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Empresa lageana cria solução inovadora para salvar vidas
No Brasil, existem 1,1 mil barragens e usinas com alto risco de impacto e de queda, mas o número deve ser mais alto, pois a Agência Nacional de Águas (ANA) estima, que o número oficial de 24,9 mil unidades instaladas no país, deve ser três vezes maior.
A qualquer momento, mais de mil têm risco de destruir a natureza, matar pessoas e animais com seus rompimentos. Para prevenir esses acidentes, a empresa lageana ASP Softwares criou um programa inovador no Brasil, chamado DSafeTech.
O software é o primeiro do Brasil que vai monitorar barragens e usinas hidrelétricas. No mundo, existem somente mais três que fazem isso, um da China, outro da Islândia e o terceiro é da Suíça. Além de garantir mais segurança, pois caso ocorra um rompimento, será possível sair do local a tempo, o programa é uma inovação tecnológica e foi criado por uma startup lageana.
Para se ter uma ideia, hoje quando há um risco de rompimento em uma usina hidrelétrica ou barragem, as medidas de segurança podem levar até três dias para serem tomadas. Isso porque, a maioria dos locais não são monitorados por um programa como o DSafeTech ou pelos outros três que estão disponíveis no mercado.
Mudança
O CEO da DSafeTech, Alexandre Souza Paes conta que somente em uma barragem atendida pelo programa, há 294 equipamentos que precisam ter os dados coletados. As informações desses instrumentos são colhidas por um profissional chamado leiturista, que depois repassa para um técnico, que faz planilhas.
Depois disso, tudo é encaminhado para o engenheiro e todo este processo leva até três dias. “Claro, que o leiturista pode já ver algo errado quando pegar os dados, mas isso pode não acontecer. Alguns equipamentos têm as informações coletadas a cada meia hora, outros a cada três dias. Dessas 94 mil barragens que há hoje no país, somente 5% possuem monitoramento com software, nas outras, o trabalho é todo manual”.
Com o programa, as informações são geradas e enviadas em tempo real para que se possam salvar vidas e o meio ambiente. O sistema coleta informações sobre movimentações da barragem em milímetros, níveis de infiltração de água no solo e outros parâmetros que provocam rupturas. O software tem três níveis de alerta, e todos os dados são enviados em tempo real por SMS e e-mail. Os alertas também podem ser remetidos para os moradores nas áreas de risco.
Crescimento previsto é grande
A ideia de criar este programa DSafeTech, surgiu depois da tragédia que ocorreu há mais de três anos, no município de Mariana, em Minas Gerais. Mas, foi em junho do ano passado, que ele começou a ser aprimorado. Tanto é, que já está inclusive implantado em seis barragens localizadas no Sul do país. O nome delas não pode ser divulgado, devido ao contrato firmado com a startup.
O DSafeTech será apresentado no final de maio, no Simpósio Internacional de Segurança em Barragens, em Salvador, na Bahia. O objetivo é que ele seja cada vez mais conhecido para que ações preventivas sejam eficazes e evitem tragédias como a de Mariana ou Brumadinho, que ocorreu em janeiro, também em Minas Gerais.
“Nosso objetivo é que até o ano que vem, o programa seja instalado em cerca de 600 barragens. Vamos contratar mais profissionais, só que são especialistas, como engenheiro geotécnico e civil, e, outros”.
Apoio
Foi através de uma imersão de quatro meses por meio da aceleradora de startup´s Spin, que fica em Jaraguá do Sul, que o programa se tornou grande e comercial. “Não adianta fazermos grandes programas, senão sermos conhecidos no mercado. Hoje, em Lages, há mais de 40 empresas do ramo tecnológico, mas com apoio, podemos ter mais”.
Usinas na Serra possuem segurança
Na Serra Catarinense, são quatro usinas hidrelétricas, a Barra Grande em Anita Garibaldi; a Garibaldi que passa por Cerro Negro; a Campos Novos entre Celso Ramos e Campos Novos, e, a Caveiras, em Lages. Além das Pequenas Centrais Hidrelétricas, que passam por diversos municípios da região.
Todas têm alto potencial de dano se romperem, mas há um baixo risco disso acontecer. Em fevereiro, o Correio Lageano divulgou o que as usinas da região fazem para deixar seus empreendimentos seguros.
A CTG Brasil, que é proprietária da Usina Garibaldi, destacou que “a empresa conta com equipes de Segurança, Operação e Manutenção altamente especializadas e qualificadas, e processos internos criteriosos e consolidados, abrangendo desde o monitoramento geotécnico regular das barragens até rigorosos controles de manutenções preventivas (…). Além disso, a empresa realiza um intenso e permanente trabalho de controle e monitoramento das condições de segurança de suas barragens”.
Já a Baesa, que administra a Usina Barra Grande em Anita Garibaldi, Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Capão Alto e Lages, e, a Enercan, que é responsável pela Usina Campos Novos, que na Serra, abrange Anita Garibaldi, publicaram em seus sites a mesma nota de esclarecimento, já que as empresas são comandadas por um grupo de acionistas muito semelhante.
O texto declara que a Usina Hidrelétrica Barra Grande e a Usina Campos Novos, encontram-se em total conformidade com a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), que determina o monitoramento e a avaliação das condições das barragens e estruturas civis associadas aos seus empreendimentos, inclusive com acompanhamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).