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Caso Aline ainda está sem resposta

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Foto: Acervo pessoal/Divulgação

A suspeita de que a ossada encontrada, em abril do ano passado, na fornalha da caldeira do Clube Caça e Tiro, em Lages, seria da desaparecida Aline Santos Rosa não foi confirmada pelo Instituto Geral de Perícia de Florianópolis (IGP/SC).

De acordo com a assessoria de comunicação do IGP/SC, as possibilidades de reconhecimento foram esgotadas, pois o material ósseo encontrado era praticamente um farelo. A alta temperatura da caldeira e o tempo que o corpo ficou submetido ao fogo destruiu praticamente tudo, ou seja, não foi possível extrair material genético impedindo a definição do DNA ao confrontar o código genético com o da família.

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso ( Dpcami) investigou o desaparecimento, trabalhando com a linha de que o único suspeito seria o marido, mas como ele morreu, o processo foi arquivado. O caso foi encaminhado para a 1ª Vara criminal do Fórum Nereu Ramos, em Lages.

A promotora Luciana Uller Marin explicou que depois da notícia da morte do marido de Aline, algumas medidas investigatórias foram requisitadas pelo Ministério Público e outras pela Polícia Civil. Uma delas do material recolhido na caldeira que foi inconclusiva.

Foi realizada perícia dentro do carro. O objetivo era ver se tinha algum vestígio de sangue, partindo do pressuposto que ele tenha matado ela de forma sangrenta e a tivesse carregado dentro do carro. Mas nada foi encontrado, muito embora existam outras forma de matar. Até mesmo uma seringa encontrada na casa do casal foi periciada, mas não resultou em nada que acrescentasse à investigação.
Também houve a apreensão de dois celulares, que foram remetidos para verificar se, no conteúdo, existiam mensagens que pudessem acrescentar algo novo. “Essas perícias não retornaram ainda e o Ministério Público está aguardando os resultados.

As perícias têm demorado, pois até pouco tempo estavam acontecendo em Florianópolis e agora voltaram a ser feitas em Lages e, dependendo da resposta para que se tenha um parecer conclusivo, a tendência e que o inquérito seja arquivado”, explica a promotora, Luciana Uller Marin.

Relembre o caso

Aline Santos Rosa, de 34 anos, desapareceu no dia 17 de abril do ano passado, em Lages. Após investigação, uma semana depois, a Polícia Civil pediu que fosse feita a limpeza da caldeira do Clube Caça e Tiro.

O marido da desaparecida trabalhava no clube e havia imagens dele carregando um saco no local, em horário diferente de seu expediente, horas depois do desaparecimento. O marido Alceu de Nazaré Machado da Rosa (39)não era investigado, apenas foi ouvido como testemunha por ser parente próximo.

A fornalha tem capacidade de queima razoável e, por isso, não demoraria muito para decompor um corpo, o que dificultou a identificação no IGP de Lages. Mesmo sem formalização de investigado, existia uma desconfiança de que Alceu estaria envolvido no desaparecimento da mulher. O processo de responsabilização judicial, dessa forma, teria sido prejudicado, já que Alceu morreu em acidente de trânsito, no mesmo dia, na BR-116.

“Meu coração de mãe diz que ela está morta”

Dona Miriam Godoi dos Santos, 53 anos, é mãe da Aline Santos Rosa, que é considerada desaparecida. A filha completaria 35 anos em novembro. Quase um ano depois do desaparecimento de Aline, a mãe ainda não obteve resposta da justiça, mas seu coração diz que a filha está morta.

“Na Lei dos homens ela está desaparecida. Quero fazer o sepultamento dela. Nem que seja de um dedo ou qualquer outra parte do corpo. Jamais vou colocar o restinho dela em uma gaveta. Preciso de uma declaração de morte presumida, um laudo para poder correr atrás dos direitos dos filhos dela.

Fiquei com os dois filhos dela e com contas para pagar. A população me ajudou, fizeram até um jantar para arrecadar dinheiro. Como mãe tenho certeza que ela está morta”, desabafa a mulher, que está morando na casa da Aline, no Bairro Habitação. Inclusive uma das netas, a adolescente, tem crises frequentes de epilepsia.

Aline tinha quatro filhos, dois do primeiro relacionamento, um rapaz de 18 anos e uma adolescente com 15. Com Alceu, com quem vivia há 12 anos, tinha um casal um menino de três e uma menina de 10. Ambos estão morando com a tia paterna e os outros, a adolescente e o jovem, com a avó materna.
Segundo dona Miriam, nos últimos cincos anos Aline e Alceu brigavam constantemente. “Era doente, muito ciumento, perseguidor e controlava até o celular dela. ”Ela tem certeza que foi Alceu quem matou Aline. Conforme a vó, sobram razões para incriminá-lo. Quando o IGP estava esvaziando a caldeira pela manhã, Alceu estava dando depoimentos e iria confessar e quando soube que tinham achado algo no forno, foi na BR e jogou o carro embaixo de uma carreta”, argumenta.

Além disso, segundo ela, o marido da filha agiu de forma suspeita. “No dia do crime, ele demorou para sentir a falta dela. Disse que ela chegou às 2h35 da madrugada e foi fumar na varanda. Pela manhã, disse que só viu os cobertores no sofá e achou que a Aline estava dormindo. Quando eu e ele registramos o BO de desaparecimento não se interessou em procurar ela”, explica.

Dona Miriam finaliza lembrando que o genro ligou pra irmã dele recomendando que ela tomasse conta das crianças e disse: “Diga para as crianças que perdoem o que fiz pra mães deles e o que eu vou fazer”.

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