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Fabricantes de cervejas artesanais tranquilizam consumidores
Fabricantes de cervejas artesanais de Lages afirmam que o risco de contaminação da bebida por dietilenoglicol, como teria ocorrido em lotes da cerveja Belorizontina, da fabricante mineira Backer, é muito raro. Eles garantem que as pessoas podem consumir a bebida sem nenhum receio.
A contaminação da cerveja Belorizontina, cujas causas estão sendo investigadas, deixou uma pessoa morta e sete foram internadas. A Associação Brasileira de Cervejaria Artesanal (Abracerva) solicitou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a proibição do uso de dietilenoglicol e monoetilenoglicol no sistema de refrigeração de cerveja artesanal.
Dono da Frostbier, o lageano e cervejeiro artesanal Anderson Fabiano Varela diz que o dietilenoglicol não costuma ser usado nas instalações das cervejarias artesanais. Ele afirma que o produto tem preço alto se comparado a uma solução de água e álcool etílico, que também cumpre a função de manter a cerveja refrigerada.
“Trabalhamos com tanque de refrigeração de etanol, o álcool de posto, com cerca 80% de água misturada. O processo não tem nenhum contato com a cerveja, é isolado, entra para dentro da fábrica por tubulação e a tubulação é conectada nos tanques de fermentação, por onde passa uma serpentina e circula o etanol refrigerado para manter a cerveja gelada. Nesse processo, as possibilidades de acidentes são bem restritas”, afirma.
Fabiano pontua ainda que a hipótese de contaminação da cerveja é remota, por causa dos mecanismos de segurança nos recipientes. A Abracerva também tem este mesmo entendimento e afirma que a substância dietilenoglicol raramente é usada na produção de cerveja.
“Desconhecemos algo que tenha causado contaminação e um fato que gostaríamos de deixar claro é que o tanque de cerveja, em 90% do tempo, está sob pressão, então a chance de haver contaminação é muito remota. A tendência seria a cerveja contaminar o etanol e não o contrário. A suspeita de contaminação (no caso da cervejaria de Minas) é difícil de acreditar que tenha acontecido”, comenta.
Sócio da marca Princesa da Serra, outra fábrica de cerveja artesanal em Lages, James Branco afirma que também usa o álcool etílico no sistema de produção. “O dietilenoglicol é usado mais pelas cervejarias de grande porte. Conheço poucas cervejarias que usam este produto”, aponta.
James também diz que a possibilidade de contaminação por dietilenoglicol é um evento raro de acontecer. Isso porque a substância não tem contato com a cerveja. Ela fica em um círculo fechado circulando no sistema de refrigeração. Além disso, a produção tem mecanismos de controle de qualidade que podem detectar quaisquer casos de contaminação.
“[No caso de Minas] é improvável que a substância tenha entrado em contato com a cerveja. É estranho o que aconteceu lá”, opinou ele, não descartando a hipótese de sabotagem na contaminação de cerveja na empresa mineira.
Reflexos no mercado
Anderson Fabiano Varela diz que o setor de cerveja artesanal aguarda mais informações sobre o que aconteceu em Minas. “Por enquanto, estamos aguardando as fontes oficiais. Não temos nenhum posicionamento ainda. É uma situação curiosa. Não conseguimos ainda fazer a conexão exata das pessoas que foram contaminadas, com a cerveja.”
Ele comenta que o clima é de apreensão. “Estamos receosos de ocorrer uma queda de vendas. Acredito que o povo está apreensivo com cerveja artesanal, mas por parte de processos de cervejaria é muito difícil de acontecer alguma coisa desse tipo. Nós não usamos, por exemplo, produtos com essa periculosidade”.
“Alguns clientes estão apreensivos com o público dos bares, pediram para aguardar um pouco para fazer novos pedidos para ver como o mercado vai se comportar, há um certo receio. Mas, se as coisas ficarem bem esclarecidas talvez não soframos tanto impacto, mas toda notícia ruim traz um impacto para o setor”, conclui.