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Bancos não cumprem lei do tempo de espera

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Na terça-feira (13) o vendedor autônomo Herbert Zart esperou 46 minutos para ser atendido em um banco no Centro de Lages - Foto: Núbia Garcia

A lei municipal que estabelece o tempo máximo de espera para atendimento em agências bancárias de Lages completa 10 anos em 2019. Apesar do longo período de vigência, ainda há inúmeras reclamações sobre o descumprimento da determinação.

Pela Lei, o tempo de espera deve ser de até 15 minutos em dias normais; e até 30 minutos em véspera ou em dia imediatamente seguinte a feriados, em data de vencimento de tributos e em data de pagamento a servidores públicos.

Na última terça-feira (13), o vendedor autônomo Herbert Zart precisou usar os serviços de um banco no Centro da cidade. Ele esperou por 46 minutos (três vezes o tempo permitido para dias normais) até que fosse atendido. Para Zart, é necessário haver mais fiscalização dos órgãos responsáveis, bem como penas mais severas.

Pela lei, as agências bancárias de Lages devem colocar à disposição dos usuários profissionais em quantidade suficiente para que o atendimento nos caixas aconteça em tempo razoável. O descumprimento comprovado é punido com advertência; multa por usuário prejudicado – dobrada a cada reincidência, até a quarta; e suspensão do alvará de funcionamento até que o órgão fiscalizador receba, por escrito, dados comprobatórios de que o número de funcionários atendendo nos caixas tenha sido reajustado para sanar a demora no atendimento.

Na contramão da lei, na última década o número de funcionários que compõem a base do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Lages e Região caiu de 1,2 mil para cerca de 400. Somente em Lages são 15 agências, com 250 bancários. A informação é do presidente da entidade, Renato Dambroz, que destaca a falta de funcionários como um dos principais pontos que culminam no longo tempo de espera pelos clientes.

Dambroz lista situações como a incorporação de bancos (BB e Besc / Santander e Real / Bradesco e HSBC), a automatização dos serviços (que visa a ampliar o autoatendimento) e a as condições de trabalho (que provocam o adoecimento dos funcionários) como fatores que também contribuem para a sobrecarga de serviço nas agências bancárias e, consequentemente, o aumento no tempo de espera.

Segundo ele, o plano de demissão incentivada ou voluntária, lançado por bancos como Itaú, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, também impactará no atendimento ao público. A estimativa do sindicato é de que o plano atinja cerca de 10% dos bancários de Lages.

“Tem agências com dois ou três funcionários afastados por doença ocupacional. Antigamente eles eram afastados por LER ou Dort, mas hoje em dia o que mais pega é o estresse, porque as pessoas acabam não tendo estrutura psicológica para aguentar tanta pressão”, comenta.

Denúncias

Dambroz incentiva que os clientes que se sentem lesados devem procurar órgãos como o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e o Ministério Público e efetivar denúncias. Para tal, é necessário apresentar o comprovante do horário de entrada (senha) e horário de atendimento (canhoto do boleto pago, por exemplo).

O presidente ressalta que o Sindicato sente pela falta de qualidade no atendimento à população, mas lembra que os bancários também são vítimas das circunstâncias. “Nosso bancário, infelizmente, é mais uma vítima da falta de funcionários. Ele sofre a sobrecarga e ainda é xingado, mas não tem o que fazer. Denunciar ajuda o bancário, porque vai forçar o banco a tomar uma atitude e resolver a situação”.

Procon não tem fiscais

O diretor executivo do Procon Lages, Julio Borba, explica que o órgão está sem servidores para executar a fiscalização do cumprimento ou descumprimento das leis. Por isso, orienta que os consumidores que se sentirem lesados procurem o órgão, munidos dos comprovantes necessários, e formalizem suas denúncias.

“Como não temos equipe disponível pra fazer fiscalização, o consumidor tem que se dirigir até o Procon e solicitar a aplicação de multa. Este consumidor tem que pegar a senha e também o comprovante do horário que ele foi atendido e apresentar pra gente fazer a notificação ou multa pro banco”, explica.

Segundo Borba, ainda não há uma data determinada, mas a prefeitura fará um concurso para preencher as duas vagas referentes ao setor de fiscalização. O Procon Lages funciona das 12 horas às 18 horas. A entrega de senhas se encerra às 17 horas.

A reportagem do Correio Lageano contatou a assessoria de imprensa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban – entidade patronal) para saber se há algum planejamento para resolver o problema da falta de pessoal e consequente longo tempo de espera.

Apesar de o questionamento ser sobre o cumprimento do tempo de espera, a assessoria respondeu com um informativo sobre os investimentos que os associados Febraban estão fazendo em tecnologia, para atendimentos via mobile banking (aplicativos bancários em celular) e internet banking.

De acordo com a nota, “os esforços dos bancos se estendem também a melhorias de eficiência no atendimento das agências bancárias, bem como dos PABs (postos de atendimento bancários) e PAEs (postos de atendimento eletrônico)”.

1 Comentário

1 Comentário

  1. Andre luis goulart

    19/08/2019 at 11:48

    Tem banco que esta fazendo a senha a caneta deve ser p nao ter comprovante do tempo de espera

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