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Censo é base para criação de políticas públicas

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Um dos cursos que o centro oferece é o de manicure - Foto: Susana Küster

Desde 1940, o Censo produz dados, que retratam vários setores do país, o que ajuda na elaboração de políticas públicas. Como é feito a cada dez anos, o próximo está programado para acontecer no segundo semestre do ano que vem. Porém, terá uma grande diferença em relação aos anteriores.

O Governo Federal reduziu de 102 para 76 perguntas, porque acredita que assim as respostas serão mais fidedignas, pois um questionário longo é visto como cansativo. Claro que com menos perguntas, os custos da pesquisa diminuirão, mas, segundo o governo, esta não foi a preocupação central quando foi feito o corte.

Inicialmente, o governo informou que o orçamento inicial para o Censo 2020 seria de R$ 3,1 bilhões e por conta da crise fiscal e restrição orçamentária que o país enfrenta, foi imposto um limite de gastos de R$ 2,3 bilhões, e o valor ainda pode ser revisto. Ciente disso, o IBGE fez ajustes no modo de aplicar os recursos.

Para o técnico em informações geográficas e estatísticas do IBGE, em Lages, Paulo Ivan Peruzzo Filho, o número menor de perguntas impacta na qualidade da pesquisa, pois diminui a riqueza de detalhes. Ainda não se sabe ao certo quais questionamentos serão retirados, provavelmente o IBGE somente saberá mais próximo do Censo, que está programado para acontecer a partir de agosto de 2020.

“É através dos dados que as políticas públicas são criadas, como por exemplo, o Índice de Construção que a Caixa Econômica usa para fazer os financiamentos,e é retirado das informações do IBGE. As cidades sabem quanto vão ganhar de Fundo de Participação dos Municípios (FPM) com base no número de habitantes que os recenseadores coletam,” esclarece Ivar.

Segundo o governo, nenhuma pergunta será retirada do Censo sem que haja uma estratégia para seu levantamento por fontes alternativas ou uma boa justificativa técnica para ser excluída da pesquisa.

Os dados sobre emigração internacional foi o único tema divulgado e excluído pelo governo até agora. Mas o governo justifica a retirada dizendo que os dados podem ser encontrados nos registros administrativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O técnico que atua em Lages explica que há pesquisas contínuas que são realizadas com frequência pelo instituto que cobrem as perguntas que foram retiradas. Como as feitas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), em que se verifica o índice de escolaridade e analfabetismo.

Nesta quinta-feira (26), para debater o tema, foi realizada uma reunião de planejamento e acompanhamento do Censo 2020, na Câmara de Vereadores de Lages, que envolverá IBGE, PM, PC, Fórum, cartórios de registro civil, reitores das universidades, entre outras instituições.

Números comprovam o valor do Censo

Os números do Censo impressionam, em especial o quantitativo de pessoas envolvidas na operação e seu orçamento. Porém, o que impressiona ainda mais é a relevância dos temas investigados para as tomadas de decisão do poder público e da iniciativa privada.

O diagrama a seguir traz exemplos de alguns desses usos, tendo como referência os temas pesquisados no Censo 2010, os quais, em grande parte, estarão presentes nos questionários do Censo 2020.

O tema “sexo e idade dos moradores”, por exemplo, levanta o total de moradores do país e sua distribuição pelo território, informações que são referências básicas para outros temas do Censo, para o desenho de políticas governamentais e para a distribuição de recursos federais entre estados e municípios.

A partir das perguntas de sexo e idade dos moradores, o Censo Demográfico obtém o total da população do país e sua distribuição pelo território, que são informações básicas para o planejamento de políticas governamentais, para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) per capita e para a divisão dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM).

Fonte: IBGE

Centro Social Santo Antônio ajuda famílias carentes

O Censo aponta potencialidades e fragilidades de uma região ou cidade. Para se ter uma ideia dessa efetividade, a taxa de mortalidade infantil, em Lages, era de 26,97 óbitos para 100 mil nascidos vivos em 1996. Políticas públicas, dentre elas a Rede Cegonha, com o apoio de voluntárias da Pastoral da Criança, reduziram a taxa em 2019 para 9,8 óbitos para 100 mil nascidos vivos. 

O Centro Social Santo Antônio, no Bairro Morro Grande, em Lages, faz parte da Pastoral da Criança e combate a mortalidade infantil com a distribuição da farinha multimistura. 

A farinha é composta por farinha integral, farelo de trigo, germe de trigo, aveia, linhaça, konaco de soja, farinha de mandioca e de milho. Segundo a irmã Elice Lúcia Mattana, missionária de Jesus Cristo Crucificado, que atua como voluntária no local, são feitos a cada dois meses, cerca de 300 quilos da farinha.

Em Lages, além do centro, mais 300 quilos da multimistura são produzidos na Igreja Nossa Senhora das Graças, no Bairro Popular. “A farinha ajuda muito crianças desnutridas, doentes, idosos, pessoas com intestino preso, gestantes.

Doamos grande para ONGs e entidades beneficentes,” explica a religiosa. Ela afirma que o centro social conta com ajuda de doações para manter a estrutura e fazer a farinha. Quem quiser contribuir pode ligar no número 3019-3880 ou ir até a Rua Adalberto Campolim, número 70, Bairro Morro Grande. 

Para combater o desemprego, índice também mostrado pelos dados do Censo, o centro social realiza cursos profissionalizantes, que são ministrados por voluntários e ocorrem em dias específicos, durante a semana. São cursos gratuitos, como corte e costura, cabeleireiro, manicure e pintura em tecido.

Na quarta-feira, por exemplo, é dia do curso de manicure  com a assistente social, Analéia Levitte, 47 anos. Como atualmente está desempregada, ela dedica parte do seu tempo livre para ajudar os outros. “Muitos têm dificuldade em conseguir emprego, então, profissionalizar pode ser a oportunidade para virar um empreendedor.”

Grasiele da Luz Waldrigues, 22 anos, já fez curso de cabeleireiro e agora faz o de manicure. Ela pretende conseguir um emprego fixo, mas enquanto não consegue, atua como manicure em domicílio. “Trabalho há mais de um ano assim, pois adoro essa área.”

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