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Brasileiros empreendem como alternativa à falta de emprego

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Após ficar desempregado, Douglas decidiu empreender e montou uma marcenaria em casa - Foto: Núbia Garcia

Depois de trabalhar por cinco anos em uma fábrica de móveis, Douglas de Souza Küster, 22 anos, foi demitido e passou alguns meses desempregado. Diante da necessidade de ter renda própria, decidiu montar o próprio negócio. Há pouco mais de um ano, ele abriu uma marcenaria na garagem de casa, no Bairro São Sebastião, em Lages.

Com parte do acerto que recebeu da empresa onde trabalhava, construiu uma garagem ao lado de casa e, para investir no maquinário necessário, recorreu a um empréstimo no Banco da Família. Passados apenas 14 meses, já tem capacidade financeira para arcar com as despesas de um funcionário, quitou o primeiro empréstimo e fez outro, para investimentos.

Por ser jovem, Douglas conta que teve dificuldades em voltar para o mercado de trabalho, pois, segundo ele, os empregadores desacreditavam no seu profissionalismo.

“Estava difícil conseguir emprego. Então, decidi empreender. Comecei trabalhando com dinheiro dos clientes para poder comprar os materiais, porque não tinha capital de giro. Isso foi difícil e me fez pensar em desistir várias vezes. Hoje, além de ter um bom capital de giro, consigo tirar um salário maior do que ganhava quando era funcionário,” conta.

Os negócios vão tão bem, que ele já não tem mais capacidade para atender novas demandas em 2018. O bom desempenho fez Douglas retomar um sonho antigo: dar continuidade aos estudos e cursar Administração, pois ele precisou parar no 1º ano do ensino médio para trabalhar e contribuir com o sustento da família.

A história de Douglas ilustra as estatísticas do mercado de trabalho no Brasil. Devido ao alto número de desempregados e às dificuldades em conseguir recolocação, um número crescente de brasileiros tem investido em negócios próprios, criando novo nicho de mercado, o chamado empreendedorismo por necessidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho o desemprego atingia 12,9 milhões de brasileiros.

Empreendedorismo por necessidade é alternativa de mercado

De acordo com o coordenador regional do Sebrae em Lages, Alternir Agostini, a entidade classifica os empreendedores em duas categorias: os que empreendem por oportunidade ou por necessidade.

“O empreendedor por necessidade, geralmente, é a pessoa que perdeu o emprego, está à margem do mercado de trabalho, não consegue uma colocação, e acaba montando um pequeno negócio justamente porque precisa sobreviver e sustentar a si e à família”, explica.

Segundo ele, o que diferencia as duas categorias é que o empreendedor por oportunidade, na maioria das vezes, estuda o mercado que pretende atender, monta estratégia e planejamento, e analisa a melhor hora para investir. Já o empreendedor por necessidade, em muitos casos, acaba fazendo isso sem ter todo o conhecimento necessário para abrir um negócio.

Agostini reforça que, independentemente do tamanho e do valor inicial investido, é fundamental tratar a empresa com seriedade e montar um planejamento (financeiro, de pessoal e temporal) adequado.

“Mesmo sendo pequeno, sozinho ou informal, é preciso saber que aquele negócio é uma empresa e tem que ser tratada com tal, mesmo sendo algo muito pequena. Tem que ter organização mínima, conhecer o mercado e buscar orientação”, afirma, ressaltando o trabalho de consultoria e assessoria oferecido pelo próprio Sebrae, muitas vezes, gratuitamente.

Para Agostini, o empreendedorismo por necessidade é uma boa alternativa de mercado, pois é melhor do que empregos sem carteira assinada e subempregos (bicos ou temporários). “Precisamos oferecer orientação técnica para que essas pessoas que estão empreendendo tenham melhores resultados. Muitos desses pequenos negócios, montados por necessidade, acabam se transformando boas empresas e com bom desempenho, avalia, destacando que, atualmente, no Brasil, cerca de 80% dos novos empregos são gerados por novos negócios.

Desenvolver estratégias e planejamento é essencial

Atualmente, 90% da carteira de clientes do Banco da Família é formada por empreendedores informais (empresas sem CNPJ). Não é possível identificar quantos destes são empreendedores por necessidade, porém, o dado corrobora a informação de que a quantidade de pessoas que decide investir no próprio negócio é crescente.

De acordo com a diretora de mercado do Banco da Família, Elaine Amaral Fernandes, somente em 2018, 10,7 mil pessoas continuaram trabalhando em empresas informais e outras 369 foram contratadas em empresas informais, com o apoio de crédito fornecido pela instituição.

Elaine ressalta que empreender é uma alternativa para que as famílias não fiquem sem renda, e estes novos empreendedores buscam o microcrédito para impulsionar seus negócios. Quando o assunto é saúde financeira da empresa, ela ressalta que estudos e planejamento são fundamentais para evitar dívidas e conseguir gerar lucro.

“O planejamento e a organização são essenciais. É preciso cuidar do orçamento, conhecer os números, saber quanto gasta, qual a receita, quem são os principais clientes, a quantidade de vendas. Conhecer os números da atividade ajuda a chegar em um valor de renda e focar no desenvolvimento de estratégias e no planejamento, para que possa aumentar essa renda”, analisa Elaine.

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