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Entrevista com o vereador David Moro (MDB)

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Foto: Marcela Ramos

Colaborou Suzane Faita

Correio Lageano: O senhor é bastante assíduo às sessões, duas ausências e 121 presenças, de acordo com o que está no site da Câmara de Vereadores, nesta legislatura. Mas nas últimas semanas o senhor se afastou da Secretaria da Mesa, qual foi o motivo?

David Moro: Agradeço o convite para estar aqui e dizer que, você falou que eu teria duas ausências, não me recordo delas. 

De acordo com o site da Câmara…

Pode ser que tenha ocorrido, mas não me recordo, acredito que não tenha faltado nenhuma, a menos que tenha chegado atrasado em algumas, nas duas que você mencionou, mas procuro estar presente em todas as sessões, haja vista que é uma das nossas funções, além do atendimento diário que a gente faz à comunidade, não só durante a semana, como no final de semana. A gente percorre todos os bairros, onde tem evento, consegue ter mais ‘acessibilidade’ às pessoas, a gente procura sempre estar em contato com as pessoas. Temos o contato através das redes sociais, mas sou daquele tempo que ‘prefiro o olho no olho’, gosto de ouvir as pessoas, cara a cara. Em relação ao seu questionamento da mesa quase diretora, a gente se afastou por problemas de saúde, você pode perceber que estou com a voz um tanto afônica. Por recomendação médica. Estou com problemas nas cordas vocais, e como é feita muita leitura como primeiro secretário que estou, a gente  optou, no período de tratamento, deixamos de ler as matérias. Continuo na mesa diretora, sem nenhum problema, mas não estamos realizando as leituras das matérias. Até para poupar um pouco a voz para que o tratamento surta mais efeito. 

Espero que não seja nada grave que logo o senhor esteja bem recuperado. Um assunto polêmico e que foi falado bastante é com relação à votação do aumento do salário dos vereadores. Eu gostaria que o senhor dissesse qual foi o seu voto e justificasse.

Na verdade, sempre existiu a polêmica em torno do que chamam, geralmente, de aumento. Para mim, é reposição. Aumento é quando você tem um ganho real acima daquilo permitido por lei, [o reajuste] é concedido através da Constituição [Federal] a todos os agentes públicos, desde o gari [trabalhador de serviços gerais] até o prefeito, através do índice inflacionário, o que é regulado pela Constituição Federal. Na verdade, sempre digo, não criei aumento e não criei o salário do vereador, apenas a reposição que é direito de qualquer trabalhador. Meu voto foi favorável à reposição. Entendo que todos os dias, praticamente, vou no supermercado e há um aumento substancial, tanto no supermercado, como no posto de gasolina, enfim. Então, essa é uma perda anual para todos os servidores, entendo que também é um direito, e se é direito, nós devemos exercê-lo. Então, fui voto favorável, sim. 

Gostaria que o senhor falasse um pouco, porque além de vereador, o senhor também é funcionário da Secretaria de Assistência Social em Lages, como é que concilia essas duas funções. Obviamente, que a Câmara não exige o cumprimento dos horários como em outro departamento público ou em empresa privada, mas também exige uma certa dedicação. Como o senhor concilia as duas funções?

 Então, na qualidade de servidor, tenho um horário das 8h às 14h, ‘desempenhamos’ nosso trabalho junto ao setor de habitação no município de Lages, para que à tarde tenha disponibilidade atender as pessoas na Câmara de Vereadores. A ‘gente’ faz um trabalho muito além das oito horas, na verdade, acabo trabalhando de 15 a 16 horas por dia, de segunda a segunda. No início da nossa entrevista, comentava a respeito de que, sábado e domingo, ‘estamos’, diretamente, ligados à comunidade, que é onde ‘a gente’ consegue buscar esse feedback e [ter] o entendimento dos anseios da nossa comunidade e levar ao Legislativo. Então, tudo isso dentro da legalidade, não existe nenhuma ilegalidade no exercício da minha função como servidor e também como vereador. Não existe nenhum impedimento nisso e ‘a gente’, na Câmara, compensa esse horário. Muitas pessoas acham que é só segunda e terça, não é! Até meus assessores reclamam e dizem, ‘ah! mas eu também tenho que ter final de semana, também tenho vida’. Eu digo, ‘o único que não tem sou eu’, porque acabo me dedicando todos os dias, inclusive sábados e domingos, durante o dia e a noite. Durante a semana, também fazemos visitas às pessoas, reuniões para interagii com a comunidade.

