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Usinas na Serra são de baixo risco de rompimento
Com o que aconteceu há quase dez dias em Brumadinho (MG), quem mora perto de barragens não consegue deixar de se preocupar com a segurança. Mesmo que hajam garantias de que um crime como esse não vá acontecer, o receio é grande. Na Serra Catarinense, são quatro usinas hidrelétricas, a Barra Grande em Anita Garibaldi, a Garibaldi que passa por Cerro Negro; a Campos Novos entre Celso Ramos e Campos Novos e a Caveiras, em Lages. Além das Pequenas Centrais Hidrelétricas, que passam por diversos municípios da Serra.
De acordo com uma lista divulgada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e Governo Federal, em todo o país, serão mais de 3,3 mil barragens inspecionadas. Destas, 44 estão em Santa Catarina. Entre elas estão a do Salto Caveiras, em Lages, a Campos Novos, que fica entre os municípios de Anita Garibaldi, Celso Ramos, Campos Novos e Abdon Batista.
Na barragem do Salto Caveiras, a ANA divide a barragem em três pontos. Na questão de risco de rompimento, é considerado baixo em dois deles e em um, não foi classificado. Já o potencial de dano, refere-se ao que pode acontecer em caso de rompimento ou mau funcionamento de uma barragem – ele leva em conta as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais, é demarcado como alto em um, baixo em outro e não classificado no terceiro.
As outras usinas da região, como a Barra Grande, Campos Novos e a Garibaldi, tem a mesma classificação: alto potencial de dano e baixo risco de rompimento.
Das 44 barragens em Santa Catarina, 37 são hidrelétricas e outras sete de contenção de rejeitos de mineração. 40 são de baixo risco; 3 de médio risco e uma de alto risco de rompimento. A de alto risco está localizada na cidade de Lauro Müller e em nota, a empresa responsável, informou que a barragem encontra-se em processo de desativação, com apenas 4,5% da área original em operação.
Qual a diferença de barragens de rejeitos e hidrelétrica?
As barragens de rejeitos acumulam resíduos sólidos e água resultantes de processos de extração de minérios e o armazenamento desses rejeitos é necessário a fim de evitar danos ambientais. As hidrelétricas são instalações que transformam a energia potencial hidráulica em energia elétrica. Para que isso aconteça, é necessário que exista um desnível hidráulico natural, ou criado por uma barragem, para captação e condução da água à turbina. O reservatório é formado pelo represamento das águas do rio, por meio da construção de uma barragem. Diferente da barragem de resíduo de minério, a da hidrelétrica, é essencial para o funcionamento do empreendimento. Caso algum problema ocorra, o sistema não funciona. Já a de rejeito de minério, é usada como forma de armazenar os “restos” da mineração, que não são utilizados no processo de transformação dos materiais explorados.
Empresas de manifestam
Em nota, a CTG Brasil, que é proprietária da Usina Garibaldi, destacou que “a empresa conta com equipes de Segurança, Operação e Manutenção altamente especializadas e qualificadas, e processos internos criteriosos e consolidados, abrangendo desde o monitoramento geotécnico regular das barragens até rigorosos controles de manutenções preventivas. Todas as atividades e processos da CTG Brasil têm como base a legislação e regulação do setor elétrico, que determina um conjunto de normas e procedimentos que têm sempre como objetivo garantir a segurança das usinas e barragens, dos reservatórios, das comunidades e da operação e geração de energia para o País. Além disso, a empresa realiza um intenso e permanente trabalho de controle e monitoramento das condições de segurança de suas barragens”.
Já a Baesa, que administra a Usina Barra Grande em Anita Garibaldi, Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Capão Alto e Lages e a Enercan, que é responsável pela Usina Campos Novos, que na Serra abrange Anita Garibaldi, publicaram em seus sites a mesma nota de esclarecimento, já que as empresas são comandadas por um grupo de acionistas muito semelhante. O texto declara que “a Usina Hidrelétrica Barra Grande e a Usina Campos Novos, encontram-se em total conformidade com a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), que determina o monitoramento e a avaliação das condições das barragens e estruturas civis associadas aos seus empreendimentos, inclusive com acompanhamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
As barragens e demais estruturas civis foram construídas dentro das mais modernas técnicas de engenharia e estão em plena condição de operar com segurança, não havendo qualquer anormalidade que comprometa a integridade e a funcionalidade da Usina. Essas estruturas são constantemente monitoradas por mais de 100 instrumentos implantados desde a construção da obra, projetados para identificar qualquer mudança de comportamento”.
Monitoramento 24 horas
O diretor de Geração, Transmissão e Novos Negócios da Celesc, que administra a Usina Caveiras, Pablo Cupani, ressalta que as barragens de Brumadinho e barragens de hidrelétricas, tem características construtivas diferenciadas. Ele acrescenta que a empresa segue as diretrizes dos órgãos reguladores e encaminham laudos anualmente para a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Nestes documentos, é possível confirmar que todas as usinas da empresa estão dentro das normalidades exigidas. Nas usinas de alto risco, a empresa oferece planos de emergência e segurança. Entretanto, este não é o caso da usina do Caveiras, que é de baixo risco de rompimento. Pablo acrescenta que a Celesc possui monitoramento 24 horas sobre a situação das suas barragens.