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Aeronave do Governo faz transporte de órgãos em Lages
A equipe formada pelo médico Mário Igreja, a residente Taila Michele e o soldado da Coordenadoria de Transporte Aéreo (Cotae), da Casa Militar, chegou na manhã de ontem em Lages. A missão era captar órgãos para serem transplantados em pacientes que aguardavam em outras cidades catarinenses. Os procedimentos foram realizados no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres.
Os rins e um globo ocular foram doados por paciente que teve Acidente Vascular Cerebral (AVC). A captação demorou cerca de quatro horas, tempo considerado normal e que não inviabiliza o transplante. Outros órgãos, a exemplo do coração exigem procedimentos mais rápidos. Porém, o problema não é o tempo que se leva para fazer a captação, mas o tempo do transporte até chegar ao receptor. Uma doação de uma pessoa pode salvar até sete vidas.
O coordenador da comissão hospitalar de transporte de órgãos do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres (HNSP), Ricardo Gargioni, explica que pessoas de zero a 85 anos podem ser doadores, desde que não tenham doenças graves e a família autorize a doação. A doação só é contra-indicada após os 85 anos, porque em tese, algum órgão pode se tornar inviável, pois uma pessoa dessa idade não conseguiria doar, por exemplo um coração, pois as lesões são comuns e não traria benefício ao transplantado.
“Quando acontece uma morte encefálica, a comissão é notificada e aborda à família”, explica ao recomendar que a pessoa que tenha vontade de fazer doação comunique à família. A possibilidade da família atender o desejo do falecido é bem maior”, argumenta.
Logística é da SC Transplante
Para fazer a logística das captações e recepções, existe o SC Transplante, do Governo do Estado, em Florianópolis. Cuja função é determinar para onde vai o órgão, contudo sempre obedecendo um lista de espera e observando prioridades. “Nós só fazemos a captação não transplantamos”. alerta o médico de Lages.
O major BM, George de Vargas Ferreira, é o coordenador de transporte da Casa Militar e explica que existe a cooperação técnica entre a Secretaria de Estado de Saúde e a Secretaria de Estado da Casa Civil para o apoio ao SC Transplante. Este ano já foram transportados dois corações, nove rins, dois fígados e três linfonodos.
Rejeição
A abordagem à família após constatada a morte cerebral do parente, para possível doação, ainda é um momento difícil. De acordo com o médico, Ricardo Gargioni, a rejeição passa por crenças populares. Há temor que mexam no corpo, que haja desfiguração, mutilação e velório com caixão fechado, nada disso procede. “O velório pode ser feito com o tempo necessário e o sepultamento também. As pessoas poderão se despedir do seu ente querido”, garante.