O senhor é vereador de oposição, mas tem votado sempre com a situação. O seu partido não reclama disso? Não se opõe a essa posição dentro da Câmara? 

Olha, em relação a partido, na verdade, se torna necessário para que a gente possa obter o resultado e se eleger, mas a partir do momento que passa a eleição, esse é meu entendimento e o pensamento, o meu partido passa a se chamar Lages. Eu voto de acordo com os interesses da comunidade, aquilo que vejo que é bom para o município. Tenho sempre me posicionado a favor da população, não sou situação, sou oposição, mas fazemos uma oposição com inteligência. Nós cobramos, também, temos vários pedidos de informação várias cobranças ao Executivo, mas também votamos favorável àqueles projetos para a comunidade. Até porque, aproveitando já o momento, eu sou um vereador que tem buscado várias emendas, no ano passado e neste ano, consegui viabilizar mais de dois milhões e meio em emendas para o nosso município e para que possa ter a colocação dessas emendas é preciso do Executivo municipal. Se a ‘gente’ não tivesse trânsito legal, não conseguiria realizar a colocação dessas emendas e acabaria voltando. Podemos citar algumas aqui, como a construção de uma quadra esportiva de 693 metros quadrados no Bairro Habitação, com emenda do deputado Celso Maldaner (MDB), no montante de 250 mil reais. No entanto, são necessários 420 mil reais e o prefeito prontamente nos atendeu e vai dar a contrapartida do município, ou seja, o restante que falta. Podemos citar a capela mortuária no Bairro Popular que já está pronta, também conseguimos um montante de 100 [mil reais] com a [ex] deputada Dirce [Heiderscheid], que foram [teve custo de] 150 [mil reais]. Temos mais a arquibancada no Bairro Tributo que está em licitação pelo CAV em 250 [mil reais]. Temos emendas, com as quais foram adquiridos tratores para o interior de Lages, para o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres e Hospital Infantil [Seara do Bem]. Agora, recentemente, temos duas emendas que estão dependendo de liberação, por parte da Secretaria de Educação, que está com algumas pendências, são dois ônibus, um deverá ser destinado para a Apae, no valor de 380 [mil reais], e outro de 280 [mil reais] que vai para uma entidade esportiva do nosso município. 

Continuando nessa linha que o senhor é de oposição, tem algumas pessoas conhecidas colocadas em cargos comissionados na prefeitura. Poderia comentar sobre isso?

Eu, na verdade, não tenho indicação, se algumas pessoas que são do meu convívio, são do meu conhecimento, do meu ciclo de amizades, foram chamadas, foi uma, digamos assim, convocação por parte do Executivo, mas não que partisse [de mim], não indiquei fulano ou sicrano. 

O senhor não pediu colocação de pessoas?

Foram pessoas que estavam na administração anterior e que acharam, por bem, que deveriam ser chamadas. Devem estar no município a convite do Executivo.

Gostaria que o senhor colocasse  as pessoas, os eleitores a par daquela situação sobre a regularização fundiária. Como está tramitando? Em que ponto está?

Veja bem a gente fez toda da parte de encaminhamento. Houve a renovação, a lei foi aprovada teve a vigência de três anos. Com a atual gestão, a lei tinha vencido, o período que era por um ano, foi prorrogada por mais dois anos, e ficou um ano fora de vigência, a lei que dá o desconto da regularização. No entanto, no ano passado, a gente conseguiu viabilizar novamente, através de moções legislativas e de conversação junto ao Executivo para que fosse feita uma nova lei. Ela está em vigor até dezembro deste ano e as pessoas poderão fazer sua devida regularização, diretamente, no cartório.

Tem pessoas que pagaram por essa regularização. Essas pessoas vão ter o direito de regularizar a situação?

