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Transferência da central de regulação pode prejudicar pacientes da Serra
Há anos, a falta de leitos nos hospitais é um problema sério em todo o Brasil e, na Serra Catarinense, pode ter se agravado com a transferência da Central de Regulação de Internações Hospitalares para Joaçaba.
A mudança ocorreu no dia 24 e, desde então, quando um hospital precisar de um leito terá que, por conta própria, verificar a disponibilidade em outras unidades. A central de regulação somente será acionada quando não houver vagas e o paciente precisar ser transferido para outras regiões do estado.
Essa situação é considerada um retrocesso, permitindo inclusive o favorecimento de pacientes, já que o critério para o uso do leito será do médico e não da central de regulação. Para tentar reverter essa mudança, representantes dos hospitais de Lages, Correia Pinto, Otacílio Costa e São Joaquim, além do secretário-executivo da Amures, Walter Manfrói e o vereador Jean Pierre participaram de uma reunião na manhã de ontem na UPA.
Durante o encontro, definiu-se que ainda na sexta-feira (27), seria enviada uma notificação à Secretaria de Estado da Saúde e para o governador de Santa Catarina pedindo para que a central de regulação volte para Lages.
Implantada em 2014, em Lages, a Central de Regulação de Internações Hospitalares (CIRH) da Serra Catarinense foi transferida integralmente para a 7ª Regional de Saúde em Joaçaba. Através do Sistema Nacional de regulação (SISREG), ela passou a gerenciar os leitos especializados e as filas de cirurgias eletivas e de urgência dos 14 hospitais da região serrana que prestam serviço ao SUS.
A central de internações hospitalares da Serra funcionava 24 horas, todos os dias da semana, regulando as internações hospitalares de 752 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) instalados em 14 hospitais que atendem os 350 mil habitantes dos 18 municípios serranos.
As centrais de regulação concentram as informações relacionadas às internações, evitando a ociosidade de leitos. O sistema também garante que os hospitais recebam o pagamento do SUS por paciente internado. Isso porque todas as Autorizações de Internação Hospitalares serão geridas pela central.
Coordenadora diz que mudança é retrocesso
Para a coordenadora da Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), Andreia Costa de Souza, a Serra Catarinense está sendo prejudicada com essa mudança. Ela acrescenta que a regulação permite a organização, a avaliação, o gerenciamento e o controle dos serviços de saúde disponíveis, subsidiando o planejamento de ações e dando mais transparência na gestão da saúde.
Em Lages, eram oito médicos reguladores, agora com a mudança para o Meio Oeste esse número caiu para seis, o que gerou ainda mais dificuldades para a região serrana. Os profissionais têm a tarefa de verificar o quadro clínico relacionado para cada solicitação de internação e localizar, dentro da oferta de serviços disponíveis, o hospital mais adequado às necessidades do paciente.
Para Walter Manfrói, da Amures, Joaçaba não tem estrutura para atender toda a demanda. “Essa mudança está gerando um caos ao atendimento dos pacientes em Lages e região, deixando as pessoas ao risco de óbito. Nossa prioridade é o paciente”, afirma ele, se referindo que em Joaçaba são apenas seis funcionários quando em Lages eram oito médicos reguladores.
Problema é dos hospitais
O ofício enviado aos hospitais deixa claro que durante o processo de busca de leitos, os pacientes precisam aguardar nos hospitais ou na UPA. Ou seja, mesmo sem espaço as entidades terão que manter as pessoas até a transferência para onde serão efetivamente tratadas.
O ofício diz também que as solicitações (feitas à Central de Regulação) não serão aprovadas em tempo real, pois “o quadro está incompleto de médico regulador até nova contratação”