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Filhos do coração voltam à casa da Tia Bira

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Tia Bira rodeada de netos e bisnetos - Foto: Bega Godóy

Mesmo sem marido e filhos biológicos, a moradora do Bairro Centenário, Alzira da Silva, em Lages criou praticamente sozinha mais de 100 filhos do coração, a maioria chegaram na casa ainda bebês. E por anos ficou à frente da creche Tia Bira que leva seu nome. “Sempre contei com a ajuda das pessoas principalmente dos sítios. Sou muito abençoada. Não fui buscar nenhum deles. As mães que vieram trazê-los para mim”, explica.

Ainda, hoje mesmo debilitada, Tia Bira abre a casa para acolher e lá moram mais de 10 pessoas, inclusive uns “filhos” que voltaram por motivos diferentes depois de constituir família. Não falha um dia a visita de netos e bisnetos. A alegria da Tia Bira é ver todos, saber de todos.

“Muitos foram embora da cidade mas ainda têm contato”, afirma. Deve ser por isso que o telefone fixo fica ao lado da cama no bidê e se toca, toca só uma vez. Ela atende rapidinho, a memória pode de vez em quando traí-la, mas o ouvido está afinado.

Tia Bira gosta de relembrar os tempos de casa cheia, e entre uma olhadinha e outra na televisão sintonizada num programa religioso, ela conta suas lutas e de seu filhos do coração e de como se sente gratificada. “Repito sempre: Fui muito abençoada”, diz.

Exemplo

Paulo Roberto Oberzine é um dos que foi criado por ela. Sabe bem como é viver numa casa cheia. Ele chegou na casa da Tia Bira com um dia de vida. Ficou até os 19 quando entrou para a vida militar. Casou, criou quatro filhos e voltou para Lages. Construi uma casa no terreno da casa da Tia Bira. Hoje é seu braço direito.

Achou melhor assim para cuidar da “tia”, como a chama. Paulo conta que mesmo havendo muito amor, a situação era complicada. “Ela acolhia todos que batiam a porta. Dormíamos em beliches e tudo precisava ser limitado, mas sobrevivemos”, explica.

Porém ele, só tem a agradecer por ter tido a oportunidade de ser criado pela Tia Bira. “Me tornei um homem digno e assim crio meus filhos”, resume. O certo é que hoje é muito difícil encontrar alguém que não conhece uma pessoa criada pela Tia Bira.