Eu não sei qual seria esse exemplo que você está falando, se for do projeto, por exemplo, dos  bairros Habitação e Universitário, que foi uma empresa terceirizada que as pessoas acabaram efetivando o pagamento, esse é um processo judicial, como se fosse uma espécie de usucapião coletivo. A Adehasc [Associação para o Desenvolvimento Habitacional Sustentável de Santa Catarina] é a empresa que está tocando esse projeto, que é uma parceria com prefeitura. As pessoas pagaram diretamente para empresa pelos serviços, tanto de topografia como de advocacia. E as informações, que têm nos repassado a empresa, é que os primeiros despachos da Promotoria já foram concedidos, faltando apenas o magistrado dar o parecer final, depois vai para o devido registro no Cartório de Registro de Imóveis da cidade. 

Vereador, o senhor é lembrado também por algumas propostas um tanto polêmicas, como o caso da exportação dos cachorros de Lages e a leitura da Bíblia nas escolas, apesar de o Brasil ser um Estado laico. Gostaria que o senhor falasse um pouco desses projetos. 

Na verdade, no meu entendimento em relação aos cachorros, precisamos ter mecanismos para diminuir o número de cachorros, além da castração e do recolhimento. Nós que viemos do interior, sou natural do interior de Anita Garibaldi e lá se utilizam cachorros para lida de campo e a gente sugeriu que o município fizesse uma espécie de campanha de doação nos municípios do interior, muitas pessoas precisam de cachorro para cuidar do seu gado e da sua casa. Os cachorros poderiam ser utilizados nas fazendas sítios e, com isso, diminuiria o número de cachorros no município de Lages. Em relação a outra proposta que você mencionou a respeito da…

A leitura da Bíblia nas escolas, tanto nas públicas quanto nas privadas.

Nós respeitamos cada um com a sua religião e crença. Mas a leitura bíblica, no meu entendimento, deveria ser lida, sim, haja vista que nós precisamos é crer e ter fé. Eu sempre digo que duas [coisas] resolveriam boa parte, senão toda, a situação do nosso país. Uma seria se as pessoas cressem em Deus, se acreditar em Deus, mais de 50% está resolvido. A palavra de Deus não importa, se é evangélica, católica qual a crença. A Bíblia é como o código penal, código civil, a mesma lei que está dá benefício, tira o benefício. Na Bíblia, a mesma leitura que você interpreta [de uma maneira] o evangelho, o católico interpreta de uma outra forma, mas a leitura é uma só. Seria a título de leitura, sem pregar placas de religiões, e sim, a palavra de Deus que como um todo beneficiaria. Se nós tivermos Deus, boa parte do problema está resolvido, a outra é o comprometimento. São duas [coisas] que resolveriam 90% dos problemas. Se você teme a Deus, boa parte das coisas que acontecem, não aconteceriam, no lado negativo. No entanto, o comprometimento no serviço público ou em qualquer área, é o que não acontece, é um jogo de empurra. Até entendo as dificuldades, porque, hoje, existe a questão do Ministério Público que está ‘muito em cima’ e o poder público acaba ficando engessado, mas o que falta é aquela questão de comprometimento. Eu passo para você, que passa para ela, e o outro para outro, e ninguém resolve. É muito importante que as pessoas tenham comprometimento. Eu trabalhei um período na delegacia, por uns seis anos, e delegado no canto de cima da folha, nas solicitações que recebíamos, [escrevia] cumpra-se o determinado e não adiantava você dizer ‘doutor isso aqui não vai ser possível’, ele dizia: ‘o que tá escrito aqui? Cumpra-se! Então, é para cumprir, não quero saber como você vai fazer, ou quando você vai fazer, se vai vir à noite, vai tem de fazer’. Nós, por exemplo, no município de Lages, temos histórias de emendas parlamentares que eu consegui e que foram perdidas por erros de projetos. Teria que chegar e dizer [para quem errou o projeto] ‘te vira, nós temos até amanhã para resolver, para não perder recursos’. Mas é aquela coisa, deu errado acaba-se perdendo o recurso, que já é difícil conseguir, e acaba-se perdendo porque não teve comprometimento. Estamos quase que, semanalmente, cobrando a respeito das emendas dos dois ônibus que mencionei anteriormente, porque se nós não ficarmos em cima, a gente acaba perdendo. Eu já perdi emenda no ano passado de postos de saúde do [bairro] Universitário, capelas mortuárias do  Santa Helena e do Universitário, porque achava que conseguia emenda, apresentava na prefeitura e ali eles tomavam conta. Isso lá no início do meu primeiro mandato, porque não sabia como funcionava. Hoje eu sei, se não estiver em cima, não ficar cobrando [não resolve]. Tanto é que o projeto que saiu, na capela do Bairro Popular, chegava na Seplan [Secretaria de Planejamento e Obras – SPO] e o engenheiro dizia, ‘quarta-feira, sexta-feira segunda-feira’, daí um dia cheguei ele disse, ‘hoje eu vou fazer’, e eu disse: ‘você vai fazer hoje?, então vou sentar aqui e esperar’. Foi assim que consegui o projeto. Você tem que ter persistência. 

