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Excesso de chuva atrasa o plantio da safra de verão
As chuvas dos últimos dias amenizaram a estiagem que assolava a Serra Catarinense, molharam o solo e recuperaram as condições dos mananciais de água, mas já estão preocupando os produtores rurais da região porque podem comprometer o plantio da safra de verão. A precipitação em excesso já está atrasando o plantio de soja, milho e feijão. A maior preocupação é em relação à semeadura da soja, e produtores já temem prejuízos.
Engenheiro agrônomo da Epagri em Lages, Olmar Neuwald explica que o mês de setembro, quando começou o período de plantio da safra, foi seco, o que impediu a semeadura dos grãos. Em outubro, o clima mudou, e as chuvas começaram a chegar à região com mais frequência, o que acabou animando os produtores. Entretanto, as precipitações em excesso acabaram prejudicando o plantio da safra, um cenário que se repete neste mês de novembro.
Apesar de tudo, Olmar que garante a situação está tranquila, e não há manifestações de produtores sobre o assunto. Segundo ele, a janela de plantio, que começou em 15 de setembro, ficará aberta até 15 de dezembro. Até lá, ele garante que os agricultores podem plantar com tranquilidade sem o risco de perda. “O problema é se ocorrer uma estiagem de janeiro a março, aí a safra pode ser prejudicada”, afirma.
O engenheiro agrônomo da unidade da Copercampos de Campo Belo do Sul, Tomás de Almeida Bruse informa que os produtores estão preocupados com a demora em começar o plantio. Segundo ele, apenas de 10% a 15% do total da área estimada de soja foi plantada. Em condições normais para esta época do ano, o plantio já deveria estar entre 50% a 60%. Nesta safra, os 18 municípios da Amures devem plantar, 59.490 hectares de soja, e previsão de colheita 215.392 toneladas.
Tomás explica que, tradicionalmente, o plantio da soja é até 15 de novembro. “Entramos em um período crítico, e as lavouras podem apresentar perda na produtividade”, enfatiza, salientando que as chuvas em excesso também provocam erosão no solo, interferindo diretamente no rendimento das lavouras.
No caso do milho, conforme Tomás, 90% da área já foi plantada. Ao todo, nos municípios da Serra, o plantio deste cereal deve ser feito 31.760 hectares, já a expectativa de colheita é de 254.618 toneladas. Quanto ao feijão, a situação é mais tranquila, e o plantio pode ser feito até o fim do mês de dezembro. A previsão é que a região plante 7.700 hectares, com a possibilidade de colher 14.815 toneladas.
O produtor Dionisio Manfroi possui lavouras de soja, milho e feijão na localidade de Santa Terezinha do Salto, em Lages. Ele cultiva 410 hectares entre terras próprias a arrendadas. Conforme o lageano, devido ao excesso de chuva, apenas 25% da área destinada ao cultivo da soja foi semeada. Já o plantio do milho foi concluído e algumas lavouras já tem mais de 30 dias. Quanto ao feijão, ele planeja efetuar o plantio no mês de dezembro.
“Para que a gente consiga entrar com as máquinas nas lavouras para plantar, o ideal é que dê de dois a três dias de tempo de bom”, disse, reforçando que, se a soja for plantada fora da época, pode haver queda de produtividade”, declarou.
Produção de grãos
No ano passado, conforme dados da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, a produção de soja em Santa Catarina ficou em 2,35 milhões de toneladas, um recuo em comparação à safra anterior, quando o volume produzido foi de 2,46 milhões de toneladas.
Nos últimos cinco anos, a soja avançou mais de 160 mil hectares em Santa Catarina. Este aumento na área cultivada deste cereal, segundo o Governo do Estado, tem causado a redução da área plantada de milho, pastagens, fruticultura, feijão e outras culturas. Atualmente, a região de Xanxerê é a maior produtora de soja do Estado.
Já a safra de milho deste ano ficou em 2,89 milhões de toneladas – na safra passada, o volume foi de 2,47 milhões de toneladas. A área cultivada foi de 346.111 hectares, um aumento de 7,24% em comparação à safra 2017/18. A produtividade foi a segunda maior entre as três últimas safras, alcançando 8.286kg/ha.
Vale lembrar que o milho é o grão de ouro para Santa Catarina, fundamental para abastecer as cadeias produtivas de proteína animal. O agronegócio catarinense consome próximo de sete milhões de toneladas de milho por ano, sendo que mais de quatro milhões de toneladas são importadas de outros estados.