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Festival Internacional Música na Serra termina neste sábado
Neste sábado (27), se encerra a sétima edição do Festival Internacional Música na Serra com o concerto da Orquestra Sinfônica. O evento, que começou na domingo (21), teve apresentações gratuitas no Teatro Marajoara, todas as noites, a partir das 20 horas.
Além disso, foram realizados concertos em vários locais, como na Catedral Diocesana, Convento Franciscano, Asilo Menino Deus, Asilo Vicentino, Hospital Infantil Seara do Bem, Casa de Semiliberdade, Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), Irmandade Nossa Senhora das Graças, entre outros.
O objetivo foi levar a música para ambientes diversos, para que a comunidade tivesse acesso à cultura. Algumas pessoas nunca tinham ouvido música clássica ao vivo e muito menos tocado nos instrumentos. Em alguns concertos, os músicos deixaram as pessoas segurarem e até tocarem. E a curiosidade e encanto pela música aumentaram muito depois disso.
Para o músico paulista, Dario Oliveira Santos, 28 anos, o interesse pela música clássica depende muito do que a pessoa ouviu durante sua infância. “Se você quer uma plateia de adultos, precisa construir desde o berço. Não se consegue ter uma plateia de pessoas com 20 anos, que gosta de ouvir Mozart, se na infância, ela sempre ouviu forró, samba, pagode…porque vão se inclinar para àquilo que for mais comum para elas”.
Hoje, ele trabalha na Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo, na Camerata da Sé de São Paulo, e também é professor de uma escola privada, em uma metodologia de ensino diferente, onde ensina crianças a tocarem. Conta que na sua infância, sempre ouvia músicas clássicas, porque seu pai atuava na igreja. “Na nossa casa, se ouvia e era tocada música erudita. Hoje, na faculdade, estudo e ouço outros estilos”.
Tocar não é uma habilidade restrita
Como atua em um projeto voltado para a educação do talento, em uma escola privada de São Paulo, o músico não acredita que alguém não seja capaz de aprender a tocar. No projeto, crianças a partir dos três anos de idade, aprendem a tocar violino. “Toda criança é capaz de aprender qualquer habilidade, basta o ambiente produzir esse conhecimento. Quando você diz que alguém não tem dom, a oportunidade da pessoa aprender é tirada”.
Ele afirma que algumas pessoas desenvolvem um caminho cinético mais rápido que outras para tocar, mas isso não quer dizer que quem demora mais para aprender, não consiga. “É a mesma coisa que você não matricular seu filho em matemática, por achar que ele não tem o dom. Quando alguém matricula o filho na escola, ele precisa aprender matemática. A música é uma ciência e, uma habilidade, todos podem e deveriam aprender”.
Oliveira lamenta o fato da música não fazer parte da disciplina de algumas escolas públicas e privadas. Acredita que isso seria necessário para que todos tivessem oportunidade de aprender a tocar algum instrumento.
“Todos deveriam ter oportunidade de estudar música. Só assim, vamos construir a plateia do futuro, investindo na educação das crianças”. E, ele acredita que não só para existirem plateias em concertos é fundamental investir na educação musical. “A música transforma ambientes e a vida das pessoas, como foi na minha”.
Porém, hoje não vê o futuro da música com bons olhos no Brasil. “Vemos orquestras fechando, porque o foco do atual governo não é a arte e os recursos estão sendo cortados. Músicos perdem emprego agora, mas o resultado dessa falta de investimento virá daqui 10 anos. Uma sociedade com acesso à cultura e arte é mais equilibrada, educada, crítica…”.
Programação
Sábado (27/7)
- 10h: Igreja Matriz de Urupema – Concerto de grupos
- 15h: Escola de Música Seiferts de São Joaquim – Apresentação do Coro Infantil
- 20h: Teatro Marajoara – Concerto de encerramento com a Orquestra Sinfônica