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Brasileiro percorre continente africano de triciclo rumo ao país da Copa

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Magaliesburg (África do Sul), 16/06/2010, (EFE)
 

O ambientalista e fotógrafo brasileiro José Geraldo de Souza Castro percorreu 20 países e mais de 17.300 quilômetros pedalando um triciclo durante dois anos, nos quais viveu uma aventura única para chegar à África do Sul a tempo para a Copa do Mundo.

 

A experiência começou no dia 10 de maio de 2008, aos pés da Torre Eiffel, em Paris, de onde Castro partiu com o objetivo de ver sua seleção atuar na Copa na África do Sul dois anos depois.
No entanto, apesar de todos os seus esforços, Zé do Pedal, como ficou conhecido, não comprou seus ingressos para ver os jogos.

 

Amante do futebol, ele sonha em poder ver ao vivo uma disputa entre Espanha e Brasil, que qualificou como "a partida", mas logo em seguida, mudou de ideia, e disse preferir que a seleção brasileira enfrente seleções mais fáceis na África do Sul.

 

Zé do Pedal contou que entrará em contato com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para tentar assistir a algum jogo da seleção, mas que não está muito convencido de que realizará este "sonho".

 

Na verdade, ele não está muito preocupado, porque sabe que suas vivências nestes dois anos são inigualáveis e que o objetivo solidário da viagem foi o mais importante.

 

O propósito de Zé do Pedal era chamar a atenção da comunidade internacional sobre as doenças oculares sofridas por crianças em países pobres.

 

Esta não é a primeira vez que suas aventuras solidárias se cruzam com o Mundial, depois que, em sua volta ao mundo, entre 1983 e 1986, passou pelo México durante a Copa realizada no país. Já em 1981, iniciou no Brasil uma viagem de bicicleta para assistir ao campeonato na Espanha no ano seguinte.

 

A viagem pela África não foi fácil para Castro, que passou momentos de grande perigo em zonas de guerra e enfrentou temperaturas extremas em seu inusitado veículo, que conta com um chassi e um volante de kart e puxa uma pequena carreta.

 

Além disso, os problemas de comunicação com as pessoas pelo caminho foram evidentes durante os 21 meses que demorou para percorrer o continente africano: "Eu fingia que falava seu idioma e eles que me entendiam".

 

A alimentação também não foi fácil e Zé do Pedal conta que experimentou carne de tatu, de tartaruga e de jacaré, além de cobras e lagartas, cujo sabor qualificou de "delicioso quando se come bem frita", mas que cozida "é como um chiclete".

 

Apesar dos problemas, tentou adaptar-se aos costumes das comunidades rurais com as quais conviveu durante seu caminho e, em uma ocasião, um homem chegou a ofereceu a ele 50 camelos em troca de se casar com sua filha.

 

No entanto, um momento que nunca esquecerá foi quando teve que dormir na casa de um homem que o acordou no meio da noite para mostrar-lhe sua filha recém-nascida.

 

Como o parto estava previsto para a semana seguinte e tudo tinha saído perfeitamente, seu anfitrião disse que Zé do Pedal tinha trazido sorte para sua família e, em sua homenagem, deu o nome de Josefina a sua filha.

 

Mas o aventureiro não planeja parar tão cedo e já tem um novo projeto em vista: percorrer o Brasil em 2011 de norte a sul empurrando uma cadeira de rodas durante um ano e por 9 mil quilômetros, para denunciar os problemas de acessibilidade para os deficientes físicos em seu país.

 

Castro explicou que teve a ideia depois de ver uma menina em uma cadeira de rodas que enfrentou problemas para entrar na catedral de León, na Espanha, e deduziu que se isso acontece em um país desenvolvido, a situação no Brasil deveria ser pior.

 

Já em 2014, Zé do Pedal pretende atravessar Estados Unidos, Japão e Austrália com o objetivo de recolher um milhão de óculos que serão destinados a pessoas com necessidades.
Álvaro Blanco.

 

Foto: (EFE)

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