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CLEntrevista com a Secretária de Saúde de Lages, Odila Waldrich

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Foto: Jordana Boscato

Colaborou: Jordana Boscato

Correio Lageano: Recentemente, o Correio Lageano publicou uma reportagem sobre as pessoas que precisam sair de Lages para fazer cirurgia de cataratas e também consultas com neurologista. Pode explicar por que esses procedimentos não acontecem em lages?

Odila Waldrich: Quando nós assumimos a gestão, tinha uma fila de mais ou menos 9 mil pessoas esperando por vários procedimentos, entre eles a oftalmologia. Então, precisávamos resolver essa questão da fila. Obviamente que a gente chamou os nossos profissionais do município para atuarem, enquanto SUS. Nesse primeiro momento, a gente teve uma dificuldade na negociação, até porque a gente tinha ainda uma grande dívida para ser paga, enfim, não vem ao caso agora. Mas para que a gente pudesse resolver a situação, diminuir essa fila, junto não somente a Lages, mas ao Estado todo, optamos por orientação a buscar aos serviços, onde tivesse um hospital disponível. E onde teve hospital disponível foi em Santo Amaro, que sempre faz um trabalho muito bom e que atende muitas pessoas, tem uma equipe muito grande de várias especialidades. Aí, então, nós começamos a mandar essas pessoas para fora, justamente pela dificuldade que estávamos tendo, de profissionais no momento, para realizar o trabalho em Lages. Hoje, já não nos encontramos mais nessa situação, agora temos três clínicas muito boas, especificamente a da visão, aqui no município; e esses profissionais estão conosco, fazendo atendimento pelo SUS. Graças a Deus, porque todo gestor gostaria que todo seu munícipe fosse atendido no seu município, mas, às vezes, não tem condição por falta de profissional. E a neurologia está na mesma categoria, temos poucos profissionais e a nossa demanda é muito grande, precisamos mandar pacientes consultar fora, até para agilizar o tratamento. 

E a cirurgia de cataratas? Ela continua sendo feita fora ou vai passar a ser feita em Lages?

Nós estamos terminando o mutirão que tínhamos começado, e como era em parceria com o estado a gente não podia interromper. Mas, agora, a gente está ‘contratualizando’ com as nossas clínicas aqui de Lages, e vamos fazer aqui. Até porque, para nós, é muito bom, o munícipe não precisa sair, a gente não precisa gastar com transporte, menos gasto, menos problemas na estrada. Então, quanto menos a gente colocar nossos pacientes para fora, melhor. 

Em relação à UPA, que não faz muito tempo que está em funcionamento. O espaço lá, comporta a demanda? 

O espaço da nossa UPA tem mais de 2 mil metros [quadrados] e o Pronto Atendimento tinha 300 metros. A UPA é um projeto do Ministério da Saúde, e a gente não pode ficar readequando, enquanto que, eles não entendem que agora a gestão é 100% município. E nós estamos nesse trâmite, porque a partir do momento que a gente inaugurou, temos entre 90 e 120 dias para regularizar, o que nós já estamos regularizando, isso junto ao Ministério da Saúde. Então, tem esse trâmite que, infelizmente, a burocracia atrapalha bastante o serviço da gente. Mas ela foi constituída para ser atendida em especialidades, entre elas a pediatria. Todas as UPAs do país funcionam dessa forma, Lages não é diferente, todas têm o mesmo critério. E para que o Ministério da Saúde me repasse entre R$ 250 mil a R$ 300 mil mensais, que hoje nós gastamos em torno de 1,5 milhão na UPA, tudo recurso próprio, eu preciso atender crianças. E como se não bastasse só essa questão, ainda tem a outra questão que essas crianças, hoje, são atendidas apenas no Hospital Infantil, que cedeu os espaço pra gente há muito anos, e que através de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta), foi assinado pela gestão anterior, dizendo e se comprometendo, que essas crianças passariam a ser atendidas na UPA a partir do momento que fosse inaugurada, e nós vamos ter que cumprir, junto ao Ministério Público, esse TAC. Hoje, a demanda que temos na UPA, ela suporta, temos três salas e é claro que se tivesse maior, a gente teria um espaço mais considerável, mas o que temos hoje, comporta sim. O problema na nossa UPA são os leitos, os pacientes que ficam, literalmente, internados e que deveriam estar internados no hospital, isso sim nos atrapalha bastante, porque leito para internamento a gente não tem, porque uma UPA não é para internar os pacientes. 

Há um problema de leitos para internamento, não só em Lages, porque os municípios da Serra também utilizam os hospitais daqui. Sei que a responsabilidade não é só de Lages, mas como resolver esse problema?

Isso. O nosso município recebe em torno de [pacientes de] 60 municípios que consultam em Lages, não só a Serra. São mais de 60 municípios que são contratualizados com os hospitais de Lages, isso seja o Tereza Ramos, o Nossa Senhora ou o Infantil, então é uma demanda gigante. E a gente vem discutindo há tempo com toda a região, com os hospitais, com o Secretário do Estado, governador. Essa questão para Lages, a gente percebe que só vai melhorar a partir do momento que conseguir inaugurar a ala nova do Tereza Ramos, que foi construída, sim, por conta de uma demanda do município, nós precisamos não só leito de UTI, mas precisamos de leito para as clínicas e também especialidades. Na nossa avaliação, a torre precisa ser inaugurada para que a gente consiga comandar melhor essas pessoas. 

A senhora pode explicar como vai funcionar o atendimento infantil na UPA? Vai deixar de ser no Hospital Infantil Seara do bem?

O Hospital Infantil não vai deixar de atender. Na saúde a gente chama de “porta aberta” para urgência e emergência e não para Pronto Atendimento. Como o Pronto Atendimento foi um espaço cedido por eles, para o município, hoje eles querem atender urgência e emergência que é a categoria do Hospital Infantil Seara do Bem. Então, eles vão continuar fazendo esse atendimento, não vai mudar absolutamente nada, o que vai mudar são os casos leves, de responsabilidade do município e são esses casos que, a partir de janeiro, a gente vai transferir para a UPA, juntamente à equipe médica. Porque hoje nós temos a responsabilidade do município em relação à pediatria no Hospital Infantil, é puramente a equipe médica, de estrutura, profissional do burocrático, enfermeiro, é responsabilidade do Infantil. E, a partir do momento que a gente mudar para UPA, toda essa responsabilidade será do município.

Alguma coisa mudou em relação ao atendimento depois das divulgações da CPI?  

Quando nós recebemos a gestão, a gente continuou o serviço acreditando que estava andando corretamente, como a saúde é tudo muito inusitado, obviamente que a CPI veio nos alertar sobre algumas questões que não estavam a contento dentro do Pronto Atendimento, e que nós levamos para UPA. Então, foi uma das possibilidades e das reivindicações, se eu posso chamar isso da CPI, foi a colocação de mais profissionais, a gente já chamou oito profissionais e vão ser chamados mais lá para a UPA, o que já aumentou consideravelmente a equipe, inclusive, médica. E médico a gente sempre colocou a mais, nos momentos de pico e mais necessitados. E a questão do farmacêutico, que a gente não tinha e nunca teve especificamente, não era uma realidade do Pronto Atendimento ter um farmacêutico vinculado, o tempo todo lá, e hoje nós temos o farmacêutico que faz a dispensação do medicamento para os pacientes direto na UPA. Isso foi um ganho que a gente teve no desenrolar da CPI.                    

 

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