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Campanha sobre abuso sexual é direcionada ao público infantil

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Um vídeo ensinando crianças como se protegerem diante do abuso sexual, chama atenção para o tema. Nele, o assunto é tratado de forma leve e didática, de maneira que as crianças entendam o que esse crime e saibam como proceder.

Com desenhos e sem ser agressivo, o locutor insiste para que as crianças contem para um adulto se estiverem sendo abusadas, mesmo que o agressor esteja ameaçando machucar alguém se o caso vier à tona.

O vídeo (que tem autoria desconhecida) viralizou nas redes sociais e no YouTube.

Abuso sexual infantil parece distante da realidade, principalmente quando não se conhece alguém próximo que passou por isso. Porém, números da Polícia Civil de Lages comprovam que o crime ainda é corriqueiro.

Em Lages, em 2016, 92 casos foram registrados, e no ano passado, o número passou para 77. Os dados da delegacia de PC são para crimes de estupro em crianças e adolescentes. Mas os números podem ser maiores, já que muitos casos não são denunciados.

O delegado de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso, de Lages, Rochell Amaral da Silva, afirma que os números poderiam ser mais altos, em razão da chamada “cifra negra”, que são aqueles fatos que não chegam ao conhecimento da Polícia Civil.

A denúncia para este tipo de crime, pode ser anônima, pelo telefone 3289-8160 ou pelo Disque Denúncia, nos números 181 ou 100. Pelo WhatsApp também é possível, através do número (48) 98844-0011.

Procedimentos

Após o recebimento da denúncia, a Polícia Civil apura a veracidade da informação, até porque, infelizmente, segundo o delegado, há pessoas que fazem trotes.

Verificada a procedência, são realizadas as diligências iniciais necessárias e instaurado o procedimento policial adequado para a formalização das investigações, com posterior remessa para a análise do Ministério Público e do Poder Judiciário.

O delegado explica que quando o abuso acontece, a prioridade é que a vítima permaneça com alguém da família. Porém, pode ocorrer o encaminhamento ao abrigo nas hipóteses em que a violência é intrafamiliar e a manutenção da criança ou do adolescente nesse ambiente continue colocando em risco a sua integridade física e/ou psicológica.

Psicóloga alerta para sinais de comportamento das vítimas

Geralmente, as crianças que sofreram ou ainda sofrem abuso sexual apresentam mudanças no comportamento. Estas mudanças podem se apresentar de diferentes formas e vai depender de cada situação e do tipo de abuso.

A psicóloga Claudia Waltrick Machado Barbosa explica que varia de acordo com o grau de penetração; acompanhamento de insultos ou violência psicológica; uso de força ou violência física, entre outras brutalidades.

Em bebês pode ocorrer a presença de choro sem causa aparente. “Mas nestes casos, geralmente, se ocorreu conjunção carnal, a criança vai apresentar sangramento. Porém, pode também aparecer choro nas trocas de fraldas”. Em crianças maiores, os sinais podem ser: agitação, irritabilidade, embotamento (a criança começa a ficar mais isolada e quieta), medo de ficar sozinha ou ao ser afastada da mãe ou cuidador.

Há casos que a psicóloga diz que crianças e adolescentes apresentam certa agressividade, além de terror noturno e medo de dormir sozinhas. “A criança pode ainda apresentar insegurança, depressão, vergonha e fobia.”

Entretanto, ela frisa que pode acontecer, também, em casos de incesto, falta de mudanças, pois, quando a pessoa é violentada por alguém próximo ou um familiar, por exemplo, desde bebê, pode compreender que este ato é normal, pois ainda não tem discernimento do que está acontecendo.

“Nestes casos, só mais tarde, geralmente na adolescência, ela vai se dar conta da situação que foi exposta. Mas nos casos de incesto, as crises de choro e nervosismo são comuns. No caso de crianças em fase escolar, podem apresentar baixo rendimento.”

A especialista esclarece que uma criança que passou por situação de abuso sexual, não necessariamente terá comprometimento na vida sexual quando adulto. Se tratada psicologicamente, poderá ter uma vida sexual normal.

“O abuso sexual infantil é facilitador para o aparecimento de psicopatologias graves, prejudicando a evolução psicológica, afetiva e social da vítima. Os efeitos do abuso na infância podem se manifestar de várias maneiras, em qualquer fase da vida”.