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#CLentrevista o presidente da Fampesc Alcides Andrade

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Correio Lageano: No Brasil, os pequenos negócios representam 99% do total de empresas privadas, ou seja, são 14 milhões de empreendimentos. Como o senhor analisa a participação das micros e pequenas na economia da Serra Catarinense?

Alcides Andrade: A Serra Catarinense é uma região muito especial pra gente, uma região com um potencial turístico maravilhoso, não somente Lages, mas todo o entorno da Serra Catarinense, conectando não somente a região da grande Florianópolis pela BR-282, como ao sul do estado. E o turismo é um setor da economia que tem muitas pequenas empresas. Então, sem dúvida alguma, a Serra Catarinense segue essa linha de 98%/99% de pequenas empresas do total das empresas existentes.

E quanto à geração de emprego? A média nacional é que as pequenas empresas respondem por cerca de 60% dos postos de trabalho com carteira assinada. Será que esse percentual se mantém em nossa região?

Sem dúvida. O percentual nesses últimos anos aumentou em virtude da crise econômica e também das inovações tecnológicas que vêm chegando para as indústrias, isso é um fenômeno mundial. Enquanto as grandes indústrias demitem, as micro empresas contratam. E, sem dúvida alguma também, aqui na região serrana a grande parte dos empregos formais, de carteira assinada advêm das micro e pequenas empresas. E, por isso, a gente precisa de um reconhecimento maior por partes do Governo Federal, do Governo do Estado. Muito se fala em políticas, de geração de emprego, e pouco a gente vê de incentivo às micro pequenas empresas. Então, para os governos acertarem, precisam investir em políticas de tratamento favorecido às micro e pequenas empresas. E, aí, não tenha dúvidas que o nosso país vai voltar a crescer e a se desenvolver.

Como o senhor mencionou na primeira pergunta, o turismo seria um dos setores que mais emprega na nossa região?

O turismo tem uma grande participação no número de empregos no Estado como um todo. É claro que o Litoral ele acaba sendo uma região que demanda maior infraestrutura, que acaba atraindo maior número de turista. Mas a Fampesc vem trabalhando um projeto junto com a Santur que é do turismo cervejeiro. A Serra, hoje, começa a trabalhar de forma mais profissional o turismo de visitação nas vinícolas. Temos aí, a vitivinicultura muito forte. A cerveja artesanal vem ganhando espaço muito grande em todo o estado. E já na região serrana, aqui em Lages, temos um grupo que já vem trabalhando com o turismo cervejeiro, iremos conversar com o secretário Pinheiro para tentar alavancar, quem sabe, trazer um turista para visitar as vinícolas e, também, por que não visitar nossas cervejarias artesanais aqui da Serra?

O catarinense é um empreendedor por natureza. Quando a pessoa inicia um negócio, qual a estrutura de apoio que ela encontra para permitir a longevidade da empresa?

O nosso país é um país bastante burocrático e a burocracia advém de várias fonte, qualquer cultura burocrática do poder público do estado muito pesado, e também da falta de investimento de sistemas de informação. Mas, hoje, felizmente, inúmeras políticas públicas vem sendo aprovada pelo Congresso Nacional, um trabalho muito forte do senador Jorginho Mello, que é o presidente da frente parlamentar das micro e pequenas empresas. Tivemos, recentemente, aprovação da MP da liberdade econômica, que vem desburocratizar bastante. Quem gera a economia e o desenvolvimento econômico são as empresas. Então, o Estado tem que facilitar, e num país como o nosso, onde mais de 60% dos empreendimentos, que empreendem por necessidade, ou porque ficam desempregados ou para gerar renda para sua família, o estado tem que ajudar. Então, nesse aspecto, felizmente, a gente tem que o comemorar esse dia 5 de outubro, que é o dia nacional das micro pequenas empresas. Temos, também, o Sebrae, que é um grande parceiro das micro e pequenas empresas, com consultoria, assessorias e capacitações. Temos um longo caminho para trilhar ainda, mas, felizmente, temos que comemorar neste Dia Nacional das Micro e Pequenas Empresas.  

A burocracia ainda é muito grande, ou o Simples resolveu esse problema?

O Simples Nacional completa 10 anos, com muitos objetivos alcançados, esse número de micro e pequenas empresas, empreendedores individuais beirando os 15 bilhões em todo o Brasil. Comprova o sucesso dessa política pública de formalização, e a gente precisa continuar com o Super Simples e com políticas como microempreendedor individual. Não tenho dúvida alguma que a gente precisa avançar ainda mais. O Super Simples ou o Simples Nacional para as empresas é muito positivo, porque numa mesma guia o empreendedor paga seis tributos, mas a parte de apuração dos tributos para os contadores, sabe que existe uma certa complexidade. E, por isso, a gente defende uma reforma tributária que venha desburocratizar, e simplificar a questão do recolhimento dos tributos.

Quais são os conselhos que o senhor dá para quem pensa em abrir uma pequena empresa?

A gente está saindo de uma crise muito grande, nos últimos cinco anos a gente tem mais ou menos um PIB negativo de 4,5%. A gente tem uma inflação de mais de 30%, então o que a gente recomenda é, se quiser empreenda, não desista dos seus sonhos. A AMPE de Lages, a gente está acompanhado com o nosso presidente Valdenor, é uma referência aqui em defesa das micro e pequenas empresas. Procure o Sebrae, estude bem o seu produto, hoje, a internet, as ferramentas de busca na internet como o Google, por exemplo, te dão uma série de informações, não somente do produto, mas uma oportunidade de negócio. Comece pequeno, se você produz um salgado um doce, ou se você gosta de costurar, comece pequeno. Teste seu produto, pergunte pros amigos, parentes, se aquele produto ele tem aceitação, se tiver aceitação, você começa a crescer, começa a avançar. Não precisa abrir uma empresa de cara se você não tem uma empresa, pra não ter custos com contador, com tributos, com burocracia. Começa pequeno, fazendo alguma boa prestação de serviço, algum produto, e na medida que você vai crescendo e faturando, se o seu produto vendeu, se alguém comprou, é que você está no caminho certo. Aí, a partir desse momento, é você escalar, você pensar em se formalizar e pensar em crescer.

Se o senhor fosse abrir uma empresa em nossa região apostaria em qual setor: Turismo, tecnologia, alimentos ou outros?

Isso varia muito né, a gente vive num momento de muita tecnologia, de internet, todas as pessoas hoje têm um celular. Você sabia que hoje, no Brasil, existem mais linhas de celular do que pessoas, habitantes?

Mas o caminho pra essa moçada que está começando aí, sem dúvidas na área de informática, na área da tecnologia de informação e comunicações, na área digital. Recentemente, alguns anos atrás, foi criado o centro de inovação em Lages, o que tem também uma proximidade com as universidades, com as associações empresariais, como a nossa Ampe. Acho que essa linha digital que está vindo, é uma linha bacana. Para as pessoas aí da nossa idade, pode também ter negócios presenciais, locais, que ainda têm muita oportunidade. Mas as pessoas têm que estudar um pouco mais, e procurar questão de nichos específicos, questão de segmentos específicos. Em Florianópolis, em virtude da crise, você passa nas ruas e tem inúmeros imóveis para alugar, aí você pergunta: mesmo com a crise vale a pena empreender? Se você encontrar um nicho, um produto diferenciado, não tem dúvida alguma, que você pode ter sucesso. Mas estude, se prepare, busque uma assessoria, para depois se lançar ao mercado. Procure também uma boa cooperativa de crédito, que possa dar juros baixos.

Colaborou: Jordana Boscato

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