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Academias da Terceira Idade precisam de manutenção
Enferrujadas, com mato ao redor, sem manutenção, sem instrutor e com baixa utilização. Esse é o estado atual das Academias da Terceira Idade (ATI), em Lages. O Correio Lageano percorreu sete bairros da cidade, Ferrovia, Popular, Várzea, Habitação, Caça e tiro, Vila Nova, Guadalupe e Pró-Morar, para ver de perto a situação das academias, ouviu os moradores e a conclusão foi unânime, precisa de manutenção, tanto dos equipamentos, quanto do local.
Além de estarem expostos a intempéries e desgastadas devido ao uso, a maioria dos equipamentos são destruídos por conta do vandalismo. O morador do Bairro Vila Nova, Jocelito Ramos, de 49 anos, que trabalha em frente a academia, conta que o estado dos aparelhos está precário.
“As vezes eu vejo alguns idosos utilizando a academia, embora os equipamentos estejam quebrados e enferrujados. Os adolescentes quebram, fazem vandalismo, também não colaboram”, relata.
O secretário de Meio Ambiente e Serviços Públicos, Delfes Rodrigues, explica que os pedidos para a manutenção dos locais públicos são feitos por meio dos presidentes de bairros.
“O presidente de cada bairro deve analisar a situação e nos pedir a manutenção. Às vezes os próprios moradores pedem. Após isso, vamos até o bairro e fazemos a reforma necessária, como, cortar a grama, pintura e reposição de peças”, explica.
Instaladas perto de parques de diversão ou Unidades Básicas de Saúde (UBS), são mais de 40 academias por toda a cidade, segundo Delfes, a demanda é muito grande comparada a quantidade de funcionários responsáveis pela manutenção.
“Não temos efetivo suficiente para fazer a manutenção como deveria. Ao total são 148 academias e parques, mas todos os pedidos que chegam aqui, nós damos atenção, para que sejam atendidos.”
A licitação para a reposição de materiais nos bairros está programada para 2020. Conforme Delfes, o orçamento para este ano já ultrapassou o limite.
Quem se exercita não é orientado
Com o objetivo de incentivar a população a se exercitar, de forma gratuita e ao ar livre, as academias foram implantadas nos bairros a partir de 2007. Nos primeiros anos, havia profissionais de educação física para auxiliar a população nos exercícios, principalmente os grupos de idosos.
Atualmente, além do estado de calamidade das academias, não há mais instrutores. A moradora do Bairro Habitação, Jocelaine Carvalho da Silva, de 29 anos, comenta que a academia era bastante movimentada quando havia instrutores.
“Logo que a academia foi instalada aqui, havia professores que nos auxiliavam, juntamente com o grupo de idosos. Hoje quase ninguém frequenta para se exercitar, pois deveria ter pessoas para nos instruir”, comenta.
Segundo informação da Prefeitura de Lages, havia uma parceria da prefeitura com as faculdades de Lages, para que os estagiários de Educação Física atuassem como instrutores.
Após alguns meses, o Conselho Regional de Educação Física proibiu a prática e passou a exigir professores já formados e devidamente credenciados, o que consequentemente elevaria o custo para o município. Conforme a assessoria de imprensa da prefeitura, a curto prazo, não há expectativa de reativar o serviço.
Parceria permitia a contratação de profissionais
Em contraponto, o profissional que coordenou as ATIs entre 2010 e 2012, Cleonir Costa, lembra que cada uma das 42 unidades tinha um instrutor. Segundo ele, eram profissionais formados, com quatro ou cinco estudantes de Educação Física, como estagiários. “Fazíamos formação mensal com os instrutores, e os estagiários eram supervisionados”, recorda.
Para a contratação dos profissionais foi firmada uma parceria entre Secretaria de Educação e Fundação Municipal de Esportes (FME). Em um mês chegaram a ter a participação de 170 pessoas nas academias espalhadas pela cidade.
Segundo ele, a participação era boa, as pessoas criaram o hábito da atividade física, e o vínculo com o instrutor”. Quando mudou a administração pública, e assumiu o prefeito Elizeu Mattos (MDB), o projeto foi entregue aos responsáveis.
Origem foi no Paraná
Trazida da cidade de Maringá, no estado do Paraná, a ideia das Academias da Terceira Idade em Santa Catarina foi implantada de forma pioneira em Lages. A ação teve a premissa de aumentar a qualidade de vida através de exercícios orientados por profissionais de educação física.
O projeto era executado em Lages pela Fundação Municipal de Esportes. Até junho de 2010 eram trinta e duas unidades já instaladas e atendiam a um número superior a cem visitas dia, cada uma. Os dados históricos confirmam que a procura era intensa.
Naquele ano, a Fundação Municipal de Esportes possuía um cadastro de mais de oito mil pessoas de todas as idades e todas as comunidades de Lages. Eram pessoas que recebiam a atenção de professores de educação física, especialmente treinados para a execução de exercícios de acordo com as necessidades de cada um. O objetivo final da Fundação de Esportes é o de instalar pelo menos uma academia em cada bairro.