Economia e Negócios

Além das implicações na saúde, coronavírus afeta questões comerciais

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A comerciante Lai Ping abastece seu comércio com produto da China adquiridos em São Paulo  - Foto: Bega Godóy

A disseminação do coronavírus, na China, principal parceiro comercial do Brasil, disparou um alerta ao mundo. A velocidade com que a infecção se espalha pode refletir, além das questões de saúde, nas relações comerciais com a país asiático. Esse reflexo pode ser percebido tanto negativa como positivamente, uma vez que a China aparece como segunda maior economia do mundo.

Em Lages, alguns setores que mantêm relação comercial com a China ainda não puxaram o freio-de-mão, a exemplo das lojas de bijuterias e presentes espalhadas pela cidade. Na My Bijuterias, no Centro, os estoques estão chegando de acordo com a programação e as vendas não foram afetadas.

“Compramos as mercadorias de São Paulo e não sentimos falta de produtos”, contou a comerciante Lai Ping. A mãe dela mora em Hong Kong e o cenário é de cuidado extremo com a higiene pessoal.

“Todos usam máscaras”, explica ela ao destacar que a utilização do objeto é bem comum na China por causa da poluição, mas que com o novo vírus a preocupação e os cuidados aumentaram. 

Além disso, ela acredita que caso essa situação seja duradoura e as medidas de contenção do vírus não surtam o efeito desejado, o aumento do valor dos produtos importados da China seria o primeiro impacto sentido economicamente, sobretudo porque o país ocupa o posto não só de maior importador, mas também maior vendedor de itens para o Brasil, como aparelhos eletrônicos, máquinas e roupas, à frente dos Estados Unidos.

Se Lai Ping não observou prejuízo no seu negócio com o coronavírus surgido no país chinês, o desportista e empresário de Lages Gustavo Gugelmin teve de adiar uma visita para conhecer novos fornecedores, principalmente em feiras programadas para este ano. Ele tem uma empresa de importação de produtos para veículos 4 x 4.

“Enquanto não tiver uma solução para esse vírus, certamente não viajo”, disse. Por receio de contaminação, o piloto também desistiu de participar de uma prova na Rússia, marcada para a semana que vem. “O problema é o avião. Você não sabe quem está viajando nele. É um potencial contaminador”, argumenta.

Relação comercial

Cerca de 30% do que o Brasil exporta vai para a China. Por outro lado, o país importa aproximadamente 20% do território chinês. O principal exportador brasileiro é o Rio de Janeiro, conforme Relatório de Relações Comerciais – China, produzido pelo Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN) e Sistema Fiec.

Segundo o economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, apesar da redução da atividade econômica na China, não é possível esperar, no momento, um impacto nas exportações brasileiras.

Já as importações poderão sofrer impacto, porque a liberação de produtos em portos e aeroportos poderá ficar mais cara. “Todos os critérios de vigilância vão ser cobrados. Isso pode encarecer as transações ou o preço final”, diz.

No cenário de curto prazo, o que está acontecendo é apenas uma fuga de investidores do cenário de incerteza. “Eles optam por comprar moedas fortes e vender ações especialmente de empresas com mais transações com a China”, explica.

Perspectivas de investimentos

Enquanto isso, os operadores apontam empresas que podem gerar vendas a partir de esforços para conter a disseminação do coronavírus como perspectiva de investimento.

As ações da produtora de máscaras sul-coreana Monalisa subiram 29%, enquanto as farmacêuticas sul-coreanas Kukje Pharma e Woojung Bio saltaram de 29% e 21%, respectivamente, nesta semana.

A japonesa Kawamoto, que fornece produtos médicos, incluindo máscaras, triplicou os preços das ações, enquanto a fabricante japonesa de roupas de proteção Azearth disparou 53% na última semana.

Mesmo que Santa Catarina não tenha casos confirmados e nem suspeitos, o aumento na procura por máscaras e álcool gel já foi notada. A auxiliar de estoque da Farmácia Catarinense, de Lages, Sabrina Gardini afirma que as máscaras foram as mais vendidas. Ela acredita que o estoque irá atender à demanda. 

Já a farmacêutica gestora do Sesi, também de Lages, Dhiana Pucci observou comportamentos diferentes. Ela acredita que pelo fato de Santa Catarina não ter registro de casos, as pessoas ainda não estão procurando estes tipos de produtos. Mas garante que se caso perceber maior interesse vai se preparar para suprir os pedidos dos clientes.

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