categoria, mas reafirmam a importância da manutenção do transporte de alimentos para a população. As consequências já ganharam contornos graves e o setor produtivo entende que é necessário que sejam tomadas as devidas medidas por parte dos governantes para que a situação seja sanada o quanto antes”, dizem as entidades.

Em nota, as duas associações alertam que estabelecimentos menores e de cidades pequenas ou regiões metropolitanas, com ciclo de entrega de produtos a cada dois dias, já estão com o abastecimento comprometido.

Os bloqueios nas rodovias impedem tanto o acesso dos insumos necessários à produção quanto o escoamento de alimentos. De acordo com a Abiec e a Abpa, diariamente, 1,2 mil containers de carne bovina deixam de ser embarcados. No caso de carnes de frango e suínos, deixaram de ser exportadas 25 mil toneladas, o equivalente a uma receita de US$ 60 milhões. Da mesma forma, os fornecedores de insumos também estão sendo impactados.

Em Santa Catarina, segundo o Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado e a Associação Catarinense de Avicultura, a suspensão das atividades de indústrias frigoríficas já causou prejuízos às atividades pecuárias em mais de 20 mil propriedades rurais.

Supermercados

Alguns estados também já começam a sofrer desabastecimento de alimentos, que poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, “se algo não for feito”, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). “A Abras está buscando sensibilizar o governo federal para que uma solução seja tomada imediatamente. Evitando, assim, que a população sofra com a falta de produtos de necessidades básicas e com uma eventual elevação nos preços”, diz a entidade em nota.

Em entrevista à Rádio Nacional de Brasília, o presidente da Abras no Distrito Federal, Antonio Tadeu Peron, disse que é responsabilidade do setor segurar a alta de preços. “Há sempre um desejo do fornecedor de aumentar um pouco os preços, mas na outra ponta tem o comerciante que segura, sabe que não é o momento”.

“Os itens que poderão faltar são de alta perecibilidade. Se formos nos aventurar a subir o preço, certamente correríamos o risco de ter que jogá-los fora”, explicou..

Segundo Peron, os supermercados do DF têm um estoque razoável de produtos da linha seca para cerca de dez dias, podendo ainda recorrer aos atacados locais. Já para os produtos congelados o estoque pode durar até uma semana. “A preocupação maior seria exatamente com frutas, verduras e legumes, porque há itens que abastecemos duas vezes ao dia, como as folhagens”, disse. “Mas não é sensato que se provoque uma correria em busca de alimentos porque em épocas de escassez é melhor repartir do que atender alguns poucos que cheguem primeiro”.

O representante da Abras no DF explicou que o que chega via estrada está prejudicado, como alguns tipos de carnes, mas que muitos perecíveis têm fornecedores regionais que podem fazer as entregas com veículos pequenos.

Mas isso, se ainda houver combustíveis nos postos. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), alguns postos de combustíveis já estão sem gasolina para vender e os empresários não sabem quando haverá abastecimento novamente, pois a falta do combustível afetou a base de distribuição do Distrito Federal. É uma situação preocupante.

Gás de cozinha

Os protestos de caminhoneiros contra o preço do diesel também já ameaçam o abastecimento de Gás Liquefeito de Petróleo, o gás de cozinha, pelo país. Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo (Sindigás), manifestou sua preocupação com a possibilidade de desabastecimento do produto em todas as regiões do país, podendo “causar prejuízos ao funcionamento de serviços essenciais, como hospitais, escolas e creches, além de residências e o segmento empresarial”.

Entrega de encomendas

De acordo com nota dos Correios, a greve também está impactando nas operações dos Correios, assim como ocorre com toda a logística brasileira. Em todo o país, do total da carga postal pronta para entrega na terça (22), 16% das encomendas e 19% das correspondências deixaram de ser entregues. Em Santa Catarina, 9% das correspondências deixaram de ser entregues. Por se tratar de informações relacionadas ao mercado concorrencial, a empresa não detalha os dados estaduais do segmento de encomendas.

Diante desse cenário, estão temporariamente suspensas as postagens das encomendas com dia e hora marcados (SEDEX 10, 12 e HOJE). Os Correios estão aceitando postagem de SEDEX e PAC, no entanto, enquanto perdurarem os efeitos desta greve, haverá o acréscimo de dias no prazo de entrega desses serviços, bem como das correspondências.

A empresa está acompanhando os índices operacionais de qualidade de toda essa cadeia logística e, tão logo a situação do tráfego nas rodovias retorne à normalidade, reforçará os processos operacionais para minimizar os impactos à população. A empresa entrega, mensalmente, cerca de meio bilhão de objetos postais, dentre eles, 25 milhões de encomendas. São mais de 25 mil veículos, 1.500 linhas terrestres e 11 linhas aéreas que circulam pelo país de norte a sul.