Para gente finalizar, gostaria que o senhor falasse sobre as suas pretensões políticas. Qual é o seu projeto futuro de política, e se o senhor vai mudar de partido, ou se tem a intenção de mudar de partido. 

Já disse, anteriormente, quem faz as coisas não são os partidos, são as pessoas. E, para deixar bem claro, se pudesse, não teria partido, porque boa parte do partido, muitas vezes, atrapalha. 

Mas teoricamente, pela lei brasileira, os partidos devem ser seguidos e os seus filiados devem seguir suas orientações. 

Eu concordo e sei dessa legislação e tanto é que estou no partido, mas se tivesse essa possibilidade, gostaria de ser o vereador sem partido. Aliás todos deveriam ser, ‘aí’, as coisas fluiriam melhor, mas, enfim, respondendo a sua pergunta, temos convites de vários partidos. Não é essa a nossa intenção, a nossa intenção é de permanecer no partido que estou, para mim é indiferente estar no partido A, B ou C. Não teria porquê mudar, não estou aqui te afirmando que isso não possa ocorrer. A minha vontade, hoje, é de permanecer onde estou. Em relação se ‘nós’ temos projetos, temos sim, até porque a gente tem um trabalho, acredito que sou dos vereadores mais atuantes no município de Lages, e não seria justo se não tivéssemos projetos para o futuro, não só para 2020, mas também para 2022 e sucessivamente. 

O senhor pretende concorrer à reeleição no ano que vem, por exemplo?

Eu não sei. A ‘gente’ está, na verdade, falando no âmbito do partido, à disposição do partido e da comunidade lageana. Não sei se para reeleição ou para uma majoritária, enfim, se o partido precisar estamos dispostos até para majoritária, se for necessário. 

Obrigada vereador pela sua disponibilidade em conversar com os nossos leitores e internautas. 

Quero agradecer imensamente e aproveito para convidar os internautas e as pessoas das redes de comunicação que acessem nosso Facebook e nosso Instagram ‘Vereador David Moro’. Temos mais de 200 matérias esse ano, projetos bastante importantes e, se me permite, bem rapidinho. Temos um projeto que é [de instalar] câmera de videomonitoramento nas escolas e nas creches, nos Ceims [Centro Municipal de Educação Infantil]. Hoje, na palma da sua mão você pode ver como está o filho. É um projeto que a gente está viabilizando recursos para dar esta condição para as mães terem maior segurança, porque, muitas vezes, elas têm preocupações, porque o filho está um pouco gripado e não tem com quem deixar e acaba levando para creche. Esse aplicativo, dá segurança para o profissional, muitos profissionais já responderam processo administrativo, [tiveram] algumas sanções, muitas vezes, indevidas. Você com 20 ou 30 crianças em uma sala, acaba ocorrendo algum incidente, e sem contar a segurança que dá para as mães, no intervalo do café você vai dar uma espiadinha para ver como está o teu filho, através do seu celular. Nas redes de ensino estadual, que é uma luta nossa, a questão que está tomando conta, lamentavelmente, é a droga. Esse projeto visa a coibir o acesso de pessoas com má intenção com os nossos filhos, com os alunos da nossa cidade, é um projeto bem bacana.

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