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Clínicas não querem fazer alguns tipos de Ultrassonografia

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Unidades de Saúde destinam um dia para atender as gestantes - Foto: Divulgação

Em Lages, o Centro de Estudos e Assistência à Saúde da Mulher (Ceasm) atendeu cerca de 1.600 gestantes de janeiro até junho deste ano. Conforme informações da Central de regulação, são agendadas, em média, 300 ultrassonografias para o pré-natal por mês.

Cada tipo de ultrassom depende da idade gestacional e de critérios clínicos, mas ainda não há prestadores de serviços suficientes que aceitem fazê-los, mesmo que a Secretaria de Saúde esteja disposta a contratar.  

A coordenadora regional do Grupo Condutor da Rede Cegonha Serra Catarinense, Daniela Rosa de Oliveira, explica que, segundo o Ministério da Saúde (MS) e a Rede Cegonha, um pré-natal bem feito se faz com sete consultas ou mais, com exames laboratoriais e uma ultrassonografia obstétrica.

“Com a presença da gestante fazendo os testes rápidos, exames solicitados e outras recomendações do médico, enfermeiro, dentistas e demais membros da equipe de saúde da família e não faltando às consultas,” diz ela reforçando que está preconizado pelo MS uma única ultrassonografia obstétrica para o pré-natal de baixo risco (risco habitual) e que deve ser realizada, preferencialmente, antes de 20 semanas de gestação. Isso significa que quanto antes a gestante souber da gravidez, mais cedo iniciará o pré-natal. 

A mulher que tem intenção de engravidar ou está com suspeita, deve procurar a Unidade de Saúde para iniciar o pré-natal, pois quanto mais precocemente houver a confirmação da gravidez, maior a qualidade do pré-natal, e quanto mais tardio, maior a chance de agravos ou doenças, podendo levar à prematuridade, ao óbito do bebê ou da mãe.

O protocolo de pré-natal determina que a ultrassonografia obstétrica deve ser feita antes de 20 semanas para determinar a exata data da idade gestacional, um período que não tem interferência genética ainda no bebê.

Se o médico ou enfermeiro detectaram no laudo alguma alteração ou suspeita, podem pedir outros tipos de ultrassonografias relacionadas ao pré-natal. Os agendamentos desse exame são feitos pelo Sistema Nacional de Regulação (SISREG), conforme critérios clínicos.

Rede Cegonha

A Rede Cegonha atende os 18 municípios da região da Amures e cada gestão organiza seu escopo de exames. “Somos uma das melhores Redes Cegonha do Brasil, ofertando ampla carta de serviços e sendo melhor, muitas vezes, que a rede privada,” diz Daniela.

Em caso de mudança de categoria da gestante (detecção de alteração) e se houver a necessidade de realizar outros tipos de ultrassonografia, uma vez que existe até oito tipos, poderá ser solicitado pelo médico.

“A gestante tem acesso livre na Unidade de Saúde, ela pode procurar atendimento quando tiver qualquer queixa, mesmo que não seja o dia dela na Unidade ou que já tenha consulta marcada,” garante a gestora.

Dependendo do exame, pode demorar um pouco para ser marcado, pois não há número suficiente de prestadores para alguns tipos de ultrassonografia. A Secretaria de Saúde afirma que tenta contratar, mas nem todos os prestadores deste serviço se interessam.  

Redução da taxa de mortalidade infantil 

Em 2013, a Rede Cegonha foi implantada na Serra Catarinense por meio de um Plano Regional e, depois, em cada município, via Sistema do Plano de Ação das Redes Temáticas (Sispart), formando o grupo condutor e habilitando serviços como pré-natal de risco habitual, pré-natal de alto risco, assistência ao puerpério, neonatologia, leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) obstétrico, sala de parto e leito canguru.

Há 30 anos, a taxa de mortalidade infantil em Lages e região era de quase 19 a cada mil nascidos vivos. Com a implantação de medidas modernas de apoio e prevenção, os números estão sendo revertidos gradualmente. Atualmente, a taxa é de 12,98 para cada mil nascidos vivos.

Em 2017, a taxa era de 14,33 na Serra e 11,24 em Lages. No início da Rede Cegonha, em 2014, quando tinha apenas um ano, a taxa era de 17,41 na Serra e 15,79 em Lages. Desde a implantação, em Lages já baixou 5,99. “Nunca os índices de Lages e região estiveram tão baixos. A mortalidade infantil interfere no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ou seja, mortalidade baixa significa aumento do desenvolvimento,” enfatiza a coordenadora.

Oito anos em Santa Catarina

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o trabalho de implantação da Rede Cegonha iniciou em 2011, contando com representantes da Secretaria de Estado da Saúde, das Gerências Regionais de Saúde, do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina e do Conselho Estadual de Saúde.

A partir de agosto de 2013, Santa Catarina passou a contar com 16 Planos de Ação da Rede Cegonha aprovados pelo Ministério da Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo a primeira Rede de Atenção à Saúde com cobertura estadual integral e a primeira Rede Cegonha com cobertura estadual no Brasil. 

Projeto virou modelo

O trabalho da Rede Cegonha em Lages é desenvolvido semanalmente, por meio de educação permanente; visitas técnicas às equipes de Saúde; elaboração de protocolos assistenciais, guias, manuais de instruções e fluxos de acesso, e organização de fóruns, oficinas e seminários.

“Nós nos tornamos referência para o Estado de Santa Catarina. Temos o único Protocolo Regional de Assistência ao Pré-natal e Puerpério (nível regional) do Estado. Temos destaque na ampliação dos testes rápidos, pré-natal desenvolvido por todos os profissionais, acompanhamento dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), consultas médica e de enfermagem, consultas compartilhadas, pré-natal odontológico, pré-natal do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), grupos de gestantes, pré-natal do parceiro, pré-natal domiciliar, visitas domiciliares de puerpério e puericultura, entre outros serviços. Ofertamos o pré-natal mais completo e fortalecido, e tudo pelo SUS,” justifica Daniela.

A própria equipe confecciona o material didático para apoiar os profissionais nas qualificações. Existem três câmaras técnicas que atuam no município de Lages e região: Rede Cegonha; Transmissão Vertical e o Comitê de Prevenção dos Óbitos Infantil, Fetal e Materno.

Atualmente, estas três câmaras técnicas foram unificadas, criando-se um grupo ampliado com o propósito de trabalhar de forma integrada, melhorando a qualidade da gestão e dos índices de morbimortalidade materno-infantil.

Público-alvo do projeto

O principal público são as gestantes e seu parceiro, puérperas e bebês, a fim de garantir assistência e cuidado longitudinal de qualidade. Há investimentos nos profissionais da Saúde da Atenção Básica, rede hospitalar e especializada, como enfermeiros, enfermeiros obstetras, médicos da família e obstetras, cirurgião dentista, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionistas, técnicos de enfermagem, técnicos e auxiliares de saúde bucal, Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), e coordenadores e gestores de saúde.

“Além de buscarmos uma rede intersetorial, como educação, assistência social, Conselho Tutelar e Ministério Público (MP) como aliados nesta causa.” Já foram beneficiados mais de 1.350 profissionais da Saúde, além de todas as gestantes da região e seus bebês. O contato é redecegonhaserracatarinense@gmail.com.

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