Alimentos poderão ter menos açúcar

Iogurtes, achocolatados, sucos em caixinha, refrigerantes, bolos e biscoitos industrializados poderão ter menos açúcar no Brasil. Até o final do mês, o Ministério da Saúde e a indústria alimentícia devem assinar acordo para reduzir o nível do ingrediente nesses produtos.

O anúncio foi realizado na segunda-feira (1), pelo ministro Gilberto Occhi, durante o lançamento da pesquisa ELSI-Brasil – Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros.

A pediatra e oncologista pediátrica Maria Cristina Martins explica que o açúcar já é considerado um dos principais vilões da saúde, sendo responsável por muitas doenças crônicas, como diabetes, obesidade, dislipidemia e, inclusive, tem relação com o aparecimento de alguns tipos de câncer. “Essas doenças que eram quase exclusivas de adultos, têm acontecido cada vez mais em crianças”, alerta.

Para ela, que realizou uma pesquisa e notou a quantidade excessiva de obesidade e sobrepeso nas crianças e adolescentes de Lages e tem a intenção de fazer com que esse público saia dessa condição, o controle do consumo de alimentos açucarados seria essencial para combate a essas doenças. No caso das crianças, principalmente, com o corpo ainda em formação, é mais prejudicial. “Imagine que somos, quando adultos, o resultado de como tratamos o nosso corpo desde a concepção. Quanto mais nos cuidamos e respeitamos nosso corpo, melhor iremos envelhecer”, acrescenta.

A médica ainda ressalta a lei que impede a venda de certos alimentos, mas que não é cumprida em sua maioria. O açúcar não tem nenhuma utilidade, é um alimento cheio de calorias e sem nutrientes. Já existem estudos que mostram que o açúcar é consumido excessivamente por mais de 80% das crianças.

Um exemplo de substituição, segundo Maria Cristina, são as frutas, que tem açúcar, mas possuem bons nutrientes, diferentemente da bala ou do pirulito. “Outra coisa que considero importante é que o exemplo é tudo. Se os pais não comprassem e não comessem, estaria tudo resolvido.” A médica ainda ressalta que o alimento tem efeito de causar dependência e quanto mais consumido, mais se sente a falta do mesmo e, assim, come-se mais.

Em 2017, acordo entre o Ministério da Saúde e as indústrias garantiu a redução do sódio em pães, bisnaguinhas e massas instantâneas. Depois da redução do açúcar, os níveis de gorduras trans dos alimentos industrializados poderão ser os próximos a serem reduzidos. Occhi afirmou que vai se reunir nos próximos dias com representantes do setor para debater o assunto.