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90% dos casos de suicídio podem ser evitados

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Entre janeiro e março de 2019, a Delegacia da Polícia Civil de Lages registrou 10 casos de suicídio no município. O número, apesar de ser menor em comparação ao primeiro trimestre de 2018, quando foram registrados 17 casos, chama a atenção e alerta para a necessidade de debater sobre o tema.

Por muitos anos, falar em suicídio era considerado um tabu e havia a falsa sensação de que, sem tocar no assunto, os casos diminuiriam. Porém, ao longo dos últimos anos, autoridades em saúde têm desmistificado este mito e incentivado o debate sobre o assunto. De acordo com a coordenadora do curso de Psicologia da Uniplac, a psicóloga Vivian de Fátima Oliveira, falar sobre suicídio e oferecer ajuda para quem demonstra sinais pode ser o caminho para a diminuição dos casos, uma vez que a maioria deste tipo de óbito pode ser prevenida.

“Há evidências de que 90% dos casos de suicídio podem ser evitados se as pessoas com ideação suicida receberem algum tipo de ajuda. O tema ainda é um tabu e antigamente pensava-se que falar em suicídio poderia induzir uma pessoa com predisposição a cometer tal ato. Entretanto, a cada ano cresce acentuadamente a taxa de suicídios, por isso, existem muitas campanhas de prevenção”, comenta.

Vivian acredita que para mudar essa visão é preciso conscientizar as pessoas sobre a eficácia da prevenção. Para ela, o trabalho de conscientização deve envolver toda a comunidade, desde profissionais de base da saúde (como agentes comunitárias, que têm contato direto com as famílias), até instituições educacionais e a própria imprensa. “Um dos focos para a conscientização são as escolas e as universidades, pois tirar a própria vida está entre as principais causas de mortes entre pessoas que têm entre 15 e 29 anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de mortes autoprovocadas é significativamente maior que aquelas causadas por homicídio, são 800 mil por ano contra 470 mil”, exemplifica.

Para Vivian, não é possível generalizar e traçar um perfil único sobre quem comente suicídio. “Considero ser um fenômeno em que encontramos respostas além do âmbito psicológico, no aspecto social”, completa.

Senado aprova Política Nacional de Prevenção

O Senado divulgou, na quarta-feira passada (3), que a Comissão de Assuntos Sociais aprovou o Projeto de Lei 1.902/2019, que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, que será implementada pela União em cooperação com os estados, o Distrito Federal e os municípios. A proposta estabelece medidas como o atendimento telefônico gratuito e notificações compulsórias desses casos e torna obrigatório o atendimento pelos planos e seguros de saúde.

De acordo com o jornal O Globo, uma portaria do Ministério da Saúde já previa a obrigatoriedade da notificação nestes casos, mas o entendimento do governo é de que a legislação vai aprimorar os registros e, consequentemente, a formulação de políticas públicas.

Mitos sobre suicídio

MITO: O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio.

VERDADE: Os suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção. Após o tratamento da doença, o desejo de se matar desaparece.

MITO: Quando uma pessoa pensa em se suicidar, terá risco de suicídio para o resto da vida.

VERDADE: O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.

MITO: As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.

VERDADE: A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores, frequentemente aos profissionais de saúde, seu desejo de se matar.

MITO: Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.

VERDADE: Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.

MITO: É proibido que a mídia aborde o tema suicídio.

VERDADE: A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isto não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda, etc.

Fonte: cvv.org.br

Centro de Valorização da Vida

O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip, 24 horas por dia, todos os dias.

O CVV pode ser acionado pelo número 188. As ligações são gratuitas e podem ser feitas a partir de qualquer linha telefônica (fixa ou celular). Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.

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