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Vítima de ex-marido pode perder movimento do braço
Em casa, há dez dias, Célia de Oliveira, de 44 anos, está se recuperando dos três tiros que levou do seu ex-marido, no começo deste mês, dentro de ônibus da Transul. Dez quilos mais magra e com fala ofegante, ela passou por duas cirurgias, caminha com dificuldades, não sente dores, porém corre o risco de perder o movimento do braço direito.
Já o denunciado, Claudecir Kuster Soares, vai responder por tentativa de homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, crime de comum perigo – expôs as pessoas no ônibus – e por tentativa de feminicídio). Ele está na enfermaria do Presídio Masculino de Lages, no Bairro Santa Clara, desde a última terça-feira (23).
Os tiros atingiram a mulher no abdômen, perfurando o pulmão, o pâncreas, os intestinos e um dos rins, ombro e cotovelo direito. Ela faz curativos duas vezes por dia e precisa da ajuda para fazer tarefas simples, como tomar banho e se alimentar.
Isso porque perdeu o movimento da mão dominante e por conta disso pode ficar com sequelas permanentes. Um dos tiros, disparados por um revólver calibre 32, atingiu o cotovelo e “queimou” um nervo importante.
Célia disse que não perdoa o ex-marido. Para ela, o que ele fez é covardia. “Nunca respeitou a medida protetiva e sempre me ameaçava, me seguia e ia até no meu trabalho”, explica a mulher que ficou dez dias no UTI .
A última medida protetiva concedida por 90 dias, determinava a distância de 500 metros, e estava para ser renovada. Célia iria ter nova concessão cinco dias depois do crime, que aconteceu dia 4 de outubro.
Afastada da casa de semiliberdade, na Rua Humberto de Campos em Lages, onde trabalha, esperando a primeira perícia, ela sequer recebeu o primeiro pagamento do auxílio-doença. “Preciso arrumar coragem para resolver compromissos que assumi no comércio e até voltar ao dentista”, afirma ela, que conta com o carinho dos filhos, Larissa de 15 anos e Alisson de 22, frutos do casamento que durou 16 anos com Claudecir, do qual estava sete anos separada.
Claudecir também ficou hospitalizado, pois deu um tiro na sua própria cabeça. Segundo seu advogado, Regis Ricardo da Silva Scweitzer, a prisão preventiva de Claudecir foi decretada e ele vai esperar preso a manifestação da justiça. Questionado se o acusado fez exame de sanidade mental, o advogado não adiantou nada e nem tampouco falou da estratégia da defesa.
Relembre o caso
O crime aconteceu no começo deste mês, no interior do ônibus da Transul (linha Bairro Penha/Centro de Lages). Claudecir Kuster Soares entrou no ônibus, num ponto próximo ao que ela havia embarcado e, minutos depois, disparou três vezes contra Célia.
Depois atirou na própria cabeça. Claudecir precisou ser entubado, ficando sob custódia do Departamento de Administração Prisional (Deap). O auto de prisão em flagrante foi decretado por tentativa de feminicídio.