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Bandeja da Orquestra Filarmônica é doada ao Museu Thiago de Castro
Você já ouviu falar de nomes como Murad Mussi Sobrinho, Rodolfo Costa Neto, Jonas M. Lehmkuhl e Belisário Ramos Neto? Provavelmente já, ao passar por alguma rua com estes nomes ou ouvindo histórias de Lages e seus ícones. Estas pessoas ilustres e outras fizeram parte de um dos períodos mais brilhantes da música clássica lageana.
Em 19 de dezembro de 1961, a Orquestra Filarmônica da Sociedade Musical Lageana realizava a quarta apresentação no Cine Teatro Tamoio. A regência era do Doutor Belisário Ramos Neto, e entre uma dezena de músicos estava a pianista Silvia Leni Marques.
Silvia começou a estudar aos sete anos de idade. Na Orquestra de Lages, tocou de 1959 a 1962, ano em que casou-se e despediu-se da cidade e de seus colegas para morar no Rio de Janeiro. Ela lembra que as apresentações eram nos Cines Tamoio e Marajoara e uma delas foi realizada na Praça Joca Neves.
Para marcar sua passagem pela Orquestra, seus pares musicais, liderados pelo maestro Belisário Ramos Neto, presentearam Silvia com uma bandeja de prata com seu nome em destaque e, abaixo, a lista completa dos músicos que formavam a Orquestra: Murad Mussi Sobrinho, Ary Girardi, José Krebs Filho, Gilberto Duarte, Eraldo J. Krebs, Sady M. Graebin, Flávio Regianini, Osvaldo Schwinden, Joaquim Melim Filho, Antonio H. Amaral, Manoel P. de Oliveira, Richard Wiehn, Alberto Blackemburg, Henrique F. de Carvalho, Neudi Amorim, Rodolfo Costa Neto, João de Noronha, José Arouca Filho, Alda Córdova, Jonas M. Lehmkuhl, Valdir Patrício e Nelson Rodrigues. A regência foi de Belisário Ramos Neto com a apresentação de Evaldo Henkemaier.
A bandeja que leva o nome de Silvia foi doada ao Museu Histórico Thiago de Castro e entrou em exposição no último dia da Semana de Museus. Na sexta-feira (17 de maio), após a visita técnica ao acervo documental do MHTC, convidados puderam ver mais esse capítulo da rica história musical de Lages.
Segundo o superintendente da FCL, Giba Ronconi, o gesto de dona Silvia é uma forma de agradecimento e valorização da cultura lageana através da arte. “Nossa história também foi e é formada através da música, e o item doado vai mostrar um pouco desses capítulos para a nossa comunidade”, ressalta.
Um militar no oboé
Jonas Melo Lehmkuhl (80 anos) é militar da reserva, passou por Três Corações (MG), onde foi instrutor na Escola de Sargentos das Armas (ESA) e Aquidauana (MS), e nos anos de 1970 foi nomeado pelo presidente Emílio Garrastazu Médici para ser instrutor na Escola das Américas, no Panamá. Depois voltou ao Brasil até se aposentar.
Jonas lembra que sua história na música começou no 1º Batalhão Ferroviário, em 1957, tocando clarinete, incentivado pelo tenente Noronha na banda do exército. Em 1958 foi chamado pelo maestro Belisário Ramos Neto para assumir o oboé.
“Os ensaios eram duas ou três vezes por semana na casa do Doutor Belisário, lá ele começava a nos doutrinar. Na nossa quarta apresentação, em 1961, a do dia 19 de dezembro, fui o responsável por fazer o solo na peça Nabucodonosor, de Giuseppe Verdi”, lembra.
Jonas tem seu oboé guardado na mesma caixa de quando foi comprado, há 60 anos. Ele já não consegue mais tocar o instrumento, mas lembra com carinho da sua performance ao fazer o solo. “Uma linda música, mas muito difícil, foi uma responsabilidade enorme executar tão bela e complexa composição. Os aplausos eram o melhor retorno que nós poderíamos ter, e isso era apreciado por todos nós”, conclui.
Fonte: Fundação Cultural de Lages