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Caixas de leite como isolamento térmico em residências

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Foto: Patrícia Vieira

Que o inverno na Serra Catarinense costuma ser muito frio, com temperaturas chegando abaixo de zero, não é nenhuma novidade. Mas você sabia que aquela caixa de leite que é descartada depois de vazia, muitas vezes inadequadamente, pode além de contribuir com o meio ambiente, ajudar a enfrentar o frio?  

A reutilização das embalagens Tetra Pak está se tornando uma alternativa eficiente para o isolamento térmico de residências. Sua aplicação adequada nas paredes ou forro de casas pode contribuir com a temperatura nos ambientes em até 8 graus.

Para que o isolamento térmico funcione perfeitamente, é preciso que a manta não encoste, seja nas telhas ou nas paredes. Ainda é necessário um espaço mínimo de dois centímetros para a circulação do ar, segundo o Setor Reciclagem. No caso das casas em clima frio, é recomendado que o lado do alumínio fique para dentro do imóvel.

O reaproveitamento dessas embalagens é uma alternativa mais barata para minimizar problemas de isolamento e climatização, inclusive para habitações em situação de extrema necessidade. Além disso, contribui com o meio ambiente, pois esse material leva cerca de 100 anos para se decompor. 

Em Lages, projetos com esse objetivo estão sendo desenvolvidos. Um deles, é o “Lages Sem Frio”. Uma ação social que visa utilizar as embalagens como isolante térmico em casas de famílias carentes. A expectativa é que esse material resista mais de dois anos.

De acordo com a arquiteta Mariana Campos de Andrade, idealizadora do projeto, implantado recentemente na cidade, tem como base as iniciativas em Curitiba e Porto Alegre, que são orquestradas pela ONG Brasil sem Frestas. “A ideia do projeto surgiu após uma visita no Bairro Bom Jesus, em Lages, juntamente com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina. Na ocasião, foi diagnosticada precariedade em várias casas”, lembra.

A partir de então, Mariana resolveu montar uma Campanha, somente com a família e alunos. “Com uma arte em mãos, começamos a divulgar e acabamos ampliando a ideia em outras cidades como São Joaquim, Correia Pinto e Curitibanos”, afirma.

Ela explica que o Lages Sem Frio é uma campanha solidária que consiste na arrecadação dessas caixas Tetra Pak para serem usadas como isolante térmico. As caixinhas de leite longa vida são abertas, lavadas e, após secarem, são recortadas e colocadas nas paredes em formas de placas. O papel alumínio é disposto contra a estrutura.  

De acordo com a arquiteta, a parte interna da caixinha recebe a luz do sol durante o dia e conserva o calor no ambiente, além de tapar possíveis furos e frestas nas paredes das residências. Para uma casa ser “vedada”, são necessárias cerca de duas mil caixas de leite. “As embalagens na forma de mantas servirão de proteção para casas que sofrem com os intempéries do clima frio de Lages”, comenta. 

Voluntários

O projeto conta ainda com o apoio de Voluntários da Alegria e do Rotary Club de Lages e, indiretamente, de várias entidades e pessoas que tem reciprocidade. Como é o caso da Escola Mundo Encantado. A empresária e pedagoga Edna Flores Nunes Koerich explica que o interesse em participar da arrecadação de caixas para o “Lages sem Frio” partiu das próprias mães dos alunos. A escola atende cerca de 175 alunos de de 1 ano e meio até 10 anos, e começou a arrecadação este ano. O objetivo é contribuir de alguma forma com as famílias mais necessitadas. 

Ela ainda ressalta que a capacidade dessas embalagens chega em até 95% da irradiação infravermelha do sol e, com isso, pode reduzir em de 8°C a temperatura no interior do ambiente. A empresária salienta que as embalagens devem ser cortadas e lavadas, com a parte interna ficando exposta para ajudar a formar uma espécie de placa de isolamento térmico. A ideia é aplicar o material em paredes de casas de família de baixa renda, visando aumentar a temperatura no ambiente interno dos cômodos.

Isolamento térmico e acústico 

Com a construção da sede da Associação de Arte e Cultura Circula-Dô – Teatro Circula-Dô, no Bairro Petrópolis, Marcio Machado começou a colocar em prática essa ideia sustentável e eficaz. A meta é arrecadar 8.300 embalagens. Para isso, estão disponíveis 34 pontos de coleta, entre entidades, estabelecimentos comerciais e pessoas físicas.

De acordo com Marcio, a reutilização de caixinhas além de contribuir com o meio ambiente é também uma solução para a construção civil. 

Em São Joaquim

Na Serra Catarinense, um projeto semelhante liderado por profissionais da Associação dos Engenheiros Agrônomos da Serra Catarinense (Assea), foi desenvolvido em 2013. O objetivo também foi de proteger famílias de São Joaquim do frio. Segundo o engenheiro Marciano Bittencourt, presidente da associação, o isolamento serve para proteger as famílias carentes do vento e principalmente das temperaturas negativas registradas na região. 

Como fazer em casa?

  • Abrir totalmente as caixinhas, descolando as emendas e fazendo um corte vertical para que a embalagem fique completamente plana. 
  • Limpar com água e sabão.
  • Secar as embalagens
  • Colar lado a lado, com cola branca ou com grampos, formando uma manta sobre a laje superior da casa, abaixo do telhado.
  • Para que funcione como isolante térmico não encostar a manta nas telhas. Deixar um espaço mínimo de dois centímetros para a circulação do ar. 

 

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